Capítulo 1 - Terminal 3.

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Embarco semana que vem para o Canadá e estou estranhamente calma, talvez aconteça igual quando conheci os cantores da minha banda preferida, The Maine, que na fila estava tudo bem, mas quando os vi de perto quase tive um treco e a vontade era de gritar e correr, tremia mais que vara verde. Talvez quando chegar a hora a ficha caia, geralmente é assim, como tenho muita ansiedade procura não pensar nas coisas que me fazem ficar mal, e sim eu faço terapia e continua lidando com as coisas assim, no modo da negação e reagir quando estiver acontecendo. Coitados dos comissários e de quem se sentar ao meu lado. 

Por enquanto as festas de despedidas tem sido apenas reuniões com meus amigos e familiares, se pensar que vou ficar um bom tempo ser vê-los da até vontade de não ir. 

No momento tenho apenas feito minhas malas, eu amo fazer malas de viagem, estranho, eu sei, mas adoro. Toda essa preparação antes da viagem para mim sempre quase tão legal e proveitoso quando as próprias viagens. Eu amo planejar, amo fazer roteiros, planos, talvez turismo tenha sido sim a faculdade certa, mas não será a única, vou montar minha formação ao redor disso, mas quero abrir meu leque de possibilidades, quero me especializar, quero ser bem sucedida e um dia ser a pessoa que chamam para fazer palestra e mostrar sua linha do tempo de carreira bem estruturada. 

                                                                                                ...

A semana passou super rápido e o dia finalmente chegou, estou acordada olhando para o teto esperando o despertador tocar, para levantar me trocar e ir para o aeroporto. 

O despertador toca às 04:00 am, estou acostumada com esse horário é o que geralmente acordava para ir trabalhar, vou me levanto vou até o banheiro tomar banho e escovar os dentes. 


- Bom dia mãe, bom dia pai. 

- Bom dia fi. - diz minha mãe 


- Bom dia. - responde meu pai.

Eles acordaram junto comigo para me ajudar a terminar de arrumar coisas e irem me levar até o portão de embarque. 

Minha mãe não está muito contente com a ideia de eu ir embora, ela sabe que é muito provável que eu não volte, e como sempre foi muito super protetora e apegada, está sendo um pouco difícil de aceitar. Meu pai já é mais desprendido, e sempre me encorajou que eu fosse seguir meus sonhos, não que minha não faça isso, ela faz e muito, mas só queira fosse mais perto e por menos tempo. 

Moramos relativamente perto do aeroporto, 25 minutos de carro, então não temos problema com o horário, eu sempre fui uma pessoa extremamente pontual, para mim chegar na hora é chegar atrasada. Acho que parte disso é da insegurança e da ansiedade, gosto de chegar antes para reconhecer o lugar, saber para onde vou, ou quem preciso falar, e se outras pessoas estão envolvidas detesto chegar e já ter várias pessoas, bem aquela cena que você entra e todos olham para você, então, eu odeio esse momento. Por isso chego antes, fico no meu canto e falo quando sou chamada. 

Chegamos com bastante tempo de sobra no aeroporto, vou até o guichê da companhia, faço meu check-in, despacho minhas malas, e vamos até a praça de alimentação. São 07h30 am, e meu voô decola às 9h. 

Vou para a fila da Starbucks para fazer meu pedido 

- Bom dia, bem-vinda ao Starbucks! Qual seria o pedido?

- Bom dia, gostaria de um latte de caramelo venti, iced, e sem creme, e  um bolo red velvet. 

- Algo mais? 

- Mãe, Pai, querem alguma coisa?

- Não, obrigado. - Diz meu pai.

- Quero um pão de queijo, e só, obrigada. - Responde minha mãe. 

- Mais um pão de queijo, por favor. 

- Ok, fica um total de R$ 38,50. 

- Pagamento em cartão de débito

- Pode inserir. Digite a senha. Qual o nome? 

- Joanna, com dois 'n's. 

- Só aguardar chamar pelo nome, obrigada, tenha um ótimo dia! 

- Obrigada, para você também! 

Decidimos sentar no balcão que fica de frente para a janela que da para ver os aviões estacionados, jogamos conversa fora enquanto comemos, falamos sobre os aviões, os tamanhos, as companhias, os destinos, e diversas outras coisas. 

Olho no relógio do celular, 8h10. 

- Acho melhor já ir para o portão de embarque. 

Levantamos e vamos até o a parte de embarque, dali para frente eles não podem mais ir comigo. 

- Você vai ligar em todas as paradas, e mandar mensagem sempre que puder! 

- Claro, mãe! Sempre que conseguir eu dou notícias. Mas não fica nervosa se demorar, é um voo longo e nem sempre terei wi-fi. 

- Ta mas não me deixa louca esperando. 

- Vou tentar - dou uma risada e abraço ela. 

- Não chora mãe, a gente vai se falar sempre, quando puder eu venho visitar e vocês também vão lá me visitar! 

- Ok. - responde minha mãe tentando limpar as lágrimas. 

- Pegou tudo? - fala meu pai enquanto o abraço, agora quem segura as lágrimas sou eu. 

- Peguei sim, tudo na mão. 

- Agora preciso ir, amo vocês mais que tudo! 

- Vai com Deus, te amo! - diz meu pai

- Vai com Deus filha, que os anjos do Senhor que livrem e te guardem de todo mal e perigo, amém! - diz minha mãe, ela sempre disse isso, minha vida toda, quando íamos para lugares diferentes, ou apenas para dormir. - Te amo! 

Já não consigo segurar as lágrimas, dou mais um abraço apertado neles, e sigo para o embarque, entrego minha passagem, a funcionária escaneia e me devolve, entro na área de embarque internacional, vou até o banheiro. Olhando no espelho respiro fundo, e falo para mim mesma "é agora que a aventura começa". 

Saio do banheiro, e vou procurar meu portão de embarque, é no número 27, estou perto do 5, então vou caminhando e olhando em volta, muitas lojas,free shop, decido comprar um doce. 

Chego perto do meu portão, e escuto uma voz primeiro em português:

- Voo com destino a Montreal, escala em Toronto, Air Canada, portão 27 do terminal 3, embarque liberado. 

O Trem para MontrealWhere stories live. Discover now