Ricardo

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2.6

[....]

Subi a rocinha e fui pra casa com Carla e a Eduarda.

Entrei em casa e os bagulho tava tudo em ordem, sinal que ninguém relou aqui. Tá correto po, até que eu avise que to fora, ainda mando nisso aqui tudo.

Chefe: Filha, vai logo

Duda: Jae

Carla: Quer ajuda?

Duda: Bora lá

Elas foram pro quarto da Eduarda e eu fui pro meu.

Peguei minha mala e comecei a separar meus trapo e achei a carta da mandada lá.
A Ana, mãe da Duda, quando sumiu, apareceu a maior cota depois e me deu essa carta. Nunca tive coragem de abrir, po mano, apesar das merdas que ela fez, Ana sempre foi e sempre vai ser a mulher que eu mais amei na vida. Me deu minha cria e o outro que se tivesse vivo, seria meu mlkcote. Felipe, o filho que nós nunca teve. Ana perdeu o menor quando na barriga, fiquei so o pó na época e só no pó, me drogava dia e noite.

Peguei a carta e comecei a ler. E cada palavra era como um tiro diferente.

"Essa carta é destinada ao meu primeiro e único amor, Ricardo.
Eu sei que hoje me odeia, que me culpa por ter ido embora e te peço perdão por isso. Perdão por ter ido embora e te deixado com uma menina de dois anos, por ter sumido sem deixar rastros, mas se você estar lendo essa carta, foi porque eu encontrei um jeito de falar com você.
Eu menti. Menti pra nossa segurança, de nós quatro. Ricardo, eu não sumi por ter te traído, foi mentira, mentira criada pelo Cobra, eu estava nas mãos dele. Era você ou eu e eu preferi me colocar.
Eu sei que sua maior raiva foi eu ter sumido com o nosso menino, nosso Felipe e ter dito que ele morreu.
O Cobra havia me ameaçado. Não foi uma, nem duas vezes, eu já estava no meu limite.
Nosso menino tá vivo! Eu não sei quando você irá ler isso é se irar ler, mas hoje (21/06/2002), nosso menino tá com quatro anos e tá lindo.
Eu não quero explicar muito, mas aconteceu tanta coisa a me fazer tomar essa decisão, que talvez, ficaria horas e horas falando de todas as vezes que o Cobra me ameaçou usando a nossa Duda.
Espero que um dia, me perdoe e entenda que tudo o que fiz, foi por vocês três.
Por fim, te amo.
Com amor, Ana"

Terminei a carta acabadão, papo reto. Saber de tudo que minha mulher passou e pra selar pela minha segurança mano e deixou que eu odiasse ela por isso.
No fundo mermo, eu nunca superei a Ana, mas o ódio que ela me fez ter dela, fez o sentimento de amor ir sumindo, mas no fundo, ele sempre teve ali.
Ana sempre foi assim, sempre fez do possível ao impossível pra proteger a familia. Foi capaz de meter um caô que tinha me traído só pra tirar o cobra da minha cola.
Meu filho mano, passei anos da minha vida com ódio dela por achar que meu cria tinha morrido e ele tá vivo. E a Ana também.
Eu quero achar eles, eu preciso ver meu filho. Pelas minhas contar o mlk hoje tem 21, crescidão já. Capaz de nem querer me ver.

Duda: Pai?- ela chegou perto- tá chorando?

Chefe: Foi nada po, to bem já

Duda: Que isso na tua mão?

Chefe: Achei uma carta da tua vó po, mexeu comigo- menti

Duda: A minha avó?- ela sorriu

Chefe: Te amava pra caralho

Duda: Eu também amava ela

Chefe: Cadê a Carla?

Duda: Tá vindo já

Chefe: Já pegou teus bagulho?

Duda: Já sim

Chefe: Então bora, to cheio de coisa pra resolver

Duda: Bora- ela saiu

Botei a carta na mochila e fechei. Eu vou achar meu filho e não tem que vá me impedir.

Carla: Amor?

Chefe: Fala ai

Carla: A duda disse que te viu chorando

Chefe: Nada não po, só carta da minha coroa, bateu a maior saudade

[....]

Entramo no carro e minha cabeça tava a milhão, papo reto. Ana e Felipe, meu filho e a mulher que eu amava. Tudo que eu tinha cria, tudo e o cobra conseguiu tirar.

Duda: Pai, cê tá legal mermo? Ta todo caladão ai

Chefe: Já disse que to tranquilo

Carla: Escolhe uma música aí, Duda

Chefe: Escolhe nada não, to na maior dor de cabeça

Duda: Ih- ela suspirou- jae

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