03 • Doces memórias

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Me sentia estranha há quatro dias. Estava com a sensação de que o mundo inteiro tinha a atenção em mim, observava os meus passos, acompanhava a minha rotina... Era angustiante. E isso surgiu depois de receber uma ligação da minha mãe, que, nervosa, me contou com detalhes a atrocidade que havia acontecido no Brasil. Taehyung, no auge da sua loucura, invadiu a casa dos meus pais em busca da informação sobre a minha localização e quase matou a minha tia de susto ao insinuar que executaria os meus primos. Nós duas realmente tivemos um problema sério até minutos antes de eu deixar o país no passado, porém o falecimento da minha terrível tia, obviamente, nunca foi o meu desejo.

E após descobrirem o que aconteceu, os meus pais romperam a relação com ela e a família estava oficialmente rachada. Se isso era bom ou ruim? Não sei. Eu sequer tive tempo e condições de refletir sobre o assunto. Saber que o meu ex-namorado estava na cidade e à minha procura era desconcertante o suficiente para me fazer desfocar de qualquer outro tipo de pensamento. Eu acreditava que Taehyung já havia conseguido me encontrar e que agora me observava para definir o momento certo de aparecer. Ele tinha uma equipe gigante e competente que provavelmente me achou já no primeiro dia em Verona. Mas eu não iria embora. Decidi construir a minha vida aqui e será nessa cidade que ficarei até quando achar necessário. Não vou mudar de lugar por causa do Kim. Eu não tenho medo de nenhuma das suas faces.

Era segunda-feira e eu caminhava preguiçosamente pelas ruas de Verona, seguindo o percurso que me levava para o meu trabalho: uma emissora de televisão que estava começando a fazer nome por aqui. Depois de muitas entrevistas e aulas online e gratuitas de italiano, consegui um estágio no setor que cuidava de atualizar o site da empresa com as notícias. Era um trabalho muito bom, exceto pela parte que me obrigava a chegar mais cedo apenas pelo fato de ocupar uma vaga temporária. Porém, isso não me desanimava. A vontade de levar a minha vida adiante com dignidade era bem maior e suportava até o salário mediano que eu recebia no fim do mês.

— Bom dia, senhorita. — O porteiro me cumprimentou com a sua gentileza usual e eu logo retribuí o seu sorriso.

— Bom dia! — Acenei. — Bom trabalho!

Entrei no pequeno prédio e enquanto esperava o elevador, voltei a ficar pensativa. Eu havia sonhado com Taehyung e não consegui tirá-lo dos meus pensamentos desde que acordei. No sonho, nós dois nos reencontrávamos e ele implorava para que eu retornasse aos Estados Unidos. Parecia tão real que até pude sentir o seu desespero ao lembrar das cenas criadas por meu cérebro atormentado. Eu ainda o amava, evidentemente, porém tinha certeza de que o nosso relacionamento não daria certo e não estava disposta a sofrer ao continuar tentando. Kim nunca sairá do tráfico e somente agora, distante dele, é que isso ficou bem claro para mim. O Tiger, o grande comandante de tudo, se enfiou nas entranhas do Taehyung e nunca o deixará se esse não for o maior desejo do coreano.

— Muitas atividades hoje? — Francesco, um colega, questionou sorridente. Eu ainda tinha as minhas dúvidas, mas começava a acreditar que ele estava tentando se aproximar de mim de outra maneira. Nós éramos vizinhos de cabine e sempre parávamos um pouco para conversar e descansar juntos. Ele tinha emprego fixo e era repórter. — Você não para de andar pelo bloco. — Riu.

Tiger | Kim TaehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora