Capítulo Dois l Talk

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"Você está perdido ou incompleto? 
Você se sente como um quebra cabeça 
E não consegue achar sua peça perdida?
Me diga como se sente?"
(Talk - Coldplay)







Ao sair da cafeteria, Yoongi sorria, estava feliz, conseguiu um emprego, poderia se sentir útil agora, tinha a chance de recomeçar uma nova vida, mesmo que as ainda tivesse as marcas da antiga sobre seu corpo e principalmente na sua memória.

Agora poderia ter escolhas, poderia ir ao supermercado, poderia usar as roupas que quisesse, poderia ter amigos, conversar com as pessoas. Deus! Como sentia falta disso.

Precisava de um lugar para ficar, talvez tivesse o suficiente para três ou quatro noites antes de receber o primeiro salário, mas agora, com um emprego, ficaria mais fácil conseguir o seu próprio lar.

Uma hora mais tarde, encontrou um lugar para dormir algumas noites, não era grande coisa, o lugar era sujo e cheirava a cigarro. Seu quarto mal tinha espaço para a pequena cama que estava ali.

As paredes eram estreitas, a beliche antiga, mas era um albergue, sabia que não poderia exigir além de um teto sobre sua cabeça para pelo menos passar algumas noites. Era o que conseguia pagar, não reclamaria, pois nada se comparava ao porão gelado e cheio de ratos que Seungri o fizera dormir por noites, quando queria corrigi-lo.

Sentou-se sobre a beira da cama com o lençol surrado, estava exausto. Precisava de um bom banho, mas não queria sair do quarto, não agora, já que queria aproveitar o pouco tempo sozinho, até que as outras camas fossem ocupadas pelas demais pessoas que talvez estivessem em uma situação parecida com a dele aparecer e ocupá-las.

Neste pouco tempo sozinho, Suga, esfregou as mãos em seu rosto, de algum modo se sentindo aliviada pela primeira vez em tempos.

Começou a chorar de alívio, por conseguir finalmente fugir, mas ao mesmo tempo ele tinha medo.

Um turbilhão de pensamentos em sua mente, tinha medo do futuro, medo de ser encontrado. Tentou não pensar se a decisão de fugir havia sido realmente necessária ou nas coisas que deixou para trás como sua casa, seus objetos pessoais que tanto gostava...

Se a falta de casa chegasse a ser insuportável, será que poderia voltar?

Se voltasse, como explicar o inexplicável? Sem contar que poderia ser morto ou preso. Sabia que corria os dois riscos.

Já havia tomado a decisão, estava feito, precisava se acalmar e se convencer de que tudo ficaria bem. Enxugou as lágrimas, tomaria um banho e descansaria, afinal, amanhã seria seu primeiro dia de trabalho.

🐚

Seung-Hyun sentia uma dor aguda na região do abdômen, rolava pelo carpete da sala que estava banhado de seu próprio sangue. Tentava alcançar o telefone, precisava de ajuda. 

Estava assustado com a quantidade de sangue em suas mãos. Pressionava o corte o mais forte que conseguia, apesar de estar muito fraco. 

— Jay, cara, preciso da sua ajuda Preciso que você venha até minha casa, me leve ao hospital. — tinha dificuldade ao falar, a voz quase não saia.

— Seung-hyun, calma, o que aconteceu?

— Ele me esfaqueou... Yoongi tentou me matar — as mãos sujas e tremulas seguravam o telefone — Por favor, venha rápido.

Deixou o telefone cair, não tinha mais forças para continuar acordado, desmaiou à espera de socorro.

🐚

Ontem, ao se apresentar, disse ao dono da cafeteria que seu nome era Suga, e, para sua nova vida, esse seria seu novo nome.

Uma nova identidade e nova cor de cabelos, talvez nunca fosse encontrado.

THERE'S A LIGHT THAT NEVER GOES OUT l YoonseokOnde histórias criam vida. Descubra agora