Nancy: Uma nova realidade

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“Escuro para negócios escusos! Ainda há muitas horas antes da alvorada.” 
 



 

P.O.V. Nancy 

 
A

cordei atônita e já não estava mais no carro. Não o via em lugar algum e parece que não estava nem perto de poder achá-lo. Tentei me sentar para olhar em volta, mas falhei miseravelmente. Minha perna direita latejava de dor e minha cabeça parecia ter um sino em seu interior que não parava de bater. Só pude esticar minha mão até a perna para ter ideia do estrago. Senti tecidos a enrolando quase que inteira e algo diferente. Puxei delicadamente o que havia entre as faixas para ver. Algum tipo de era que não tinha cheiro de algo conhecido. Era como manjericão, mas doce e ardente ao olfato. Tinha cor marrom e um pouco de verde. Definitivamente não tinha ideia do que era aquilo. Moveu os olhos para identificar o local. Era uma pequena sala de piso de madeira liso, paredes de pedra creme e um teto abobadado verde claro. Via mesas ovaladas cor de carvalho e uma delas perto de sua cama com ferramentas de medicina natural em sua superfície. Um grande pilão de pedra, conjuntos de diferentes ervas, folhas e pequenas flores brancas. Uma adaga prateada com cabo de madeira retorcido envernizado com detalhes dourados esculpidos, algumas pedras de diferentes tamanhos e outros objetos que ela não compreendia. 

-Você acordou, finalmente. - Disse uma voz feminina vinda de trás junto de passos leves e apressados sobre a madeira. Ela apareceu a alguns passos de distância da cama. Era altíssima com um vestido liso e comprido verde que impediam a visão de sus pés. Ela sorria gentilmente ao se aproximar. Tinha cabelos escuros e compridos com pequenas tranças se enrolando uniformemente ao longo e se unindo umas com as outras no final de sua extensão. As orelhas... que orelhas eram aquelas... haviam pontas no momento que bati os olhos naquilo estreitei as sobrancelhas.  

-Algo de errado? Sente alguma dor, confusão mental? Você esteve apagada por três dias e duas noites. - Parece que ela se preocupou, mas não percebeu que eu a estranhava.  

-Por favor, me diga onde está a minha irmã. O carro, caímos da estrada... Ela tem cabelos escuros e curtos, estava comigo. Por favor, me diga que ela está bem. 
Ela me deu um olhar acalentador como o de uma mãe e um pequeno sorriso gentil. - Acalme-se criança. Estou cuidando dela também na sala ao lado. Ela ainda dorme e está bem. Não vai demorar muito para que a veja. Vocês estão seguras aqui. Agora me diga, de que terra vocês vieram? Príncipe Legolas ficou atordoado quando viu aquela máquina prateada gigante que as guardava. Chamou outros soldados da floresta para que o ajudassem a averiguar quando notou que haviam duas humanas em seu interior machucadas e indefesas. Foi difícil tirá-las de lá e...  

-E se não fosse por nossa boa vontade, teriam morrido por lá. Agora me diga, mulher. Quem são vocês duas? - Ele se aproximava a passos largos, mas parecia deslizar sobre o chão. Era ainda mais alto de cabelos compridos e loiros extremamente claros. Vestia roupas verdes e trazia em suas costas um grande arco e flechas douradas. Suas orelhas do mesmo formato que a da mulher. - Eu sei muito bem que o povo dos homens é interesseiro e mesquinho, mas não entendo a burrice que foi mandar as duas com pequenas armas de corte dentro daquela coisa gigante de metal. Seria algum tipo de arma que inventaram em segredo? Acho que Thranduil adoraria ficar sabendo disso. 

-Me desculpem, mas eu não faço a mais breve ideia do que isso queira dizer. - Começou com a foz falha pela dor, mas não desistiu e seguiu firme. - Nós não viemos de nenhum povoado de homens, ou seja lá o que vocês queiram dizer com isso. Aquela coisa gigante de metal caso vocês não saibam, o que eu acho surpreendente, é um carro e serve como meio de transporte. Não fomos mandadas por ninguém e nosso objetivo nem de longe seria vir para este lugar onde eu não tenho noção de onde seja. Estávamos viajando para casa de nossos tios quando sofremos um acidento no meio do caminho e, de alguma forma, viemos parar aqui. Eu não sei quem é Thranduil, nem sei onde estou ou quem são vocês, ou melhor... com toda delicadeza: o que são vocês. Nunca vi pessoas dessa altura, com esse tipo de roupa e, principalmente, com essas orelhas. Me desculpem, não quero ser indelicada depois de terem salvo a minha vida e a de minha irmã, mas alguém poderia me explicar o que está acontecendo e onde eu estou? 
O ar ao redor deles pareceu sufocá-los. O silêncio pairou como névoa e os dois elfos se olharam com uma expressão de confusão, ansiedade e mal pressentimento como se estivessem tendo o primeiro contato com uma criatura estranha. Levou alguns segundos até alguém se pronunciar. 

Um salto no escuroOnde histórias criam vida. Descubra agora