O Contrato

Dois

- Bom, vocês obviamente não podem aparecer na frente das câmeras e falarem que estão namorando, tem que ser tudo com calma.- Bruno falou e um bico se formou no meu rosto.- Fala, Dayane.

- Qual é a graça de namorar sem poder falar que está namorando?- cruzei os braços.

- Semana passada você foi vista saindo de uma boate com três mulheres, garota!- Thay falou me olhando.- Vai ser muito suspeito você aparecer namorando sendo que estava com mulheres há pouco tempo.

- Ok, concordo.- me arrumei na cadeira.

- Continuando... Dayane, você tem um show em Miami daqui cinco dias, não é?- Bruno perguntou e eu assenti.- Carol, você terá que ir junto. As pessoas têm que ver vocês juntas, trocando carinhos, selinhos, essas coisas.

- Eu vou ter que beijar ela?- Caroline parecia incrédula.

- É assim que os namoros funcionam, linda.- olhei para ela, que me mostrou o dedo do meio.

- Meu Deus, elas vão se matar.- escutei a Thay dizer.

- Que nada.- Bruno falou sorrindo. Ele estava sendo irônico.- Calem a boca e deixem eu falar, quando eu terminar, vocês podem reclamar porque eu sei que vão. Thay me disse que amanhã a Dayane tem que ir em um evento de doações, Carol, você vai junto, vai ser a primeira aparição de vocês juntas em público. Chamamos um paparazzi para flagrar vocês duas no banheiro do local, vocês terão que se beijar na hora que ele entrar no banheiro. Vai ser bom, pois ele é da TMZ, vai jogar na mídia rapidinho.- Bruno virou a página do papel que ele estava lendo. Alí estava todas as coisas que a gente deveria fazer? Certeza que sim.- Quando vocês forem viajar, mãos dadas no aeroporto, selinho enquanto analisam o visto de vocês.- concordei com a cabeça.- Quando chegarem no aeroporto de Miami, claramente terão alguns repórteres esperando vocês.

- Esperando a Dayane.- Carol corrigiu.

- Por que só eu? Você também é famosa aqui.- falei olhando para a ruiva.

- Não, eu não sou.- ela insistiu.

- É sim, Caroline.- Bruno falou revirando os olhos.- Os repórteres vão querer falar com vocês, se lembrem, não falem que estão namorando. Apenas digam que estão se conhecendo melhor.

- Clichê de famoso que não quer assumir relacionamento.- resmunguei.

- Exatamente.- Bruno concordou.- Alguma dúvida?

- Quanto tempo temos que fingir?- Carol perguntou.

- O namoro durará um ano. Vocês podem se assumir públicamente quando estiverem com um mês.

- Ok.- a ruiva respondeu.- Não vamos precisar morar na casa uma da outra, né?

- Esqueci de informar sobre isso. Uma das duas terão que se mudar pra casa da outra uma semana antes de se assumirem públicamente.

- Eu não saio da minha casa!- falei rapidamente.

Era óbvio que eu não iria sair da minha casa. Lá tem o meu cachorro, as mulheres que trabalham para mim, minhas coisas, coisas que eu não vou querer mudar de lugar.

- Não tem outra opção?- Carol reclamou e Thay negou com a cabeça.- Ok. Fiquei sabendo que Dayane é a solteira mais galinha de Los Angeles, certo?- ri jogando a cabeça para trás. Aquilo era verdade.- Mesmo que isso seja mentira, não quero ser a namorada corna, entendeu?

- Claro, Carolzinha. Não irei te trair em momento algum.- coloquei uma mão no peito como se estivesse fazendo uma promessa.- Pode confiar.- pisquei para ela.

- Podem ir. Victor está esperando vocês duas lá embaixo, ele vai levar as duas para suas casas.- Thay falou indo até a porta, eu e Carol nos levantamos e acenamos para Bruno.- Irei cuidar de mais algumas coisas aqui com Bruno.

Dei um beijo na bochecha da morena e saí da sala, Carol veio logo atrás de mim.

Victor me deixou em casa primeiro, e eu agradeci por isso. Logo quando entrei em casa meu cachorro começou a pular em mim, fiz um carinho nele e fui até a área da piscina.

Peguei meu celular do bolso e abri meu Twitter. Comecei a curtir algumas coisas dos meus fã clubes, alguns estavam me xingando por quererem músicas novas, mas levei aquilo na brincadeira. Recebi uma mensagem da Thaylise, ela me enviou um contato, era a Carol.

Salvei o número da ruiva e enviei um "Oi".

- Senhorita Lima, sua mãe está no telefone.- Clara, uma das senhoras que cuidam da minha casa, me avisou. Agradeci a ela e fui correndo para o telefone.

"Lembrou que tem filha?"

"Deixa de drama, garota. Como foi seu dia? Já almoçou?"

"Não, eu estava resolvendo algumas coisas."

"Que coisas? Pode me contar?"

"Não, não posso. Me ligou para quê?"

"Pra saber como minha filha está! Quando vai vir me ver?"

"Não sei, tá tudo corrido, mas logo logo a gente se vê. Tenho que ir, mãe. Mais tarde te ligo"

Ela me mandou um beijo e eu mandei outro. Minha mãe morava em São Paulo, Brasil. Era bem difícil a gente se ver. Eu conseguia vê-la apenas quando eu faço shows no Brasil, ou quando eu fico de férias. Caso o contrário, apenas ligações.

Fui até a cozinha e vi que o almoço já estava pronto. Coloquei minha comida em um prato e comecei a comer enquanto conversava com amigos.

Quando terminei, coloquei a louça no lava-louças e fui para o meu quarto. O Avan estava deitado na minha cama, dormindo.

Liguei minha banheira e retirei minha roupa. Quando a banheira já estava cheia, entrei na mesma e adormeci alí.

Acordei com o latido do Avan. Aparentemente eu não havia dormido muito, ainda estava claro lá fora. Levantei da banheira e coloquei meu roupão, saí do banheiro e fui até meu closet, coloquei uma cueca e uma blusa. As minhas cozinheiras já estão cansadas de me verem vestida desse jeito, então não tem problema algum eu estar assim.

Desci as escadas e fui para a sala, liguei a televisão e coloquei em um filme. Quando acabou o filme, eu fiz um sanduíche e voltei para a sala, ficando alí até dormir.

Eu estava pensando em como seria esse contrato que eu tenho com a Carol agora. Eu não sei dos gostos dela, não sei sua cor favorita, sua comida favorita, sua banda favorita. Sua cantora favorita será eu, se já não for.

Mas mesmo assim, eu gostei em saber que irei passar um bom tempo ao lado dela. Peguei meu celular e coloquei no Google, escrevi o nome da garota e comecei a ver coisas sobre ela. Ela tinha dado uma entrevista há pouco tempo, assisti o vídeo inteiro e agora eu já tinha uma base das coisas que ela gostava.

Comidas: Todas.

Cor favorita: Vermelho ou amarelo.

Ficar em casa ou sair: Ficar em casa.

Aquilo era só o básico. Passei o resto da tarde estudando ela, e quando chegou a noite, fui para o meu quarto dormir. Amanhã seria a nossa primeiras aparição juntas. Eu estava nervosa.

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