"Isso é estúpido. Eu não vou falar com a sua barriga, Chloe. Não faz sentido!" Protestava Lucifer.
"Bem, acredite ou não, mas já foi provado cientificamente que a partir do sexto mês, os bebês conseguem distinguir vozes de dentro da barriga. Eu, por exemplo, falo com ela o tempo todo." Respondeu a Detetive, passando a mão pelo estômago, abrindo um sorriso.
"Você... conversa com ela? Sobre o quê? Tipo, os números na bolsa de valores internacional? Ou discute sobre o preço altíssimo das fraldas?" Ele perguntou, incrédulo. Quem conversaria com um feto? Lucifer se questionava, enquanto se deitava na cama e cobria seu corpo. Ele nunca soube muito sobre a gravidez humana, sempre achava que era algo estranho, mas agora estava vendo uma com seus próprios olhos.
Chloe deu uma risada. "Não, é claro que não! Eu apenas digo para ela coisas doces, como o quanto espero ansiosamente por sua chegada, e às vezes, recebo uma resposta." A detetive se deitou ao lado de Lucifer, e também se cobriu.
"Uma resposta? Ela fala com você? É algo parecido com telepatia? Deve ser uma coisa que o Pai inventou..." Ele especulava enquanto Chloe ria.
"Não, Lucifer! A bebê chuta!" A detetive assegurou, mas o olhar na cara dele realmente a assustou. Ele ficou pálido.
"Ela te machuca? É perigoso?" Lucifer questionou, mais branco que uma folha de papel. Talvez uma cria vindo de um ser celestial e uma humana pode ser mais poderosa do que pensavam.
"Isso é normal, não se preocupe. Bebês chutam de dentro da barriga, por mais estranho que pareça. A Trixie costumava fazer a mesma coisa o tempo todo, mas com essa aqui," Chloe olhou para a sua barriga. "Ela apenas chuta em momentos específicos." A detetive sorriu.
"Oh, ok. E quais momentos seriam esses?" Lucifer perguntou, curioso.
"Aparentemente, essa menininha aqui só chuta quando eu falo com ela ou quando você está por perto." Chloe direcionou o seu olhar para o seu parceiro, que agora abria um sorriso que poderia iluminar uma cidade inteira. "Ela gosta do pai."
Pai.
Quem diria, Lucifer Morningstar, engravidando uma humana por acidente. Era uma surpresa, desde que seres celestiais literalmente não poderiam procriar com mortais.
Mas regras existiam por um motivo na visão de Lucifer Morningstar.
Para serem quebradas.
Chloe Decker estava satisfeita com sua pequena Trixie. Já era o suficiente. E sentia que Lucifer era uma criança de alguma maneira também, tendo em vista que ele não pode ficar sozinho em cenas de crime e deve sempre ser observado para que não faça nada estúpido. Mas claro, no lado bom, ele conseguia usar o banheiro sozinho e trocar de roupa quando necessário.
Até que, em uma fatídica noite, as coisas mudaram. Lucifer nunca precisou de proteção, e estava seguro disso. Mas não sabia o quão vulnerável ele era perto dela. E apenas percebeu isso quando Chloe mostrou o visor positivo do teste de gravidez.
Foi nesse momento que o diabo descobriu que seria um pai. Claro, no início as coisas foram turbulentas. Todos sabem que Lucifer não teve um passado muito bom com o seu próprio pai, e ele estava prestes a ser um. Não sabia como agir, desde que nunca teve ação paterna em seus milênios de vida. Deus não levou o pequeno Samael para um jogo de futebol, lhe ensinou lições ou beijou o joelho ralado do filho depois de brincar. Ele estava sempre ocupado.
Como ele seria um pai? Um bom pai? Essa palavra o perseguiu por dias. Ela saía de sua boca como se tivesse um gosto estranho, como se fosse um idioma diferente. Como, Lucifer Morningstar, o próprio diabo, trocaria as fraldas do pequeno ser que se desenvolvia dento do corpo de seu amor? Como ele levaria a criança para seu primeiro dia de aula?