Surpresas

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Sasuke

Depois de tantos anos distante, eu nunca imaginaria que Itachi fosse capaz de fazer tudo isso. Nunca pensei que ele dominaria Konoha. Nem que ele se casaria. Isso tudo era surpresa para mim. Então imagine minha surpresa quando vi que a mulher sentada no piano da casa dele, usando uma aliança de casada, era Sakura.

Apesar de todo o tempo, ela continuava a mesma. Seu rosto estava mais frio e ela não reagira a minha presença como eu esperava, mas ainda era ela, definitivamente. A mesma Sakura. O rosto era igual! O corpo tinha mudado, crescido, mas ainda era magro e esguio. E bem mais baixo que o meu.

- Achei que você estivesse morto – disse ela, bem baixinho. E então vi que sua voz também tinha mudado. Não a voz. Mas o tom. Estava frio, distante, mau. O que tinha acontecido com ela?

- Disseram-me o mesmo sobre você – devolvi, mantendo-me preso em mim mesmo. Algo bem distante em mim queria poder abraçá-la. Mas eu não daria o braço a torcer. Nem mesmo depois de ter voltado à Konoha, correndo risco de morte, só para confirmar a informação de que ela tinha sido morta. Nem mesmo quando eu estava tão feliz por saber que ela estava viva.

- Boatos nem sempre são reais, não é mesmo? – sussurrou ela, virando-se na direção da escada.

Sem precisar de muito tempo, fiz as posições de mãos discretamente e fiz um círculo de fogo ao nosso redor.

- Você não vai fugir de mim, Sakura.

Ela riu, abaixando o rosto sombriamente. E então, quando se virou para mim novamente, Sakura estava com os olhos vermelhos e assustadoramente malvados.

- Eu não quero fugir de você, Sasuke – disse ela, sua voz duplicando-se e transformando-se em uma tranqüila e uma ameaçadoramente baixa e sombria.

Sakura correu na minha direção e tocou meu peito. Então suas bandagens soltaram de seus braços e envolveram meu pescoço, meu rosto e meus braços. Não sei se por estar surpreso em vê-la assim, ou se por estar cansado, mas não consegui reagir a seu ataque a tempo. Quando me dei por mim, já estava envolvido e sendo sufocado.

- Você... Mudou – disse, engasgado.

- Graças à você. – devolveu ela, puxando mais as bandagens.

- Mas... – Puxei o ar. – Eu mudei mais!

Fechei os olhos, surpreendendo Sakura, e minhas cobras apareceram, envolvendo-a e segurando-a de forma que ela teve de soltar meu peito e deixar as bandagens afrouxarem ao meu redor. Então ela estava rendida.

Puxei-a, com as cobras, prendendo-a de costas contra meu corpo. E, quando senti seu corpo contra o meu como nunca tinha sentido o de nenhuma outra, senti meu sangue ferver. Então uma de minhas cobras mordeu o pulso dela. E eu senti o gosto de seu sangue jovem e doce. E fui à loucura.

Sakura

Sem perceber, Sasuke cedeu aos instintos e lambeu meu pescoço, soltando o ar em meu ouvido. Ele foi ficando vulnerável por causa da tensão sexual e suas cobras foram me deixando, se afastando... E então eu consegui chutá-lo onde mais doía.

- Não, Sasuke. Eu mudei mais – eu disse, e atravessei o círculo inútil dele de fogo, subindo as escadas. Aquele fogo nunca seria capaz de me atingir. Eu estava blindada contra muitos jutsus. Itachi tinha lá sua utilidade.

- Então você é mesmo dele, agora? – perguntou Sasuke, de pé ao meu lado.

Virei-me para ele sem demonstrar a raiva, o medo e o amor não correspondido que ainda sentia por ele. Simplesmente olhei, sem sentir mais nada, e respondi:

- Eu sou minha. De mais ninguém.

Deixei Sasuke para trás e entrei em meu quarto. Itachi estava deitado na cama, ainda acordado. Fiz uma pequena prece agradecendo por ele ainda estar acordado. Pelo menos ele me distrairia do que realmente sentia diante da volta de Sasuke. Eu estava tão surpresa! Nunca imaginaria que ele ainda estava vivo! E toda a raiva que eu sentira por ele tinha se dissipado até ficar pela metade quando o vi saudável, lindo e glorioso como sempre. Ainda estava arrepiada por ter ouvido sua voz. Mas, como eu tinha dito a ele, eu tinha mudado muito, muito mais.

Tirei meu vestido e acertei as bandagens em meus braços. Depois subi na cama e me esgueirei como uma cobra até sentar-me sobre Itachi, de frente para ele.

- Muito bem, minha menina – sussurrou, maliciosamente, ele.

- Mulher, Itachi. Nós dois sabemos que sou uma mulher.

Ele se sentou, ficando cara a cara comigo.

- Uma mulher crescida, pelo que ouvi. – Ele mordeu meu pescoço.

- Porque não desceu e o matou logo?

Itachi riu.

- Não, Sakura. Eu o quero vivo.

- Para quê? – exaltei-me, confusa.

- Você verá... – Ele arranhou minhas costas. – Você verá.

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