Capítulo 3

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Chegay!

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Antônio

Por um breve momento, permito-me olhar a mulher que está a minha frente. Lara Matias, trinta e cinco anos e deslumbrante com os seus cabelos em um tom de loiro escuro. Corpo magro e atraente para caras que curtem esse estilo. Não é o meu caso, nunca. Pelo menos, não que eu me lembre.

Fomos criados juntos, ou os mais próximos que os nossos pais conseguiram. Quando criança eu a achava enjoada demais para suportar as suas frescuras, quando adolescentes, eu estava mais interessado em agir como um rebelde sem causa, juntamente com os meus amigos do colégio. Até os dezoito anos estudamos juntos no mesmo colégio. Lara era uma das garotas mais belas entre os adolescentes com os hormônios em polvorosa, todos a queriam, mas não eu. Porra! Para mim, a garota era só a boa e velha Lara, filha de um amigo do meu pai.

Depois dos dezoito nos afastamos, cada um seguiu o seu caminho, mas nossos pais começaram a desejar que os filhos ficassem juntos, e sei que era mais para estreitar os laços dos negócios do que os de amizade, afinal, a editora já existia como é hoje, e, para eles, não tinha problema algum com unir o útil ao agradável.

— Namorada? Você tem certeza? — indago sem muito humor, não me sentindo nem um pouco mexido com a sua aproximação.

Não vou dizer que nunca aconteceu nada entre a gente, pois estaria mentindo se fizesse. Teve uma única vez em que me esqueci de que nunca senti nada por ela e de que seria uma péssima ideia termos algo além de amizade.

— Tem certeza? — pergunta e tenta tocar os meus lábios com a boca. No mesmo instante viro o rosto e o beijo acaba sendo na bochecha.

Mas nem ferrando que vou deixar outra me beijar! Seria como trair a minha pequena, ainda que ela esteja a quilômetros de distância, portanto, sem possibilidade de descobrir. Mas eu saberia e não quero mais um segredo para esconder dela.

— Antônio, para de brincadeira, esse não é o momento de agir como um idiota. Você sabe muito bem o que aconteceu entre a gente na última vez que nos encontramos e, com pelo que me lembro, em um evento como esse.

Assim como hoje, há alguns meses, na mesma semana em que decidi ir para Santa Rita com Diego, meu melhor amigo, tive de sair da minha empresa para comparecer a um evento literário como esse, só que na casa dos Matias. Estava insatisfeito no jardim e com uma bebida — um pouco mais forte do que a de hoje — na mão, quando Lara se aproximou. Ela se sentou ao meu lado em uma cadeira no jardim e, no meio da conversa que engatamos, ela me pareceu agradável e eu nunca tinha visto essa mulher como uma companhia.

Hoje eu entendo, ou só uso como desculpa para tentar me redimir pelos meus erros, que tudo foi fruto da bebida, mesmo porque, mal lembro do que tanto conversamos para ter me feito ir ao seu quarto. Acabamos fazendo sexo, também não me lembro quase nada dele, e, na manhã seguinte, acordei com ressaca moral e física.

Não gosto de pensar que a minha ida à Santa Rita tenha sido uma tentativa de fuga, porque a minha insatisfação com a monotonia da minha vida ia muito além do erro de ter dormido com a última mulher com quem deveria fazer isso, mas não posso negar que foi uma ajuda providencial. Melhor ainda foi a sua viagem à trabalho antes mesmo da minha partida. Desde então, nunca mais nos falamos. Aquela noite nunca chegou a ser mencionada, quase como se nunca tivesse acontecido.

Como a minha vida é cheia de "quases", eu quase cheguei a pensar que tinha me safado dessa. Que o que aconteceu entre nós foi uma alucinação minha ou que seria sortudo o suficiente para nunca ouvir da sua boca uma palavra sequer sobre o assunto.

Segure-me em seus braços (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora