Born to be wild

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Quando eu li as lendas que regem o Novo Mundo pela primeira vez, o que mais me encantou foi que os animais se juntaram com pares distintos. Não seus semelhantes.

Eles escolheram quem queriam para a eternidade, e então apenas esperaram pela encarnação que viria após a morte. Eles sabiam que não seriam iguais, que sempre mudariam, e que não teriam controle sobre o corpo que habitariam. Mas o amor deles era forte o suficiente para poderem se procurar por anos a finco.

Quando li as lendas que regem o Novo Mundo pela segunda vez, achei que era tudo uma grande merda. Que se dane que os animais se juntaram distintos para acabar com o massacre da cadeia alimentar, que eles se amam, que eles não se controlam, que eles se buscam. Eu só queria que todos fossem realmente é se foder.

Quando li as lendas que regem o Novo Mundo pela terceira vez, comecei a notar que eu fazia parte disso e que, se eu odiava tanto, a mais fodida era eu.

Então, quando passei pelas portas do centro comunitário depois da entrega da amostra do meu sangue, já estava consciente de algo: iria sair daquele prédio à tarde, mas sairia casada.

Era isso que me assustava. Casar. Não simplesmente casar. Mas casar com a minha idade, tão jovem assim. Tem certeza que é necessário? É a pergunta que eu costumava fazer a minha mãe.

— Vai ficar tudo bem. — minha mãe sorriu. Daqui pra frente, eu tinha que ir sozinha.

Quando a evolução de genes começou a se espalhar, a lenda, que citei no começo, finalmente começou a fazer sentido. Nós somos as encarnações, e dentro de cada um de nós, a um animal. Ele bate com o nosso coração, e quando encontra o seu par, pode se comunicar com a gente. O que eu tenho também um sério medo que aconteça. Afinal, como vai ser essa coisa? Ele vai tipo, falar dentro da minha mente? Como um pensamento? Vai se materializar a minha frente? Fêmeas só encarnam em mulheres? Ai, eu estou tão confusa.

Por um momento eu queria ser totalmente pega de surpresa e ouvir que aquilo não passava de uma piada. Uma piada global, mas uma piada. Mas aquilo era mais real do que eu pensava, quando uma mulher me ajudou a chegar numa sala que eu nunca tinha visto naquele prédio, não tinha volta.

As cadeiras estavam arrumadas e havia um palco na frente, com um telão no fundo. As garotas estavam de um lado, os garotos do outro. Havia um corredor no meio.

Pelo menos não era um palco 360 graus. Já pensou? Vergonha em 360 graus? Nossa.

Dirigi-me para o lado das garotas e escolhi uma cadeira qualquer. Uma garota sentou ao meu lado, ela chorava, tinha um lenço na mão, mas parecia que ele já não servia pra nada.

— O que foi? — perguntei, não de compaixão, mas irritada com o barulho do choro dela.

— Eu... — ela respirou fundo. — eu tenho, um namorado. — e então começou a chorar mais alto.

Não soube o que fazer no momento. Devia colocar minha mão nas costas dela? Dar uns tapinhas? Ou fazer o que eu faço de melhor com todo mundo, ignorar?

Eu não queria ignorar, até porquê eu entendia o que ela estava passando, mas havia acabado meu namoro no ano passado, pra não sofrer, já ela deixou as coisas chegarem a esse ponto.

Olhei do outro lado, o lado dos garotos. Havia um, de costas bem largas e alto, sentado curvado, olhando para onde estávamos, ele tinha os olhos avermelhados e deduzi que só podia ser o namorado dela.

Wild Heart | Liam Payne fanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora