Os últimos seis meses foram difíceis. Dia após dia, noite após noite, Chloe Decker ficava de luto e honrava a grande história de amor, que infelizmente, morreu.
Ela se sentia culpada. Culpada pois foi ela mesma que começou tudo. Foi sua a decisão de fugir para Roma e bolar um plano para mandá-lo de volta para o lugar que ele tanto odeia. E agora ele estava lá, preso.
O seu nome foi lentamente desaparecendo das conversas. Dan e Ella não perguntavam mais sobre seu paradeiro, ou se ele era o motivo das faltas excessivas que ela havia cometido no trabalho.
Ela não conseguia dizer seu nome, pois sabia que no segundo que o fizesse, iria partir seu coração em um milhão de pedaços. Era realmente angustiante chamar alguém tantas vezes, e em nenhuma delas, receber uma resposta.
A detetive decidiu, de uma vez por todas, desistir. Desistir de esperar ele chegar com seu terno da Prada em cenas de crime, como se nada houvesse acontecido. Ela precisava andar para frente.
Estava evitando esse pensamento há semanas.
Mas Chloe precisava fazer isso, para a filha e para si mesma. Ela não irá permitir que a pequena Trixie veja a sua mãe chorando todas as noites debaixo das cobertas com o coração partido. Precisava de um desfecho.
E foi assim que ela se encontrou na cobertura do antigo lar de seu ex-parceiro. Memórias invadiam sua mente, de todos os momentos, sejam eles bons ou ruins, que aconteceram ali. E junto com esses pensamentos, vieram lágrimas. O pior de tudo era que todos esses momentos eram apenas memórias agora. Ele era apenas uma memória.
Chloe não conseguia evitar os soluços de desespero que se formavam no fundo de sua garganta. Ela se sentia inútil. Inútil, pois tudo que queria nesse momento eram seus longos braços envolvendo sua pequena figura, porém não conseguia fazer nada. Se sentia egoísta também. Ele foi ao inferno para proteger sua família e a humanidade de demônios que torturariam todos sem dó. Mas ela o queria. Agora. Ali. Apenas para si mesma.
Chloe se dirigiu até a varanda. Se colocou no exato lugar de onde seu verdadeiro amor abriu suas asas e voou para longe. Onde ele quebrou seu coração, deixando uma cicatriz que nunca se curaria.
Ela admirou as estrelas que ele criou. Ele mesmo as criou. O seu parceiro maluco, inapropriado e extremamente charmoso teve o trabalho de acender o céu da noite.
Chloe pode ter ficado ali por minutos ou horas, ela não sabia dizer. As lágrimas constantemente caíam de seus olhos para descer sobre suas bochechas.
Ela sentia falta dele. A detetive tentava esconder seus sentimentos colocando um sorriso no rosto e dizendo: "Está tudo bem." Mas aqui, na cobertura, era como se essa fachada caísse. Ela se sentia vulnerável ali.
"L-Lucifer..." Chloe deixou seu nome escapar com um soluço. Como era bom dizer aquela palavra novamente depois de tanto tempo. Todo aquele medo se foi.
"Obrigada por tudo. Obrigada por todas as risadas, as lágrimas, as piadas sexuais e os olhares. Eu não trocaria nossos momentos juntos por nada. E sinto muito. Se não fosse por mim, você ainda estaria aqui, e talvez as coisas teriam dado certo para nós dois. Quem sabe." Ela continuou. Chloe poderia estar falando consigo mesma como uma louca, ou ele poderia estar ouvindo. Ela não sabia.
"A minha vida era boa antes de você chegar. Eu estava satisfeita. Mas então conheci esse dono de bar alcoólatra estúpidamente charmoso. Se dizia ser o diabo. Loucura, né? Então, ele começou de alguma maneira derrubar minhas barreiras e me fez vulnerável perto de sua presença. Pintou minha vida cinza com as cores mais vibrantes. Dizendo isso em voz alta parece até uma história clichê." Ela soltou um risinho fraco.
"A única diferença entre a nossa história, Lucifer, e um clichê é que nós não terminamos juntos e felizes para sempre." As lágrimas nos olhos de Chloe começaram a se formar novamente. "Se eu pudesse voltar no tempo, não gastaria tanto dele ignorando meus sentimentos por você. Quem sabe, você poderia ter sido um ótimo namorado." Ela sorriu apesar de sentir o gosto salgado das gotas.
Chloe pensava que já passou por um coração partido. Primeiro, o seu divórcio com Dan e depois o pé na bunda de Pierce. Mas agora... agora ela sentia o seu coração partir em um milhão de pedaços.
Ela apertou o pingente do colar que ele lhe deu de aniversário há alguns anos atrás.
"Eu te amo, Lucifer. Mas preciso ir em frente." A detetive falou entre soluços. As coisas pareciam muito reais agora. Ela nunca mais veria o homem que merecia seu coração. Ela nunca mais veria seu amor verdadeiro. Sua alma gêmea.
"Adeus." A palavra saiu em um sussurro.
Estava feito.
Ela girou em sua volta. Essa seria a última vez que pisava nessa cobertura. Precisou de um momento para lembrar de cada detalhe. O sofá de couro italiano, a cama com os lençóis que provavelmente somavam seu salário anual e o majestoso piano de cauda.
As lágrimas, mais uma vez invadiram as órbitas azuis de seu olhar. Finalmente, se virou para o elevador e começou a andar em direção à ele.
Até que ela ouviu um barulho vindo de suas costas, uma batida de asas. Oh não.
"Chloe." O sotaque britânico ecoou pelo lugar.
nota: eai, lucifans! esse é apenas um one shot, não pretendo continuar ele. quero que vocês imaginem dentro da cuca de vocês o que aconteceria depois disso. beijocas, não me matem.