Grenade

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Quando meus olhos se abriram, esperei pela claridade os fechando de novo, mas no lugar em que eu me encontrava estava escuro o suficiente apenas para o fato de que fiquei muito tempo de olhos fechados me impedir de mantê-los abertos.

Me sentei sentindo frio nas pernas, enquanto esfregava os olhos e dava uma olhada em volta. Era o velho galpão da minha infância. Me lembrava que havia decidido vir aqui, mas não lembrava como tinha chego. Tudo parecia meio misturado a um sonho, pois me lembrava claramente de estar conversando com a Leoa sem vê-la de verdade, e então, pronto, eu estava acordando.

Senti falta das minhas roupas assim que juntei os joelhos no peito. Minha calça jeans favorita, onde ela estava agora? Rasgada em pedaços, com certeza. Abandonada no meio da estrada, total.

O engraçado é que eu estava de calcinha e com uma enorme blusa de frio de moletom de uma escola que eu nem sabia o nome. O símbolo era diferente demais pra tentar adivinhar, e tinha um cheiro de colônia masculina forte, mesmo que parecesse cheiro guardado, como quando você usou demais e de repente parou de usar.

Lentamente fui me levantando, me sentia mole e a ponto de cair, estava confusa e com fome, pra variar.

Minhas pernas me levaram para uma das saídas laterais, por onde provavelmente entrei, já que era a qual estava mais próxima. Apoiei as mãos e o portão rangeu um pouco, meus olhos foram bombardeados pelo céu cinzento e um vento forte. Perdi o ar quando avistei Liam e Harry conversando ao lado de Katy.

Ele estava ali. Ele estava segurando roupas rasgadas na mão e não parecia nada feliz conversando com Harry. Ele devia estar muito irritado por eu ter fugido. Talvez ele me odiasse agora. Não. Na verdade, ele me odeia mesmo. Ele disse isso. Liam disse que me odeia.

Olhei novamente para onde eles estavam e os dois me encaravam. Liam disse algo para Harry, que se virou em direção a sua moto, que só agora notei, e foi embora. Liam jogou as roupas para dentro da Katy e começou a correr na minha direção.

Estava sem forças para sair dali, lembrar de tudo fez um sentimento de moleza tomar conta do meu corpo, era como se, se eu soltasse o portão iria diretamente para o chão, numa queda livre. Olhei para trás em busca de um lugar para fugir, não queria encará-lo agora, não queria ter que encará-lo nunca mais.

Meus pés se moveram dois passos de uma vez e minhas mãos se soltaram, eu teria ido ao chão se no mesmo momento os braços de Liam não tivessem se passado por minha cintura e quadril, me agarrando e colando minhas costas em seu peitoral largo.

O ar escapou de mim espontaneamente. Minhas mãos pousaram sobre os antebraços de Liam e eu esqueci de tudo. Sentia o coração forte e acelerado dele batendo nas minhas costas, seu corpo quente segurando o meu, a respiração batendo no meu pescoço através de meus cabelos. Meus pés não tocavam mais o chão e a minha mente girava.

Ele me odeia. Eu o amo. Ele também me ama. Como eu odeio amá-lo. Por que nada podia ser simplesmente amor? Por que nada podia ser fácil? Por que ele precisava ter encarnado justo na minha vez? Se fosse para sofrer assim, eu preferia ter ficado sozinha, ter morrido. Talvez o meu egoísmo seja bem diferente do que a garota que veio antes de mim teve. Ela queria alguém, e eu tinha alguém, mas não queria. Liam me fazia sentir tão bem para depois me jogar no fundo de um poço. Essas subidas e descidas estavam acabando comigo, e nada parecia parar essa montanha-russa que a vida tinha se tornado.

— Não fuja de mim. — ele sussurrou no silêncio dos meus gritos internos, me segurando mais perto e engolindo o que parecia engasgá-lo. — Não fuja.

Wild Heart | Liam Payne fanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora