"Nenhuma mancha na Lua ainda foi vista
Nenhuma palavra foi colocada nos fluxos ou pedras [...]"
A melodia da canção soava soturna e embaralhada pelas pedras de Higmountain onde Lancel trotava carregando o último Lord.
Este por sua vez, contia a amargura de memórias frias ao visualizar mais uma vez a vida que foi tomada de si.10 anos antes - L
Luther Grakmar olhava de soslaio a mesa da cozinha onde a cozinheira fizera as tortas para o sexto dia do nome de Valery. A menina que tinha cabelos castanho escuros, ondulados e um tanto bagunçados, mas nada que não fosse de se esperar de uma criança brincalhona que adorava correr atrás do cão pastor de ovelhas da família e no final do dia sempre voltava suja de lama. Não era sua irmã, nem havia grau de parentesco. Era apenas a bastarda de seu pai, mas o rapaz a amava ainda assim como todos os outros seus irmãos.
-Podem vir...- Luther cochichou para quem viesse atrás dele. O cheiro da comida já estava entorpecendo os sentidos. E todos sabem que crianças com fome perto de um banquete não daria em boa coisa.
- A velha saiu para pegar mais cenouras, devemos ter uns cinco mi... Otto! Volte aqui! - O rapaz mexia as mãos freneticamente como se perguntasse “POR QUE?” de dentes trincados para que o mais novo, Otto voltasse para a formação de "resgate às tortas", mas o pequeno já estava entretido furtando um frango coberto de mel que serviriam no jantar de aniversário. Luther não teve outra opção senão pegar o garoto com frango e tudo e levar de volta para o corredor. Sendo que... quando se virou, Valery, Draco, Eadi e Thandos já estavam ao redor das tortas de amora e groselha colocando cada uma como podiam em seus braços. O plano foi para o saco. Algumas tortas a mais no colo dos pequenos e Luther tentando ajudá-los pondo pressa, saíram da cozinha deixando Otto com seu frango. Era uma criança pequena afinal de contas e o castigo não seria tão penoso, já que o menino já estava acostumado e se divertia com os berros e puxões de orelha da cozinheira.
Correram para o quarto do mais velho depositando sobre a cama todas as tortas juntamente de frutas que Draco, o mão leve, conseguiu pegar sem que ninguém percebesse. Draco era um garoto esperto de 13 anos. Magro, de cabelos castanhos com um brilho dourado e um sorriso travesso. Sempre que podia dava um jeito de pegar objetos dos irmãos e com o passar dos anos ficou tão bom nisso que poderia ser um pequeno ladrão, se esgueirando por entre a multidão e saindo de lá cheio de joias, objetos de ouro e prata e mais o que quisesse. Era o do meio, 3 anos mais novo que Luther.
Luther era alto e esguio. Com um cabelo tão escuro quanto vidro de dragão, como as lendas diziam. Tinha o olho direito da mesma cor que o cabelo e o direito castanho esverdeado e, cortando seu olho da sobrancelha a altura da narina, uma fina cicatriz esbranquiçada. Não lembra de como ficara assim. Seus pais diziam que o acharam desmaiado entre as ovelhas com o sangue fresco sobre o corte. Enquanto seu olho se curava era colocado unguentos e ataduras em seu rosto, mas quando enfim sarou e ele pode abrir ambos os olhos, a nova coloração se revelou, apesar da perfeita visão.
O meister nada sabia sobre aquele tipo de fenômeno, mas enquanto o garoto enxergasse, estava tudo bem. Já era motivo de gratidão não ter perdido o olho ou a vida para lá o que tenha sido a criatura.
Os gêmeos de 9 anos eram quase idênticos se não fosse por um usar calças e a outra saia e avental. Thandos era um rapaz robusto e forte. Aprendia a cuidar das ovelhas e do terreno com os servos de sua casa. Eadi, uma menina forte como o gêmeo, não se deixara para trás. Leitora assídua como o pai e habilidosa com artesanato como a mãe. A voz de ambos era um chicote. Os cabelos castanho escuros como o de Valery, mas levemente ondulados, curtos e arrumados. Andavam pela fortaleza juntos como siameses até Thandos achar uma terra para arar por diversão e Eadi sentar-se em uma pedra e puxar um dos livros da grande biblioteca.
