your goblet of wine- moonlightlovers

The letter- 4

Fazem exatamente dois dias que estou trancada neste quarto. Ainda não caiu a ficha que estou presa numa casa com... vampiros?

A minha dor no ombro estranhamente melhorou, apesar de ainda doer um pouco.

Mas agora que talvez tenha voltado um pouco há realidade, eu não posso esperar morrer de fome ou desnutrida aqui dentro confinada. Tenho que tentar viver mesmo nestas circunstâncias. Não adianta mais lamentar, não tem como voltar atrás. Recapitulando tudo o que Raphael contou-me, eu sou o cálice de Ethan, eu sou basicamente uma taça de vinho infinita, infinita até que a morte me apanhe. Apesar de recuperar-me com mais facilidade do que o normal, continuo uma mortal como qualquer outra. Sinceramente não me lembro de muito mais, eu só lembro de no final da nossa conversa sair a correr do pequeno salão em quando chorava descontroladamente em choque.

Levanto-me e vejo que já é quase de noite, devo ter por volta de uns 30 minutos antes de todos acordarem.

Decido finalmente destrancar a porta sem fazer barulho e tomar um bom banho, estou imunda diga-se de passagem.

Chego de toalha a meu quarto para me secar melhor e sinto uma dorzinha aguda ao enxugar o meu ombro.

Visto umas calças mais largas e um top com alças bem finas para não me machucar mais. Deixo os meus cabelos secarem ao natural e finalmente decido sair. Já se passaram 1 hora, ou seja, todos estão por aí.

Assim que desço as grandes escadas vejo Raphael. Ótimo!

Ele é o mais gentil, com certeza poderei pedir ajuda com o meu ombro.

-Raphael!- Digo descendo as escadas correndo

Ele vira a cabeça na minha direção e para.

-Tudo bem Elisabeth?- Ele diz chegando mais perto

-Na verdade não. Estou com dores no meu ombro e não sei o que fazer, não posso propriamente ir a uma farmácia e comprar remédios- sorri apesar de ele não conseguir ver.

-Oh claro que a brutalidade de Beliath não iria passar despercebida em um corpo tão frágil. Venha comigo. -Ele diz pegando no meu braço e guiando-me pelas salas. Chegamos a um salão de jantar onde Ethan e Ivan estavam sentados.

-Decidiu deixar de drama e sair da torre?- Ethan diz se levantando e rindo. Ivan continuou a me olhar, parece não acreditar que estou ali.

-Tão amável como uma pedrada Ethan- Digo sorrindo sarcasticamente

-Ethan, que tal me ajudar a cuidar do ombro dela? Não deve ser nada de grave, mas se nem os poderes de cálice curaram é melhor verificar- Raphael senta-me ao lado de Ethan.

-Porque ele?-Pergunto baixinho para Raphael

-Para sua informação, docinho, eu sou muito reconhecido pelas minhas habilidades medicinais- Ethan responde como uma cobra cuspindo veneno.

Ethan está a aplicar o que acho ser alguma espécie de pomada para dores musculares em quando Ivan e Beliath foram comprar comprimidos.

Raphael foi a sua vida e eu e Ethan estamos sozinhos.

-Bom dia!- Beliath diz aparecendo na porta, lanço-lhe um olhar mortal. Filho da puta.- Oh ratinha não precisa ficar com raiva, apenas me descontrolei um pouco a força, mas você precisava ouvir a bem ou a mal.- Ele sorri e se aproxima.

-Não me chame assim, eu tenho um nome sabia?-Digo-me virando um pouco

-Você ainda não nos revelou o seu nome, apenas Raphael e Vladimir sabem. Para além que Ratinha é um nome que fala muito sobre você- Ele sorri ainda mais.

QUE RAIVA DELE PUTA QUE ME PARIU

-Beliath chega, não a irrite mais- Aaron aparece na porta acompanhado por Vladimir e Raphael.

Não demora muito para Beliath mostrar os medicamentos e fazer-me tomar os mesmo a em frente a TODOS

Agora que estou em mim reparo que eles são realmente muitos, 6 para ser exata.

Ivan, Ethan, Beliath, Vladimir, Raphael e Aaron.

Os meus queridos companheiros de casa.

-Porque todos estão me olhando?- Pergunto para a sala no geral.

-Bom, nos gostaríamos de saber como você chegou até aqui, não é assim tão raro, mas geralmente as pessoas não exploram tanto.- Raphael diz sorrindo

-Esta casa é minha! Sou a herdeira dos meus pais, era uma única coisa que me sobrava deles! - Disse levantando a voz e sentido os meus olhos ficarem cheios de água. Estou farta que falem da casa como se fossem deles!

-Ah, isso muda toda a história ...- Raphael diz pensativo

-Pois muda.- Vladmir fala pensativo

Um minuto de silêncio.

Encaro Vladmir com mistério. O que se passa?

-Eu peço desculpa...- Ivan diz quebrando o silêncio.

Quando ele chegou?

-Eu estraguei a sua única lembrança deles. -Ele diz baixando a cabeça. Sinto que ele está a ser sincero.

Num gesto de mostrar que "não faz mal" sorri para ele, que chegou mais perto.

-Bom, continuando. O que aconteceu com você? Como chegou até aqui exatamente? O que aconteceu com os seus pais? - Vladimir diz se sentando, os outros o acompanham

Preparo-me para responder. É inútil fazer charme, eu tenho medo de que eles possam fazer.

- Bem, naquela noite em que cheguei aqui para finalmente sair do orfanato. Passei lá praticamente toda a minha vida. Não faço ideia de quem eram os meus pais. Na verdade, nem sei o que é uma família. Nunca tive uma. Sei que vivi aqui durante um ano e depois fui para uma casa de adoção. Até onde sei, não tenho mais família alguma. Na noite antes do meu aniversário de 18, recebi duas cartas que pediam para serem abertas apenas no grande dia. Uma delas, era uma carta dos meus pais e a outra era este endereço. Na carta dos meus pais, disseram claramente que herdei esta casa, que antes lhes pertencia. Era uma carta de despedida. Como se a tivessem escrito antes de morrer e pedido ao assassino para me entregar. - Terminei, e todos me prestaram uma atenção intensa. Vladimir parece querer dizer algo, mas cala-se. 

Todos parecem guardar algo para si.

-Bom, praticamente tudo o que este aqui nunca foi mudado. Retirando os quartos que foram redecorados, talvez ache algo dos seus pais - Raphael sorriu. Ele é tão simpático.

-Espero- Digo sorrindo para ele, apesar de ele não conseguir ver.