Leonardo
Depois de cinco dias olhando atentamente para as pessoas, em busca de cabelos verdes que poderiam me levar à dona do rosto que pouco a pouco se apagava de minha memória, eu não podia estar mais decepcionado por falhar em minha busca.
Considerando que estávamos todos a bordo de um navio, cercados de água e sem ter para onde correr, era de se imaginar que em algum momento nossos caminhos iriam se cruzar, fosse em um jantar, palestra ou qualquer outra situação, assim como já tinha acontecido, mas elas pareciam ter desaparecido completamente.
Certa noite, ao admirar o mar depois de uns drinques a mais do que deveria ter bebido, me recordei de uma conversa que tive com Vinícius, meu melhor amigo, que não se mostrou assim tão bom na ocasião.
"Você não vai me enganar com uma lenda urbana", ele ridicularizou, mesmo quando insisti que era verdade. Inferno, só eu sabia o quão real era o choro daquela mulher perturbando minhas memórias, assim como o som da risada, que consegui arrancar dela ao fazer piadas sobre o Titanic.
Por que você não sai da minha cabeça? Frustrado com o fim iminente da viagem, eu me recusava a aceitar que as coisas terminariam daquela maneira, sem ter certeza que ela estava bem, sem poder olhá-la nos olhos. Porra, não conseguia entender essa obsessão por uma desconhecida. Será que eu estava enlouquecendo e tudo isso não passava da minha imaginação?
Afastando tais pensamentos antes que me deixassem louco, ajeitei a camisa por dentro da calça social escura enquanto encarava o espelho. Espero que as horas passem rápido! Sem ânimo suficiente para celebrar a chegada do novo ano, mas tendo que cumprir com determinadas obrigações, afivelei o cinto, vesti o blazer e com um último olhar para trás e a certeza de que tudo estava em ordem, deixei a cabine pronto para tentar aproveitar a festa de réveillon.
***
Julia
Trabalho, bons drinques, ótimos restaurantes, homens bonitos para eu apreciar e um total de zero interação com o sexo oposto, nem mesmo um beijo. Esse seria o resumo da viagem que eu daria a qualquer um que me perguntasse a respeito, isso é claro, após contar o fatídico episódio em que fiquei presa no banheiro.
— Eu ainda acho que você deveria usar o vestido vermelho.
Distraída como estava, alternando o olhar de uma peça para outra, demorou alguns instantes até perceber que Aretha me encarava através do espelho, enquanto terminava sua maquiagem.
— E assinar publicamente o atestado de encalhada na noite da virada de ano? Não mesmo, amiga. Acho que o rose gold consegue passar despercebido nesse quesito, mas ainda assim pode fazer o efeito de, quem sabe, trazer amor e dinheiro, exatamente como é a nossa filosofia para o Lemon e o que desejamos dele — declarei, ganhando como resposta uma sonora gargalhada.
Mais rápido do que pensei que aconteceria, a viagem se aproximava do final e agora, enquanto nos arrumávamos para desfrutar da última noite a bordo, eu já sentia saudades de tudo. Queria voltar no tempo para aproveitar um pouco mais, mesmo que isso incluísse ficar presa outra vez. Um suspiro de chateação escapou por meus lábios antes mesmo que eu percebesse a direção que meus pensamentos estavam indo.
Depois do incidente do banheiro, Aretha e eu tentamos de diversas maneiras descobrir a identidade do homem que havia me ajudado, mas ninguém sabia ou podia revelar informações de outros passageiros, o que nos manteve no escuro quanto a isso, levando-me a desistir e apenas seguir em frente, ainda que fosse contra a minha vontade.
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Como enlouquecer um CEO - Degustação
Romance*** Após a conclusão das postagens, a história permaneceu completa até 18/11/2020 e então foi retirada, ficando apenas alguns capítulos de degustação. *** Trabalhar em pleno fim de ano não está nos planos de Julia, mas a ideia não lhe parece tão rui...