Capítulo XV

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14 de Fevereiro de 2019

Jooheon não imaginava que pudesse sentir um aperto tão forte no peito assistindo o sofrimento de outra pessoa. Enquanto levava Changkyun para seu quarto, buscando um conforto maior para o garoto, a respiração irregular batendo contra seu pescoço causava-lhe o medo de não conseguir melhorar a situação.

Quando deitado na cama e deixado sozinho no cômodo, o Lim percebeu que queria estar novamente naqueles braços. Talvez o sentido romântico não fosse o mais adequado no momento, mas Jooheon transmitia segurança, como se mais nada de ruim fosse acontecer.

- Eu sei que é psicológico, mas talvez esse remédio ajude. - O veterano disse ao voltar.

Changkyun se sentou e manteve as costas apoiadas na cabeceira, vendo o mais velho trazer um copo d'água e um comprimido branco até si. Murmurou um obrigado e sem muita força pegou o que o outro segurava, engolindo o remédio e o líquido na sequência.

- Você quer conversar? - O Lee juntou-se ao menor na cama e seu olhar terno não passou despercebido pelo mesmo.

Changkyun retribuiu o encarar, com os olhos vermelhos pelas lágrimas que não saiam e os lábios levemente trêmulos devido ao frio causado pela febre.

- Quando eu transei pela primeira vez, ainda era muito novinho. 15 anos, sendo mais exato. - Começou, prendendo totalmente a atenção do Lee.

A voz embargada do mais novo tomava conta das palavras, as quais expressavam resumidamente os acontecimentos até que descoberta a gravidez de Sumin. Jooheon se viu querendo abraçar o garotinho frágil que transpareceu em Changkyun, mas sabendo que talvez o mesmo interrompesse o raciocínio, se limitou em segurar sua destra. Um gesto simples que foi o suficiente para o menor sentir que ficaria tudo bem.

- ... Quando eu abri a porta, já imaginava o motivo daquele homem estar com tanto ódio nos olhos, e meu pressentimento estava certo. - Sua cabeça doía com as lembranças, assim como a temperatura aumentava gradativamente. - E-Ele começou a dizer que eu estraguei a vida dela. Repetiu coisas assim até que eu respondi falando que não tinha feito o filho sozinho. - Sentiu o maior apertar um pouco sua mão, apenas para dar-lhe força pra continuar. - Ele começou a me bater com pontapés. Eu pedia pra parar, mas só ouvia ele dizer que só pararia quando eu virasse um homem e cessasse o choro. - Seu olhar estava perdido no rosto de Jooheon. - M-mas eu não conseguia parar, hyung. Doía tanto e eu não tinha força pra parar... Quando eu vi aquela reportagem, me lembrei de tudo, como se fosse ontem.

Uma pequena lâmpada se acendeu no imaginário do Lee, que imediatamente associou a febre emocional do garoto com o acontecido no passado. Percebeu que já havia ultrapassado o momento de Changkyun receber algum suporte psicológico, mas tentaria amenizar a situação primeiro.

- Você chorar não te faz menos homem, Chang. - Levou a mão desocupada até o rosto do menor, acariciando e sentindo a quentura do local. - Você foi um adolescente que precisou amadurecer rápido demais, mas que já era um homem incrível mesmo tão novo. Olha para o Minseok e veja a criança maravilhosa que você criou. Tenho certeza de que ele se orgulha de ser seu filho e que quer te ver bem. - Sabia o ponto fraco do garoto. - Então pode soltar tudo o que você sente, hum!? Nós te queremos bem.

- Jooheon... - Totalmente tocado pelas palavras do mais velho, puxou-o pelo pescoço para um abraço apertado e deixou a cabeça em seu ombro.

Em alguns minutos Jooheon pôde sentir sua blusa molhar, e as fungadas que escutava completavam a denúncia de que o menor estava chorando. Não soube exatamente quando, mas algumas poucas lágrimas suas acompanharam o menino. Sempre foi um rapaz emotivo e toda aquela situação deixou-o balançado. Um misto de raiva do homem que causou aquilo em Changkyun, compaixão pelo moreno e a súbita vontade de protegê-lo.

Model | JookyunOnde histórias criam vida. Descubra agora