Capítulo I

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- Ainda sem puls..pressionar o sangram...

O barulho das sirenes é ensurdecedor. A escuridão e o medo tomam totalmente conta de todo meu corpo.

Então é assim que é morrer? O fim é assim? Apenas sinto frio e o breu para todo lado.

- Ela acordou!- Escuto uma voz feminina mas minha visão continua turva, então fecho os olhos novamente. Sinto como alguém estivesse com um apito dentro da minha cabeça.

- Katherine...Katherine Smith.- Meu olho é aberto contra minha vontade e vejo uma luz branca muito forte.Vejo um senhor idoso, meu médico provavelmente...Mas porque?- Está me escutando, senhorita Katherine? Meu nome é doutor Frank

- O que aconteceu? Por que eu to aqui? Cadê meu...- Antes que eu pudesse terminar outra pergunta o senhor vestido de branco me corta.

- Tem uma pessoa que quer muito te ver.- Ele se vira a enfermeira. Num tom bem mais baixo.- Deixe-a entrar

A moça se retira e rapidamente uma senhora usando apenas um vestido esverdeado florido e um avental entra e me agarra.


Um cheiro igual a esse é inconfundível.

- Minha flor...- Ela beija minha testa várias vezes e vejo suas lágrimas escorrerem.-Que bom que você tá bem, meu amor. Eu tava tão preocupada achando que iria perder você também.

"Iria perder você também..."

Ouço o barulho do alarme e escuto os passos da minha vó, passos pesados e arrastados pela idade. Ela é a mulher mais doce que eu conheço, se você conseguir andar na linha, claro. Há um dragão que habita nela e eu ja despertei alguma vezes. Tem um cheiro de sabonete daqueles antigos que ela nunca abandona,é tão bom.
Finjo que ainda não acordei e sinto um carinho único no meu cabelo, e finalmente ela senta na minha cama.

- Acorda, minha flor.- Desde criança escuto esse apelido carinhoso dela.-É seu último dia de aula.

- Ah não, se é último dia pra que eu vou?- Digo cobrindo meu rosto com o edredom e ouço ela bufar.

- Você vai sim! -Seu tom muda completamente, ela é minha velhinha doida favorita, com certeza.- Não pagamos seu colégio à toa.

- É Só hoje, eu não quero ir, poxa.- Puxo mais o cobertor e sinto ela puxando ele de mim.- Tááá, tanto faz...só para de puxar.

Ela me olha e apenas balança a cabeça com os olhos semi cerrados e fala algo sobre eu descer logo sem enrolar. Enrolar é o que eu faço de melhor.

Pego meu jeans e uma blusa flanelada, ainda me despreguiçando, ando bem lentamente até o banheiro.
Só o banho leva 20 minutos, isso ai, sou daquelas que enrola só pra ver se dá para perder a hora e escutar "não dá mais tempo não, pode voltar a dormir".

Afinal, meu colégio não é interessante igual os filmes americanos que eu vejo, cheio de garotos fortes que parecem ter mais de vinte anos. Aqui não, aqui no campo os garotos ainda riem quando escutam talvez a palavra "vagina" ou "pênis" na aula de biologia.
Não tenho muitas amigas, mais especificamente só uma, minha amiga de infância, Diana. Mas nos distanciamos desde que ela começou a andar com o pessoal da faculdade. Mas tudo bem, não pretendo ficar aqui por muito tempo, tenho sonhos altos e quan....

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