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VICTOR

Ao chegar a minha casa Athos e tio Max discutem algo, mas logo param assim que sabem que chegamos. De início percebi meu tio tenso, mas logo ele trata de mudar a tensão relaxando os braços, não dei a mínima para o quer que fosse que eles conversava, afinal ser curioso é algo que não me pertence.

Athos por outro lado permaneceu plácido como sempre é.

Camila ficou ainda por um bom tempo no meu quarto até seu pai decidir ir embora.

Agora, faz mais de horas que eles se foram. Quando tomei um banho e fui para cama fiquei por um longo tempo tentando dormi, mas estou sem sono.

Pego um livro e começo a folhear a procura do capítulo que parei, a história conta a vida de uma garota que é diferente dos demais e é vista como perigo para todos. Ela é forte e corajosa, brava, as vezes desejo ter sua bravura, e ser como ela...

Agora ela tenta se encontrar no mundo, depois da morte de seus pais e do seu amigo.

Leio por algumas horas, fascinado com cada capítulo da história, até que ouço meu tio, sua voz soa baixa que mal consigo escutar mesmo estando no andar de cima e ao altear a voz percebo que ele está falando com alguém.

Eu poderia ficar aqui na minha cama até pegar no sono se não fosse pela a sede que estou sentindo. Desço a escadas normalmente e noto a voz vindo do escritório. Passo pela a sala e vou até a cozinha para encher meu copo e em seguida voltar ao quarto.

No caminho de volta ouço ele altear a voz razoavelmente e mesmo sem querer saber o que estava sendo falado ou discutido, não teve como não parar e ouvi. Sua voz soou clara e eu ouvi muito bem o que ele falara: "eu não vou contar sobre o passado dele, sobre quem ele é"

Mal notei que eu estava empertigado, atento. Minha mente processava sobre o que ele havia falado e me fazia querer descer e escutar sobre quem estava falando.

Esse alguém seria eu? A pergunta surgiu na minha cabeça.

Não sei por que, mas lembro do dia em que discutimos sobre eu querer saber sobre minha família... minha mãe, meu pai, se eu tinha irmãos, como eles eram, mas como sempre eu não tinha as respostas para essas perguntas, ou tio Max sempre contornava o assunto ou ele sempre mantinha a boca fechada, em silencio, me ignorando.

Desço outra vez a escada, dessa vez devagar, e vejo a porta entreaberta.

- Por que esse assunto? - pergunta meu tio.

Me aproximo da porta lentamente e analiso pela a fresta com quem ele fala, vejo Athos projetado em holograma sobre a tela do celular. Não vejo Max.

- Por que acho que ele deveria saber.

- Assim? Do nada?

- Max, ele tem o direito de saber quem era a família dele. A verdade sobre o passado não vai interferir em nada na vida do Victor... - Athos faz uma breve pausa - Quer saber porque resolvi falar sobre isso? Foi por que eu andei pensando sobre tudo, sobre como é ruim quando nos tira a verdade. Lembra quando você odiou nosso pai quando ele lhe disse que lhe havia tomado de nossa mãe? Então ponha-se no lugar dele.

Ali eu tenho a verdadeira certeza de que eles falam sobre mim.

- Você não pode jogar isso na minha cara como se você e o Enzo não escondesse segredos. - ouço seus passos, ele parece inquieto, depois respira fundo e continua -Naquele tempo foi Enzo que quis entrar naquele maldito projeto junto com você...

- Foi todos nós.

- Eu não escolhi isso...

- Escolheu sim! - a voz de Athos já não era mais suave como eu sempre ouvia. - Escolheu a partir do momento que começamos o projeto...

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