Ao final daquela tarde já tinham repartido as tortas e deixado algumas para Otto. O garoto de 5 anos roliço, ruivo, se olhos amendoados e claros. Adorava cavalos e no sexto dia de seu nome ganharia um pônei como seu pai havia prometido, em troca de uma boa criação e cuidados do pequeno para com seu filhote. Assim o ansiava.
Era uma boa vida. Recebiam notícias de King's Landing com certa frequência, ouvindo sobre os decretos do rei louco, e os pais de Luther, Morgana e Rodrik Grakmar agradeciam em silencio seus antecessores por nunca terem ido viver em Westeros. Não sabiam o que haviam acarretado... não demorou muito depois do dia do nome de Valery para as coisas fugirem do controle e serenidade que era Highmountain.Dias atuais
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Eu juro, Lancel.. eu nunca poderia imaginar que roubar tortas da cozinha com minha família seria uma das poucas memórias que me fizeram resistir à morte até hoje. - O cavalo relinchou se aproximando do homem. Hoje com uma espessa barba negra, vestido de couro cozido furtado, uma longa capa verde escura cheirando a sangue velho com as barras sujas de lama, botas de ferro e armado de adagas até os dentes com um arakh também roubado escondido sob a capa. Seus olhos tinham um brilho prateado e frio. Tão frio que quem o olhasse poderia sentir toda a ira do mundo sobre suas costas. Sua cicatriz continuava lá, mas Luther fez questão de deixá-la ainda pior. Uma noite, bêbado sob uma taverna de King's Landing chamou para brigar alguns mercenários tão bêbados quanto ele. Disse que se conseguissem acertá-lo no rosto, pagaria a próxima rodada.
Luther recebeu boa base sobre duelos quando novo e pôde aperfeiçoar nas batalhas que participava inclusive as que Rei Robert tanto adorava realizar em Westeros. Veio um mercenário, outro, e mais outro... a cada um Luther cuspia sobre seus nomes e o motivo deles viverem sendo tão patéticos. Arrogante e raivoso acabava com qualquer que se metesse em seu caminho, mesmo por acaso. Não durou muito. Dois dos mercenários o agarraram por trás e pelos braços enquanto o maior deles o que chamavam Modrun, um homem alto e largo de modos brutos e espaçosos, careca, de dentes amarelos podres e com um grande nariz que pareciam que a qualquer momento sairia fumaça daquelas narinas, esculpia uma nova cicatriz sobre a antiga dr Luther lentamente. -Parece que o jovem lord não é tão forte quando diz ser, não é? - Cuspiu cada sílaba e riu grotescamente Luther ria alto, alto demais com uma voz rouca e histérica. Quando terminaram, largaram-no na lama ao lado dos cavalos e Luther ali ficou. -No mundo dos homens não se chama os maiores que você para brigar, garoto. A menos que queira ser comido por cada um deles. - Riu de escárnio. -E da próxima vez que cruzar o meu caminho, o prendo e levo no lombo de meu cavalo para quando quiser foder com algum rabo que eu não possa pagar. -
O rapaz nada fez, nada demonstrou. "O medo corta mais fundo do que as espadas" se lembrou. Mas o mesmo também não era sujeito de tremer e se mijar perante uma ameaça tanto de morte quanto de violação pois assim são os homens sobre a terra. Podres de dentro para fora. Ele nada mais sentia. Apenas a morte ao redor e o desejo de sangue e vísceras. Isto para talvez, apenas talvez, sanar sua consciência pesada.
Decidiu descansar para o dia seguinte, o Torneio da nova Mão: Lord Eddard Stark de Winterfell. E que os deuses, sejam eles quais forem, o fizessem cruzar o caminho daquele que tanto almejava há tanto tempo matar. Gregor, o Montanha.
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Um salto no escuro
Fanfiction"[...] O custo pode ser a minha vida, mas eu juro que nenhuma mulher jamais precisará novamente abaixar a cabeça perante qualquer homem. Dou a minha palavra. [...]" "[...] Você não é um monstro. Nunca foi, nunca será. Quando vejo seus olhos vejo tod...