Shoto apertou firme a blusa de sua irmã enquanto era abraçado com força. Apesar de toda gritaria ele podia escutar Fuyumi chorando. Natsuo estava junto, sentado ao lado da irmã com uma expressão séria.
—Eu estou farta disso! —Sua mão berrou. —Como você pode ser tão controlador? Ele é só uma criança!
—Não importa! Não vou deixar que ele fique com aquele pedaço de lixo! —Enji berrou de volta.
Por que? Por que justo hoje eles tinham que brigar? E ainda por cima por sua causa? O pequeno Shoto não sabia como podiam fazer aquilo. Haviam acabado de sair do funeral. Era para ser um dia triste. Shoto estava triste.
—Não é um pedaço de lixo! É a guitarra do seu próprio pai! Como você pode dizer isso? —Rei perguntou com descrença.
—Como posso? Aquele velho nunca se importou com nada além dessa guitarra. Nada além de música. Não vou deixar que meu filho acabe como ele.
O jovem Shoto afastou o rosto do ombro da irmã. Seu pai olhava com ódio para a guitarra nas mãos de sua mãe. Ambos pareciam descontrolados e estressados.
—Não cabe a você decidir o que Shoto quer! —A mulher se aproximou estufando o peito cheia de determinação. —Seu pai deixou a guitarra para ele, não para você! Shoto é quem decide o que vai fazer com ela.
—Que coisa! Como você pode fazer isso comigo!? Você é minha mulher!
—Sim, eu sou, mas não é por causa disso que tenho que fazer tudo o que você quer, nem concordar com suas decisões! Principalmente um tão estúpida como essa!
—Chega! —Berrou bravo levantando a mão.
O que veio a seguir chocou a família inteira. Tanto a mulher e filhos como o próprio homem. Que arregalou os olhos após chocar a palma de sua mão no rosto de sua esposa. Rapidamente ele cambaleou para trás assustado.
—Rei. —Chamou. —Me desculpe! —Pediu observando a mulher tocar na bochecha avermelhada.
—Vai embora. —Mandou sem olhar para Enji apontando para a porta de casa.
Fuyumi apertou Shoto em seu colo puxando a cabeça do irmão para o próprio ombro enquanto Natsuo começava a chorar.
Enji aos poucos foi indo para trás. Seus olhos cheios de arrependimento e culpa. Lágrimas começaram a cair por seu rosto.
