Capítulo 6 - Repouso

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JÚLIA P.O.V

São Paulo, setembro de 2023

15h04min

—Posso entrar? –ouvi a voz da minha amiga Roberta do lado de fora da porta.

—Pode sim –respondi.

—Com licença –minha amiga falou e abriu a porta.

Junto com ela, uma mulher linda de meia idade entrou no meu quarto. Era Cristiane, a mãe do Pedro.

—Cristiane –falei surpresa.

Cristiane e minha amiga Roberta caminharam na minha direção. Eu estava sentada com as costas apoiadas na cabeceira da minha cama. Como o médico tinha mandado fazer, eu estava de repouso.

Minha ex-sogra segurava um imenso buquê de rosas vermelhas.

—Desculpa vir sem avisar. Fiquei que você já tinha recebido alta, então eu quis vir te visitar logo, para te deixar descansar tranquila –Cristiane falou com um sorriso carinhoso no rosto —Eu quis te visitar no hospital, mas achei melhor esperar você receber alta. Estar internada no hospital não é legal, eu não sabia como você estava lidando com isso, então achei melhor esperar mesmo –ela justificou.

Sorri para Cristiane. Eu não tinha palavras para expressar o tanto que aquele discurso dela tinha significado para mim. Eu via no olhar da minha ex-sogra o carinho imenso que ela tinha por mim. Essa mulher era maravilhosa.

—Muito obrigada pela visita e pelo apoio. Não sei nem o que te falar –falei com sinceridade.

—Esse buquê é para você –Cristiane falou esticando o buquê para mim.

Peguei-o e observei os detalhes de cada rosa. Elas eram tão lindas e tão delicadas. A natureza era uma coisa incrível mesmo.

—São rosas vermelhas. Eram as suas favoritas, pelo menos quando você namorada o Pedro –a mulher falou com delicadeza.

—Obrigada pela lembrança. Elas são lindas –falei sorrindo para a mulher —Depois vou pedir para a dona Ana colocar em um vaso aqui do lado da cama –falei admirando novamente a flor.

Dona Ana era a funcionária da minha casa. Ela trabalhava na minha casa desde que eu tinha 6 anos de idade. Ela já era um membro da família.

—Muito obrigada, Cristiane, de verdade. Eu amei –falei voltando a olhar a mulher.

—Me chama só de "Cris" –ela pediu sorrindo para mim. Sorri sem graça.

—Eu já fui um pouco mais modesta, trouxe balinha de côco, porque sei que você ama –Roberta falou chamando atenção para ela.

Sorri para a minha amiga que me esticava um pote com muitas balinhas de côco.

—Muito obrigada, amiga –agradeci sorrindo e me estiquei para pegar o pote com as balas —Venham, sentem-se –falei apontando para a minha cama —Vocês querem alguma coisa para beber? Peço para a dona Ana trazer aqui no quarto –ofereci.

As duas recusaram e ficamos as três conversando. Cristiane mais parecia uma amiga minha, que minha ex-sogra. Ela era divertida e tranquila. A conversa entre nós três fluía naturalmente e todas estávamos nos sentindo muito à vontade perto da outra. Apenas a sensatez e o senso de responsabilidade entregavam a idade de Cristiane Passos, minha ex-sogra.

—A conversa está muito boa, garotas, mas preciso ir agora. Daqui a pouco o Gabriel sai do futebol e eu tenho que busca-lo –Cris falou. Fiquei triste.

—Ah, mas já? Você acabou de chegar, fica mais um pouco –pedi.

—Eu queria muito, meu anjo, mas tenho que ir. Já são quase 17h –Cris respondeu.

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