8•Capitulo.

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Bianca narrando.

Meu irmão me deixa em casa, abraço ele e minha mãe apertados antes, ela fala algumas coisas pra mim e eu solto lágrimas pelo canto dos olhos..

Acho que to sonhando ainda, mas dessa vez sonhando de barriga cheia e sob um banho bem tomado.

O jantar foi em paz...
quando eu to do lado deles esqueço de tudo, minhas dores e lutas da vida desaparecem.

Ontem mesmo eu sonhei com tudo isso, poder comer pelo menos um dia na rua com eles, abraçar, beijar...
agora em menos de 24 horas to aqui.. com a minha liberdade!

Entro em casa e o silencia que a 4 anos atrás me fazia sentir solidão... hoje me faz sentir prazer, estar aqui e sozinha.

Subo as escadas para o corredor dos quartos, tomo outro banho e aproveito pra dessa vez relaxar e pensar na vida..

a vida dói!
Os tombos dói!
Mas hoje eu vejo que fortalece!
Não sou mais a mesma.

saio enrolada na toalha e tomo um susto..

Cauê tava lá... parecendo uma alucinação da minha cabeça, sentado na cama.
Olhei feio pra ele e o mesmo me fita de cima a baixo, observando meu corpo.

Não ligo.. não sinto vergonha dele!

Bianca: acho que você deveria respeitar o meu espaço... -Digo sendo breve e séria, viro as costas para procurar uma roupa.

Ele fica em silêncio e eu também.

Pego minhas coisas e entro pro banheiro, me visto, penteio o cabelo, passo um creme leve no corpo que sempre usava antes de ir presa.
Que saudade desse cheiro, lá não podia entrar..

Abro a porta e ele tava na sacada do quarto, fumando.
Parecia estar nervoso. Conheço o Cauê como ninguém...

Sinto cheiro da maconha de longe.
Minha boca enche de água.
Eu amo um verde!

Ele estende a mão me entregando outro cigarro de maconha dixavado e bolado, prontinho..
É, Ele me conhece bem também...

pego o isqueiro em cima da poltrona que provavelmente deve ser dele, acendo o baseado e puxo, jogando a fumaça pra cima.

Silêncio.

Cauê: a gente precisa ser maduro agora Bianca... -Fala me olhando... encaro o mesmo e a fumaça entra na frente do seu rosto e some com o vento que bate rápido e desesperado.. - To cheio de saudades de você, nem te abraçar você deu liberdade pra mim, eu sofri da mesma maneira que tu cara, tenho coração também pô, as paradas não são assim.. -Fala me olhando e eu já sinto uma armadura, rancor, lembrando de tudo que ocorreu.

Puxo de novo o cigarro, tragando e soltando devagar..

minha mente viaja nas lembranças...
já passamos por isso, mas não por esse motivo...
por coisas da vida, briga de casal.. motivos banais!

Cauê: eu sei que to errado, desde o começo... na real eu sou todo errado, mas todos os dias eu tento melhorar, você me conhece, sabe quem eu era e quem eu sou hoje, eu não me deixo levar por coisas passageiras, minha vida sempre foi você e nossas metas de ter nossa casa, nossos filhos... -Ele fala se encostando parte de madeira da sacada, arrumando as correntes no pescoço enquanto o cigarro tava pendurado entre os dedos...

ele me encarava com os olhos baixos e vermelhos, provavelmente por causa do baseado.
Aqueles olhos, esse homem.. já foi motivo da minha alegria!

Cauê sempre foi assim, ele demonstra muito o que sente, ou o que finge sentir, né!

Esses bandidos de hoje em dia que trata a própria mulher com desprezo, economiza palavras, elogias e carinho, Só vive com os parceiro e trata melhor que a mulher, pra mim não é homem, já chamo de bofe, não come xereca.
Tudo comédia.

Eu achava que eu tinha encontrado o cara certo por esse motivo...
Antes de eu ser presa, ele sempre foi carinhoso, falava o que tinha vontade, tinha atitudes pra me agradar, com certeza não era só flores, já tivemos brigas e várias porradas.

Mas ele não se envergonhava em se desculpar.
Não foi atoa que vivi tantos anos do lado!

Saio dos meus pensamentos..

Bianca: você deixou eu ir em cana, isso já foi uma facada em mim... me deixou 4 anos trancafiada, outra facada, coloca mulher em meu lugar e agora quer falar que sua vida sou eu? Então tua vida tá uma bosta, fio.. -Digo séria e ele revira os olhos, cruzando os braços.
Tento continuar mas ele me interrompe.

Cauê: Bianca, minha parada com a Luana, já foi esquematizada... foi por você! -Fala tentando se explicar, meu sangue ferve quando ele fala o nome dela e ainda diz que foi por mim.

Essa porra desse cara, só pode tá comendo merda.

tudo me atinge em cheio, lembro das fotos dos dois, fofoca deles andando na favela, morando juntos..

Bianca: EU NÃO QUERO SABER! -Grito e ele se assusta com minha voz repentina, como se não esparasse.

Cauê: não grita! -Fala grosso.
Ele odeio.

Bianca: QUE SE FODA VOCÊ E ELA, 4 ANOS NÃO SAO 4 MESES,JÁ FICOU COM ELA ATÉ AGORA ENTÃO CONTINUA... -falo virando as costas pra ele e caminhando, sou interrompida com ele puxando meu braço e me virando de frente pra ele. -Me solta, agora. -Mando, e ele não obedece.

Cauê: você pode me escutar? -fala e eu balanço a cabeça, negando. Ele suspira, como se estivesse cansado. -Eu e a Luana não temos nada Bianca, isso entre nós foi só pra te defender dentro da cadeia, contra os caras que queria te atacar... eles viram que eu tava vulnerável e você também, eu fiquei acabado porra... única alternativa- Falou mudando a expressão diversas vezes,ele parecia confuso, preocupado, nervoso..

Bianca: eu não quero saber, não quero. Mentiroso, ordinário. -Falo empurrando ele longe. -vocês Não tem nada na casa do CARALHO -Grito ressaltando a última palavra - até foto de vocês dormindo ela já me enviou, enquanto eu dormia no chão de uma cela fria, você agarrado com outra aqui fora, e eu? -Pergunto encarando os olhos dele, que agora estava arregalados, ele parecia surpreendido. - Sou o que caralho? Seu fantoche? Que fazia o que você mandava, era boa na cama, no crime, boa como mulher né? -Falo sarcástica e firme. -Eu sei, eu sou maravilhosa, mas não pro teu bico, não mais... -Falo finalmente me soltando dele. -Você deveria ter resolvido toda essa parada de outra forma, quis fazer tudo de um jeito que ia te favorecer, tendo duas mulheres! -Falo acendendo outro cigarro, mas ele não tira a atenção de mim. - Agora você vai ficar só com uma. -Vejo esperança no seu olhar... -Que não sou eu, lógico! Eu to solteira. -Solto um riso de lado , arrumo meus peitos dentro do decote do pijama soltando fumaça entre os lábios.

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Vocês querem capítulos!
E eu quero votos e comentários.
Gente não custa nada votar.
Tem capítulo que tem 316 votos e outros que não tem nem a metade, queria saber o motivo?!
Ajuda a mãe aqui né meu povo, só quero reconhecimento.
Quero soltar maratona, mas sempre trabalhei com metas, votos e comentários.
Conto com vocês, pra rolar nos próximos capítulos.

Que caia as grades - Liberdade.Onde histórias criam vida. Descubra agora