Plans

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Percy Jackson

Lembro do dia que minha mãe me contou o motivo do meu nome ser Perseu. Um dos poucos heróis antigos que teve um final feliz. Acho que foi o jeito dela falar que queria isso para mim.

Nesse momento ela estava sentada a minha frente, segurava as minhas mãos sobre as suas e tinha lágrimas nos olhos. Ela havia acabado de contar sobre o meu pai, sobre como o conheceu e o que ele era, e isso significava me contar sobre aquilo que eu era. Ela não tinha a mínima noção de que eu já sabia disso tudo e muito mais. Ela não fazia ideia do que eu já tinha passado e eu queria que continuasse assim. Também me falou sobre o que Grover era e aonde queria me levar.

- A senhora está querendo dizer que meu pai é um deus grego? - Perguntei fingindo descrença. Hollywood está me perdendo com certeza. - Não qualquer deus grego, mas sim o deus dos mares?

- Sim, Percy. - Soltei as mãos dela e me levantei. - Eu sei que é muita coisa para processar.

- A senhora está sendo eufemista. - Falei, já um pouco afastado.

- Percy, entenda. - Ela falou cuidadosamente, vindo em minha direção. - Ele queria ficar conosco, mas isso o colocaria em perigo.

- E deixar-nos à própria sorte ajudou muito mais. - Disse, demonstrado a raiva que eu guardava. - Se dependesse dele nós já teríamos morrido com aquele merda.

- Percy... - Disse ela. Aquilo ainda era um assunto complicado para a minha mãe. Ela não sabia a verdade, bom, não toda. Ela fez de tudo para me fazer esquecer. Deixei pelo menos três psicólogos ricos, fiz tantas sessões de terapia que até perdi a noção de quanto tempo passei nos consultórios.

- Desculpe. - Disse a olhando. - É só... Muita coisa. Vou me deitar, amanhã conversamos. - Falei, passando por ela rumo ao meu quarto.

- Boa noite, filho. - Ouvi ela dizer baixo.

- Boa noite. - Falei, entrando no meu quarto. Fechei a porta e respirei fundo tentando me acalmar. Era nítido que ela não o culpava e que ela ainda gostava de Poseidon. Mas ele era tão ruim quanto Gabe, talvez pior. O que ele fez com a Medusa...

Minha raiva não passou, pelo contrário, só aumentava. Saí do meu quarto meia hora depois. O apartamento estava escuro, minha mãe provavelmente estava dormindo. Peguei minha chave e jaqueta e saí de casa. Desci as escadas, minha cabeça não parava de pensar nele.

Poseidon. Segundo minha mãe ele fora um cavalheiro, mas para mim não passava de um merda. Abandonou minha mãe grávida e sozinha, nunca quis saber de mim e nem dela, nunca nos visitou, nunca mandou um mísero presente, nem sequer se importou quando minha mãe apanhou daquele estorvo. Cheguei no estacionamento do prédio e fui rumo à minha moto.

- Se você sair assim com certeza irá bater. - Disse uma voz feminina assim que subi na moto.

- Mesmo que aconteça, não é como se eu fosse morrer. - Devolvi irritado, olhando para a figura feminina que estava agora na minha frente.

- Eu não abusaria da sorte. - Falou a ruiva a minha frente.

- Vai buscar outro para atormentar, Hécate - Disse ainda bravo.

- Você já me diverte muito, não tem por quê arranjar outro. - Falou a deusa rindo.

- Fico feliz em diverti-la, mas se eu não sair daqui vou acabar explodindo os canos. - Falei com uma falsa calma. - E não queremos isso.

- Eu sinceramente não vejo problema. - Rebateu a deusa. Seus olhos multicolores brilhavam com divertimento.

- O que veio fazer aqui? - Perguntei. Essa conversa não ia me levar a lugar nenhum.

Apenas Um ContoOnde histórias criam vida. Descubra agora