Dia de folga

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Grover Underwood

Gaia apareceu no acampamento. Eu estava junto com as ninfas, vi quando Piper, Jason e Leo foram rumo à ela; vi a briga de Nico e Octavian; vi o míssil lançado, e uma luz forte tomou conta de tudo. Um barulho de explosão foi ouvido.

Me sentei na cama em um sobressalto. O despertador tocava que nem louco na cômoda. Eu estava suado e respirava ofegante. Esses pesadelos eram frequentes, depois de tantas batalhas e guerras lutadas era quase impossível não ter sequelas.

Tomei um banho rápido, pois hoje queria tomar café da manhã na cafeteria que ficava em frente a pousada. Quando abri a porta travei, olhando para as duas figuras paradas a porta.

- O que estão fazendo aqui? - Questionei ainda surpreso.

- Papai! - Falou Jorge e correu para me dar um abraço, o qual retribuí pegando-o no braço.

- Viemos fazer uma visita. - Disse Juniper, me dando um selinho. Ela estava linda com um vestido rosa claro simples, seus cabelos estavam trançados para um lado, e ela sorria feliz.

- E-entrem. - Falei, dando espaço para ela entrar, e, assim que o fez, fechei a porta. Ela se sentou na cama e eu coloquei Jorge no chão. Eu ainda estava muito surpreso. - Como isso é possível?

- Bom... - Juniper falou. Ela estava um pouco envergonhada, seu estado comum, mesmo depois de anos de relacionamento, o que eu achava bastante fofo. - Quando se é esposa do Lord da Natureza você consegue abrir algumas exceções.

- Mas você não pode ficar longe da árvore.

- Não por muito tempo. - Respondeu Juniper. - Segundo o concelho, não posso ficar mais que 24 horas.

- Incrível. - Falei, sentando perto dela.

- Papai, aqui não tem videogame? - Perguntou Jorge olhando em volta. Eu vou matar o Valdez por ensinar o meu filho a gostar dessas porcarias.

- Não. - Respondi. - Eu não costumo passar muito tempo aqui, devido a escola.

- O Sr. ainda vai à escola? - Perguntou ele espantado. - Achei que estivesse numa missão.

- Meu querido, a missão dele está na escola. - Minha esposa explicou com uma voz doce que só ela possuía e me encantava.

- Sim, filho. - Falei me aproximando mais dele, que estava de pé com os pequenos braços cruzados. Ele vestia uma blusa azul e calças, e pequenos sapatos brancos. - Eu tenho que me misturar com os mortais para encontrar o meio-sangue. Você também terá que fazer isso quando chegar a certa idade.

- Sério? - Seus olhos brilharam. Ele sempre gostou das histórias das minhas aventuras. Evidentemente eu não lhe contava as partes ruins, então ele colocou na cabeça que queria viver uma aventura. Ele seria um grande sátiro um dia.

- Sim, Jorge. - Respondeu Juniper. Ele começou a comemorar. - Mas no momento certo.

- Como queira, mamãe. - Ele disse, vindo até ela e lhe dando um beijo na bochecha.

- Então, o que vamos fazer hoje? - Perguntou Juniper curiosa.

- Bom... - Comecei. - Vocês chegaram de surpresa, então eu não tinha planejado nada.

- Entendemos, Grover. - Disse minha esposa, sorrindo gentilmente. A olhei e ela continuava tão bonita quanto na primeira vez em que a vi. Foi tão difícil conquista-la, afinal ela achava que eu era como os outros sátiros, que não podem ver um rabo de saia. Foram anos para provar que eu era diferente, eu quase desisti, mas eu sempre soube que ela valia a pena.

- Espere um pouco. - Falei, me levantando. Comecei a pensar. - Acho que posso tirar o dia de folga e levar vocês para conhecer a cidade.

- Sério papai? - Perguntou Jorge animado. Balancei a cabeça em um sim. Ele pulou nos meus braços, o que me fez rir. - O Sr. vai nos levar para o Empire State?

- E para o Central Park? - Se levantou Juniper sorrindo. - Eu sempre quis conhecer as ninfas de lá.

- Todos os lugares que vocês desejarem. - Sorri, colocando Jorge no chão. Tirei os livros da minha mochila e a arrumei com algumas coisas necessárias. Primeiro fomos tomar um belo café da manhã, depois partirmos para a tão famosa Estátua da Liberdade, eu não percebia o quanto tinha sorte de poder ir a qualquer lugar. Pensei nas outras dríades, elas nunca podiam ir muito longe de suas árvores, Juniper teve sorte e parecia perceber isso, pois olhava tudo como uma criança. Parecia mais animada até mesmo que Jorge.

- Aqui é incrível, Grover. - Falou enquanto olhávamos Jorge brincar com algumas crianças ali.

- Você é muito mais. - Falei sorrindo. Ela ficou envergonhada e eu lhe dei um beijo na bochecha. Depois fomos para o Museum of Modern Art, onde almoçamos; depois fomos a Brooklyn Bridge, depois ao Empire States, onde Jorge fez birra para subir ao Olimpo, porém se fizéssemos isso não daria tempo de ficarmos no Central Park, já que Juniper queria conhecer a ninfas de lá. Por fim, Jorge deu o braço a torcer após eu oferecer um sorvete.

- Tente não se melecar todo, filho. - Falei, lhe entregando o sorvete. Mas era a mesma coisa que falar com a parede. Juniper tinha ficado entre as árvores, conversando com as outras ninfas que eu apresentei. Ela estava tão empolgada que mal deve ter se dado conta da nossa ausência.

- Então vocês vivem vendo os deuses por aqui? - Ouvi ela perguntar quando nos aproximamos.

- Claro. - Falou Brenda, uma das mais velhas. - Apolo esteve aqui ontem mesmo.

- Incrível. - Falou minha esposa. Parecia feliz demais e olhou em volta como se esperasse encontrar um deus. Jorge também entrou na conversa perguntando sobre a guerra contra Cronos e ficou encantado com o que Messa, uma outra ninfa, dizia. O meu pequeno me obrigou a leva-lo na árvore em que prendi Hiperion.

- Ele está mesmo aqui? - Ele perguntou passando a mão na árvore.

- Esperemos que sim. - Falei franzindo a testa. - E que continue por um bom tempo.

- Hoje foi incrível. - Falou Juniper quando estávamos de frente a pousada.

- Fico feliz que esteja feliz. - Disse, ajeitando Jorge que dormia pesadamente em meus braços. Ao longe vi a van branca do acampamento se aproximando.

- Obrigada por me levar àqueles lugares.

- Não precisa agradecer, meu amor. - Disse a olhando. - Hoje foi um dos melhores dias da minha vida.

- Você teve muitos dias muito bons. - Sorriu ela. Eu ri concordando.

- Está na hora. - Disse Argos, de dentro da van. Abri a porta deixando Jorge deitado no banco, lhe dei um beijo na testa e voltei a descer.

- Vejo você em breve. - Falei abraçando Juniper e lhe dando um beijo suave.

- Acho bom que sim, Sr. Underwood. - Falou, se separando e entrando na van.

- Eu te amo. - Ela disse enquanto fechava a porta.

- Amo-te mais. - Disse um pouco alto. Dei um aceno de cabeça para Argo, que retribuiu e deu partida. Olhei a van virar a esquina rumo à Long Island, e sorri lembrando da sorte que tinha por tê-los na minha vida.

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