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VICTOR

Já faz bastante tempo desde que Camila saiu para ir ao banheiro. Não sei onde ela possa estar, mas resolvo sair abrindo espaço no meio da multidão de gente para ir atrás dela. Acabo encontrando Miguel.

Lara não está com ele.

Deve ter ido com Camila, penso.

– Miguel, viu Camila passar por aqui? – pergunto próximo do seu ouvido. A Augustos não permite bebida alcoólica, mas o cheiro de álcool emana dele.

– Sim, ela passou por aqui faz meia hora, por ai.

– Tá

Passo por ele e outras pessoas até subir a rampinha que dar acesso aos corredores. Sigo até o banheiro mais próximo.

– Camila? – chamo.

Ninguém responde, porém, apesar da música alta, eu escuto um soluço. Alguém chora. Entro no banheiro sem dar importância para o nome que está escrito acima da porta ("FEMININO") e a vejo sentada ao lado da pia de mármore chorando. Ela está cobrindo o rosto e seu corpo está encolhido.

– Ei, o que houve? – aproximo dela e a envolvo em meus braços. Alguém poderia chegar ali e pensar bobagens de nós, mas, não dou a mínima pra isso, ela é minha amiga e estou aqui por ela. – O que aconteceu com você?

Ela apenas soluça ainda com o rosto coberto por as mãos. O cheiro de bebida não é tão forte quanto o que senti em Miguel, o que descarta a possibilidade de ela está bêbada.

Com dificuldade, Camila luta para que as palavras saiam da sua boca.

– T-tem... – ela soluça e depois funga. – Tem algo... estranho... – a fala é interrompida por outro soluço.

Uma menina loira entra no banheiro e nos olha de um jeito tosco, um olhar que insinua algo. Eu a ignoro e ela entra em uma das cabines.

– Tem algo estranho acontecendo comigo. – por fim, Camila fala.

– O que exatamente? O que você bebeu tanto? Alguém fez algo com você? Diga que garanto que se alguém fez algo a você eles não vão sair impunes.

– Não... ninguém fez nada comigo. O problema é comigo. Tem algo errado. – quando ela tira as mãos do rostos dela, percebo o quanto seus olhos estão vermelho de tanto chorar, o que imagino que esse tempo todo ela estava chorando. – Meus olhos... eles mudaram de cor...

Certo, ela deve está delirando

– ...pode parecer loucura, mas não é.

– Desculpa, mas alguém te drogou, só pode ser.

A menina que havia entrado no banheiro sai, ainda com olhar em nós

– Não... eu também pensava que estivesse bêbada ou algo do tipo, mas sei que não. Acredite em mim... antes de sair de casa eu sentir uma dor nos olhos, a princípio, não dei a mínima e agora a dor foi tão forte que parecia que eles estavam queimando. – os soluços havia parado, agora, Camila apenas fungava vez ou outra. – Quando olhei no espelho meus olhos estava com uma tonalidade purpura-cintilante...

Eu não sabia o que pensar daquilo, sinceramente não sabia.

– ...logo em seguida a cor passou de purpura-cintilante para um laranja-intenso. Eu não sei o que é isso, mas eu não estou bem.

– Eu não sei como acreditar nisso. Está sentido ainda... as dores?

– Não mais.

– Seus olhos estão normais, tirando o fato de que estão vermelhos.

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