Capítulo 5 - Justice

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Julie sentia um embrulho no estômago.  Sabia que estava muito distante de encerrar o problema que havia se metido, e, nem mesmo sabia por onde iniciar. Levantou, ainda no meio da noite, e andou alguns minutos pela casa do Espécie. Ele havia sentido seu movimento, mas a permitiu espaço, o que agradecia muito.

A presença marcante do macho era notável, e, sendo sincera consigo, estava tremendamente incomodada. Se entregou ao macho e nem mesmo entendia como se passava as coisas consigo, ninguém sabia nada concreto sobre espécies.

A única coisa que a acalmaria, seria a escrita. Passou os olhos pela sala, identificando que em cima da única mesa do local, oval e pequena, estava sua pasta – onde guardava seu notebook e alguns papeis. Riu, não sabia quando ou como, mas o macho se levantou e deixou suas coisas a fácil acesso, nem mesmo sabia como ele entendia que ela precisaria escrever. Um arrepio subiu por sua nuca, receosa com os passos e avanços rápidos que tudo tomava.

Escreveu uma porção de linhas, nem todas condizentes com o tema central do romance que desenvolvia, muitas mais como um desabafo do que real experiência da mocinha, mas tudo bem. Precisava utilizar seu principal instrumento de desabafo.

"Eu penso que você precisa se alimentar, fêmea." – Os olhos se levantaram aos poucos, preguiçosos e receosos, da tela, e se focaram nos olhos do macho a poucos passos de si. Ele carregava uma caneca em mãos, uma sobrancelha arqueada, e o peito pecaminosamente nu, enquanto vestia somente uma calça de moletom, pés descalços. Bela visão.

"Não sinto fome. Gostaria de um pouco de espaço, por favor".

"São nove horas, acreditei que quisesse se preparar antes de encontrar Justice". – A presença forte já impregnava a sala, seus passos o levaram até a frente da mesa, fazendo com que os olhos da menor se levantassem.

"Oh, sim. Não percebi que o tempo correu..."

"Aqui." – O olhou confusa, mas ainda hipnotizada, pelo modo como seus ombros pareciam tensos e lábios contraídos. Foi se aproximando e, aproveitando da distração da fêmea (que o divertia), pousou a caneca a sua frente. Fez com que as mãos se roçassem suavemente. "Estarei no banho. A porta estará aberta, aprecio companhia".

Uma risada curta saiu dos lábios do macho, vendo um vinco se formando entre as sobrancelhas de Julie, ele tinha certeza que o rosto da mesma estava quente. Seu espirito animal se contentava em ver a rendição, mesmo que momentânea, da fêmea.

"Estaremos de saída em 40 minutos, gatinha. Espécies não gostam de esperar".

Julie piscou os olhos confusa, tudo no homem a deixava inebriada, Akin conseguia deixar uma escritora sem palavras. Talvez, muito talvez, não fosse a melhor ideia continuar em Homeland. Olhou para baixo, tocando as alças da caneca, café. Como ele poderia saber?




Mais uma vez se encontravam no carrinho de golfe, o mesmo do primeiro beijo, e o antecessor do... incidente? Sexo espetacular? Na mente de Julie ela preferia não pensar na noite anterior, bom, pelo menos não na frente do macho espécie, que parecia sentir no ar seus pensamentos pecaminosos.

"Nós vamos entrar juntos e, no pós, você irá sair da sala e me aguardar na recepção de Justice, teremos coisas a..."

"Eu não gosto do seu tom de ordem. Fale comigo como falaria com seus Espécies, e não como se fosse meu pai, ou pior, um dono falando com seu pet". – O nariz da fêmea se empinou, enquanto seu corpo parecia tenso, seus olhos encaravam o perfil de Akin, que observava o caminho, em atenção.

Akin - Novas espéciesOnde histórias criam vida. Descubra agora