Sakura
- Grávida? Quer dizer, de verdade? – perguntou Sasuke, parecendo confuso e incrédulo de repente. – Uma criança vai mesmo crescer aí... Dentro de você?
Ri da quase infantilidade de Sasuke. Ele sabia bem que eu ia engravidar. Era o plano dele. Mas agora quase parecia uma criança com um brinquedo novo.
- É, Sasuke. Uma criança. Aqui dentro – confirmei.
Ele sorriu, coisa que eu nunca o via fazer. Então deu um passo à frente e colocou a mão sobre minha barriga.
- Meu filho... – sussurrou. – Eu nunca imaginei que teria um.
Segurei a mão dele nas minhas, permitindo-me tocá-lo, senti-lo.
- Nosso filho.
Os olhos de Sasuke se levantaram em minha direção. E me atingiram como um soco. Eles eram tão fortes e intensos que me conquistaram, outra vez, de primeira. Eu era tão idiota, tão fútil quanto a ele. O queria mais do que podia ter. O queria além do permitido. Eu o tinha tido. Uma vez. Era o suficiente? Tinha funcionado. Mas eu ainda não estava satisfeita. E, aparentemente, nem ele.
Sasuke me agarrou com força e me jogou contra a parede, prendendo-me. Segurou minhas mãos para cima e beijou meu pescoço, fazendo-me suspirar. Quem era eu para negá-lo agora?
Ele desceu as mãos para minha cintura e rasgou a parte de baixo do meu vestido. Fiquei olhando a cena se desenvolver, dando-o carta branca. E ele aceitou com louvor. Me puxou para seu colo, quase exigindo que eu o envolvesse com as pernas. Depois voltou a beijar meu pescoço, meu ombro, meu tórax... Perdeu-se na linha de minha barriga, prendendo-se ali por um tempo. Depois rasgou a outra parte do vestido e me deixou em suas mãos. Então lá estavam elas. As cobras. Por toda parte. Rodeando-me. Não gostava especialmente delas, mas gostava de Sasuke. E elas eram parte dele.
Uma delas, a menor, subiu pelo meu pescoço e me mordeu. Então o mundo girou.
Sasuke
Sakura começou a ficar vermelha, vermelha e vermelha. E todo o seu corpo começou a tremer. Então segurei-a com mais força e puxei-a para mais perto, procurando pelo problema.
- Você disse que elas não eram venenosas! – gritou Sakura, com a voz grave e cheia de dor.
- E não são! – desesperei-me.
A pele de Sakura começou a esquentar a ponto de ser impossível tocá-la. "O que é isso?" pensei. Coloquei-a sobre a cama, cobri-a com um lençol e chamei Kakashi, berrando o mais alto que pude. Ele apareceu em três segundos, arrombando a porta do quarto de Sakura com um chute.
- O que houve? – perguntou, preocupado. Eu não precisei responder. – Ai meu Deus – murmurou ele, ao ver o estado de Sakura.
- Eu não fiz nada... Eu juro –defendi-me.
Kakashi ajoelhou-se perto de Sakura e começou a analisar seu corpo. Achou uma mordida em seu pescoço.
- Talvez não você, mas sua cobra fez – disse ele, mostrando-me as marcas de dentes sangrando um sangue quente e vinho.
- Mas ela não tem veneno...
- Não importa agora. Precisamos fazer alguma coisa por ela, ou vai acabar morrendo.
"Ai meu Deus", pensei. Kakashi percebeu minha expressão desesperada e perguntou:
- O que é? – perguntou. – Sasuke, o que houve?
Puxei o ar, trazendo a coragem junto, para dizer as palavras que tinha medo de pronunciar. Por ter medo de que aquela afirmação virasse passado.
- Ela está grávida.
Sakura
Tudo estava confuso. Distante. Estranho. Meu corpo tremia sem meu controle. A voz de Kakashi ecoava bem distante, pronunciando jutsus de cura, pedindo água, ervas, panos. Eu sentia meu sangue ferver como se fosse fogo em minhas veias. Mas, apesar disso, não sentia mais nada. Além, é claro, das fortes pontadas em minha barriga. Mas eles vinham de dentro para fora e não o contrário. "Meu bebê", pensei. E me senti começando a chorar. Ele não podia morrer. Não ele. Eu podia. O neném não. Já o amava com tanta força que mal podia explicar. Não queria perdê-lo. Não queria que fosse embora.
A dor foi crescendo e crescendo e com ela foi indo minha consciência. A cada pontada mais forte menos acordada eu ficava.
Então, aos poucos, tudo foi se apagando. Sumindo. Indo embora. E a última coisa que vi foi Sasuke com as mãos cheias de sangue gritando:
- Não!
Sasuke
Eu o segurei em minhas mãos. Meu. Só meu. E de Sakura. Ela estava viva. Mas ele não. Apertei-o com carinho contra meu peito, sentindo-o quentinho e ainda vivo... Mas ele não estava.
Era tão pequenininho... Cabia na palma da minha mão. E eu nem sabia o que ia ser. Um menino? Uma menina? Ele não tivera a chance de ser nada. E por minha causa.
- Sasuke, nós temos que tirá-lo daqui – disse Naruto, baixinho. – Antes que Sakura acorde.
- Não, Naruto! É nosso filho! Não posso levá-lo – gritei, sentindo que estava chorando.
Quem era aquele, afinal? Eu não chorava. Não sentia pena de nada nem de ninguém. O que estava acontecendo comigo?
- Sasuke... Ele morreu – disse Kakashi, parecendo tentar convencer uma criança de algo óbvio.
- Eu sei... Eu sei... – chorei, permitindo-me cair no chão. A dor em meu peito era tão forte que eu mal conseguia segurar.
- Vamos – chamou Kakashi. – Vamos enterrá-lo como ele merece.
- É, e depois vamos matar essa cobra – completou Naruto.
Então tudo fluiu na minha cabeça. Cobra. Matar. Itachi. Aquela não era minha cobra. Era Yani. A cobra de Itachi. A pior de todas elas. Controlada pela mente dele, tinha veneno quando ele entendia que devia ter. Eu já tinha sido mordido por aquela cobra.
Então o fogo da raiva se acendeu em meu corpo, permitindo-me levantar outra vez.
Kakashi
Sasuke levantou. Entregou-me o feto, com todo o carinho, e então seus olhos acenderam queimando num vermelho vivo. O Sharingan. Ele estava forte outra vez. E pronto.
- Eu vou matar o meu irmão – murmurou ele, ameaçadoramente.

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Tempo
FanfictionAbri e fechei os olhos outra vez. Ele não sumiu. Era real. Ele estava mesmo à minha frente outra vez, depois de tudo o que tinha me feito. Depois de eu ter certeza de que ele estava morto. "Ótimo", pensei. "Era tudo o que eu precisava agora."