Akin

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"É, sim... Por favor, espero não ter que repetir essa informação para mais uma pessoa. Preciso falar com Justice North". — Seus cabelos aos poucos perderiam a força, devido seu nervosismo ao os puxar, irritada com a demora para ser atendida. 

"Senhora, recebemos pedidos iguais todos os dias, mas como já lhe disse não tenho autorização para transferir sua chamada ao Sr Justice, mas posso anotar sua informação e garantir que chegue até o setor mais próximo a ele. " — Notava-se visível desinteresse na voz do receptor. 

"Então é isso, diga ao Sr North que eu tenho na minha casa um espécie. Não entendo como isso aconteceu, mas ele está em minha casa e se recusava a sair. Me deixou encurralada e minha única solução foi o tranquilizar... Como posso resolver meu problema se o responsável pelos espécies se recusa a tratar comigo?" — Grita exasperada a mulher, preocupada com o espécie desacordado em sua casa que logo estaria despertando e com certeza estaria bem irritado. 

"Senhora, essa informação é nova. Preciso que me diga o nome do macho que a senhora diz ter em sua casa" — A atendente, parecendo agora mais atenta, diz.

"Eu não sei... Algo como Akira? É um homem alto...grande...pele escura...olhos intensos escuros como a noite..." — Sussurra exasperada, um tanto desconcentrada ao relembrar os traços do macho.

"Akira? Seria Akin? Senhora? Está na linha? Preciso que me informe seu endereço, uma de nossas equipes estará saindo daqui agora" — A voz do outro lado da linha falava mais afobada.

Julie se preparava para informar, quando o telefone de repente foi retirado de sua mão.

"Diga a Justice que retorno logo. Estou bem. Encontrei minha fêmea". — Foi a resposta recebida pela atendente, que mesmo tentando argumentar, escutou o som de fim de chamada.

Julie observou o ambiente, encontrava-se em seu quarto, sabia que não tinha nenhum objeto que poderia utilizar contra o homem espécie parado a sua frente, precisaria correr. Moveu-se com o que entendia como rapidez até a porta, contudo, antes mesmo que chegasse a mesma Akin já estava parado a sua frente.

"Se eu fosse você, não correria. Tenho sincera impressão que a adrenalina da perseguição só me agradaria". — Seu semblante passava calma, mas o tom brusco e baixo indicava o iminente perigo. 

"O que você acha que está fazendo? Essa é minha casa! Você não deveria estar aqui dentro, e muito menos me dando ordens!" — A fêmea bradou com firmeza, se afastando mais um pouco, tentando organizar seus pensamentos e entender como sairia dessa situação.

Julie morava sozinha desde os 18 anos,  no primeiro andar de um apartamento localizado num bairro comercial, sabia que por ser sábado seu prédio estaria vazio e suas salas - se ainda estivessem em uso - detinham isolamento acústico. Uma grande merda.  Para seu trabalho, de escritora, o ambiente é perfeito, mas ao que parece, para fugir de um espécie não seria o melhor espaço. 

"Eu não sou de muitas palavras. Preciso que mantenha a calma, seus batimentos estão acelerados a nível de me causar preocupação. Não pretendo a fazer algum mal, mas não deixarei que utilize mais nenhum tranquilizador em mim".

"Eu não tenho nenhum aqui no quarto e..." — Continuaria a frase, mas percebeu a merda que havia dito — "Por favor... Não me faça nenhum mal... Estou grávida, sou casada, meu marido logo estará retornando."

O espécie puxou o ar levemente. — "Não tente me enganar, fêmea. Já disse, não irei a machucar. Iremos partir para Homeland. Este local me incomoda, existe periculosidade alta para nós".  —  Seus olhos pareciam agora menores, franzidos, e mais escuros. Algo dentro de Julie gritava perigo, ainda mais alto. 

Akin - Novas espéciesOnde histórias criam vida. Descubra agora