Capítulo 13 - Nova rotina

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JÚLIA P.O.V

São Paulo, outubro de 2023

Depois que Pedro me deixou em casa, dei "oi" para meus pais, contei um pouco da viagem e fui para meu quarto desfazer minha mala. Desfiz, fui tomar um banho para tirar o suor do corpo e fui para a cozinha, onde meus pais faziam o jantar.

—Então, amor, vou ter que arranjar outra secretária para ficar no lugar da Maria Aparecida. Ela preferiu tirar as férias mesmo –ouvi meu pai falar. Eu estava chegando na cozinha.

—Você já tem alguma candidata ou vai ter que procurar às cegas? –minha mãe perguntou preocupada. Parei na porta da cozinha.

—Não tenho nenhuma candidata, geralmente quem cuida disso é a própria Maria. Ela arranja alguém da confiança dela –meu pai falou.

—Eu posso ficar no lugar dela! –falei da porta da cozinha.

Meu pai, que estava cozinhando no cooktop, e minha mãe, que estava sentada na banqueta que tinha na ilha de mármore carrara da cozinha, olharam na minha direção, assustados. Eles não sabiam que eu estava ali, ouvindo a conversa deles.

—Como assim? –meu pai perguntou.

—Isso mesmo que vocês escutaram, eu posso ficar no lugar da Maria Aparecida até as férias dela terminarem –falei sem conseguir argumentar, porque minha mãe me interrompeu.

—Nem pensar –ela disse.

—Por que não?! –perguntei meio exaltada.

—Seu pai é o dono da clínica, você é a herdeira dele. De jeito nenhum você vai trabalhar como secretária dele. Deixe essa função para alguém que precise de emprego –minha mãe respondeu.

—Mas, mãe, pensa comigo –falei me aproximando dela —Eu estou sem fazer nada o dia inteiro, não trabalho, só jogo tênis, fico na piscina e assisto ao pôr-do-sol. Eu não aguento mais ficar em casa o dia inteiro sem fazer nada. Esse trabalho vai ser ótimo para eu voltar a ter contato com pessoas e começar a pensar que profissão eu quero seguir daqui pra frente, porque ficar sendo bancada por vocês pelo resto da minha vida não está nos meus planos –argumentei.

—Não sei... –minha mãe falou não convencida.

—Pai, o senhor não acha que é uma boa ideia? Eu vou sair de casa, vou ver pessoas, vou criar novos hábitos, além de te ajudar no trabalho. O senhor já ia ter que contratar alguém mesmo, contrate a mim. Eu sou de confiança –apelei para meu pai.

—Eu não vejo problema algum, pelo contrário, acho que vai ser bom para você, mas quem decide é sua mãe –meu pai respondeu jogando a bomba para minha mãe. Olhei para minha mãe.

—Então, mãe? –perguntei olhando-a com uma carinha pidona.

—Não sei, Júlia. Não sei se é uma boa ideia você assumir esse tipo de responsabilidade. Você pode acabar se estressando e... –interrompi-a.

—Mãe, uma hora minha vida vai ter que voltar ao normal. Eu vou ter que voltar a trabalhar, vou ter que voltar a sair de casa, vou ter que passar por situações reais com pessoas reais. Não posso permanecer presa em casa, debaixo da asa de vocês, para sempre –falei meio brava.

Meus pais ficaram em silêncio e baixaram a cabeça. Uma onda de irritação brotou dentro de mim. Dei-me por vencida.

—Tá bom. Você pode trabalhar com seu pai –minha mãe falou quando eu menos esperava.

—É sério?! –perguntei super contente.

—Sim –minha mãe respondeu não muito feliz.

—Muito obrigada, mãe! –respondi abraçando-a —E pai também! –respondi correndo para abraçá-lo. Meu pai riu —Quando posso começar? –perguntei ansiosa.

PepêOnde histórias criam vida. Descubra agora