Capítulo 14 - [Flashback] Primeiro encontro

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JÚLIA P.O.V

São Paulo, março de 2017

—Onde estamos indo? –perguntei assim que Pedro deu partida no carro.

Ele riu. Imagino que seja por causa da minha pergunta. Ontem, Pedro e eu tínhamos nos encontrado na faculdade e ele me chamou para sair. Eu aceitei mesmo sem saber para onde ele me levaria. Ele disse que era "surpresa".

—Você não gosta de surpresas, né? –ele perguntou me olhando de relance.

—Não –respondi mordendo meus lábios. Pedro riu.

—Estamos indo ao Ibira. Vai ter um evento bem legal lá e isso é o máximo que eu vou te dizer –Pedro respondeu e eu suspirei decepcionada. Na melhor parte ele parou de falar.

—É sério que você vai me deixar curiosa? –perguntei olhando-o.

—Sim –ele respondeu me olhando de relance, com um sorriso lindo nos lábios.

Revirei os olhos e virei minha cabeça para o lado, olhando a paisagem do lado de fora da janela do carro.

Pedro e eu já nos conhecíamos há mais de 1 mês. Conversávamos por mensagem desde fevereiro, mas tínhamos nos conhecido pessoalmente só em março. Jogávamos tênis juntos e às vezes nos esbarrávamos pelos corredores da PUC – ele fazia economia e eu, jornalismo, nem sempre nossos horários batiam.

Temos uma certa intimidade, adquirida por causa das nossas muitas trocas de mensagem e por causa do tênis, mas isso não diminuía o nervosismo que eu sentia por estar dentro do carro de Pedro, sentada ao lado dele, indo para um encontro com ele. Pelo contrário, o fato de ele ser um cara legal, gentil, inteligente e muito bonito – com certeza o homem mais bonito que eu já conheci em toda a minha vida –, só me deixava mais nervosa. Não saber o que ele queria comigo, também era um fator que me deixava nervosa.

—Você quer colocar sua playlist no carro? –Pedro perguntando chamando minha atenção.

Eu estava tão concentrada em tentar manter a calma, que nem tinha percebido o silêncio (desconfortável) que tinha se instalado dentro do carro.

Parei de prestar atenção na janela e olhei para Pedro, que me olhava.

—Eu não sei se você vai gostar da minha playlist –falei sorrindo envergonhada.

—Acho difícil. Não tem uma coisa em você que eu não goste –Pedro respondeu naturalmente, mas quando percebeu o que tinha falado, tentou consertar —Quer dizer... Digo... O que eu queria dizer –Pedro se embolou todo.

Ri do nervosismo dele e me senti melhor por perceber que ele também estava nervoso. Sinal que ele também tinha expectativas sobre aquele encontro.

—Não precisa se preocupar, Pedro. Estamos em um encontro, é óbvio que temos sentimentos pelo outro, caso contrário não estaríamos aqui. Não tem porque tentarmos esconder isso –atrevi-me a dizer. Pedro me olhou de relance.

—Obrigado por falar isso, talvez agora minha mão pare de soar frio –ele falou rindo nervoso e limpando sua mão na calça.

—Se você soubesse como está o meu coração... –confessei rindo nervosa.

Pedro diminuiu a velocidade do carro, porque se aproximou do semáforo fechado a nossa frente, ficou com o pé no freio, virou para me olhar, pegou minha mão e levou-a até seu coração. Senti os batimentos do coração dele batendo freneticamente. Parecia que ele iria enfartar a qualquer momento.

Não consegui falar nada, apenas olhei para o rosto de Pedro, que me encarava com um sorriso nervoso.

—É assim que meu coração fica quando te vejo, Júlia –Pedro falou me olhando.

PepêOnde histórias criam vida. Descubra agora