Capítulo 3

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— Tem certeza de que quer ficar aí sozinha? — Aretha me perguntou, enquanto se levantava da espreguiçadeira posicionada ao lado da minha.

Depois de passarmos parte da manhã trabalhando em alguns ajustes no app e ter um almoço digno de rainhas em um restaurante com vista para a piscina, nós exploramos alguns dos andares com atrações, antes de nos instalarmos em um deck, onde estávamos naquele momento apreciando o pôr do sol.

— Sim, de nada adiantaria ir as duas para a cabine agora, se tem apenas um banheiro. — Dei de ombros. — Vou ficar aqui mais um pouquinho, apreciando a paisagem.

— Olha só, temos um avanço aqui! Para quem estava querendo fugir da viagem, até que você se adaptou rápido. E tudo bem, só tente não se perder — advertiu, só porque mais cedo eu havia errado por duas vezes o andar de nossa cabine. Após lhe responder com um revirar de olhos e um sorriso, Aretha deu meia volta e desapareceu de minha linha de visão.

Eu quase havia me esquecido de onde estava, quando a embarcação começou a navegar horas atrás. Segurando com firmeza os braços da espreguiçadeira, assim como fazia com a poltrona de avião durante decolagens e pousos, fiquei aguardando apreensiva, tomada por uma onda de medo e insegurança com o que viria a seguir.

Diferente do que eu havia imaginado, o navio quase não balançou enquanto deslizava sobre ás águas, para longe do porto. Aos poucos, a agradável sensação do vento soprando no rosto o cheiro de mar, e a falta de qualquer distração ao meu redor, foi varrendo para longe aquela confusão instalada dentro de mim, deixando em seu lugar uma ansiedade saudável e a expectativa do que aconteceria nos próximos dias.

Quando o sol sumiu no horizonte e restou apenas um resquício de sua luz, enquanto que a parte oposta do céu encontrava-se bem mais escura, decidi ir para a cabine ao encontro de minha amiga que provavelmente ainda estaria no banho ou pensando no que vestir.

Eu mal havia caminhado vinte passos, quando a pressão em minha bexiga me fez lembrar dos três drinques que havia tomado na última hora. Sem qualquer possibilidade de arriscar ir até a cabine e não conseguir usar o banheiro, entrei na porta que havia mais a frente. Apesar de não ser muito grande, com apenas duas portas de reservado, o banheiro mantinha o mesmo aspecto elegante que eu vinha encontrando em todos os lugares pelos quais passei.

Enquanto lavava as mãos, aproveitei para checar a aparência no amplo espelho e após desmanchar e refazer o rabo de cavalo no qual meus cabelos estavam presos, caminhei em direção a saída.

"Mas o que...", constatei com surpresa após abaixar a maçaneta e tentar abrir a porta, que se manteve fechada. "Talvez, eu deva...", posicionei a pulseira magnética diante da fechadura na esperança de ter feito algo errado. Para minha infelicidade, não houve nenhum som que sinalizasse a trava sendo aberta, mas ainda assim voltei a puxar a porta, que permaneceu fechada.

— Isso não pode estar acontecendo! — murmurei, fechando os olhos por um instante, na tentativa de me manter racional. — Alguém? — chamei, dando alguns socos na porta e movimentando a maçaneta. — Eu estou presa, aqui! — falei mais alto.

Apanhando o celular no bolso traseiro da calça, abri o aplicativo de mensagens e enviei uma a Aretha, mas, para a minha infelicidade, tanto o ícone da rede quanto o da internet encontravam-se com um xis, sinalizando a falta de conexão.

"Eu não acredito que passei por tudo isso, cheguei a esse ponto de minha vida, para morrer sozinha, trancada no banheiro do navio", pensei enquanto secava minha testa e a região acima dos lábios com uma toalha de papel. Com alguns botões abertos de minha camisa e as mangas dobradas até os cotovelos, voltei para perto da porta.

Como enlouquecer um CEO - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora