Girls/Girls/Boys

2 2 2
                                    


"Pose, you've gotta save your reputation
They're close to finding out about your girlfriend
"

Na segunda-feira, Astória foi chamada no laboratório antes mesmo de as aulas começarem. A velocidade com quem ela foi ao encontro do professor tinha mais a ver com o nervosismo sobre qual assunto ele pretendia tratar do que com sua eficiência –embora ela fosse uma menina eficiente.

Quando o ar gelado de dentro do laboratório a atingiu, ela estava preparada, tendo já vestido, no corredor, um quente suéter de lã. Astória se sentiu imediatamente orgulhosa de si mesma por ter se lembrado depois do especialmente divertido fim de semana que ela havia tido –depois de passar o sábado na casa de Hector, seu novo grupo de amigos havia se reunido mais uma vez no domingo para jogar War e Uno!, o que era bom para Astória, que jogava ambos os jogos bem.

Mas não era Edward dentro do laboratório quando ela entrou.

Astória não soube dizer exatamente o porquê de ter ficado surpresa. Embora o Sr. Grigori também fosse um dos professores que ela devia ajudar em sua monitoria, ele em momento algum havia demonstrado interesse especial por ela –além de uma educação calorosa que ele demonstrava com todos os seus alunos.

-Srtª Baudot. –Ele a cumprimentou uma vez que ela entrou na sala, com a mesma voz baixa e macia que ele usava para dar aula e ter de fazer os alunos de inclinarem para frente e ficarem no mais absoluto silêncio para aprender química orgânica. Astória achava que era uma estratégia de ensino, mas naquele momento notou que era como ele falava sempre.

-Pediram para que eu o encontrasse aqui, professor. Há algo que queira discutir comigo? Precisa de alguma coisa?

Ele a deu um olhar avaliador que esquentou Astória. Aquele colégio era uma loucura para sua cabeça. Tendo tido toda a vida velhos professores mal-humorados, não estava acostumada à professores bonitos e charmosos, que a falavam coisas desestabilizadoras ou naquele tom que ele estava usando. Eles também não olhavam para Astória como se –não havia outra palavra para aquele olhar –ela fosse uma mulher.

-Posso chama-la de Astória? –Perguntou. Astória balançou a cabeça afirmativamente. –Bem, Astória, há uma aluna que eu gostaria de você monitorasse em seu tempo livre, se possível.

Astória olhou ao redor no laboratório como se pudesse haver alguém ali que ela não tinha notado ao entrar, mas o lugar estava vazio, fora ela e o professor.

-Ela vai estar aqui no fim do dia letivo. –O Sr. Grigori disse ao notar seu olhar.

-Estarei aqui. –Astória confirmou, tentando não parecer ansiosa para ir embora. –Mais alguma coisa?

-Não, não. –Ele disse ainda a olhando. Não era desconfortável. Era quase lisonjeiro. Discreto, nada explícito. –Melhor ir para não se atrasar.

-Tenha um bom dia, professor. –Astória disse com pretensa calma quando começou a se dirigir à porta, em passos lentos e pouco seguros.

No corredor, de repente seu suéter parecia muito quente e pinicava sua pele. Astória sentia calor e, se enfiando em um corredor adjacente sem movimentação, começou a se esforçar em tirar seu suéter sem arrancar com ele a blusa branca que usava por baixo, com seus botões e transparência.

Quando ela estava passando o suéter pela sua cabeça –tudo que podia ver eram sombras alaranjadas pelo tom salmão da tintura da peça –, mãos firmes seguraram sua blusa por baixo, impedindo que ela saísse junto com a vestimenta de cima. Astória hesitou por um segundo, mas, concluindo que o estranho a estava fazendo um favor, puxou com mais liberdade e segurança o suéter por cima de sua cabeça loira, tendo algum trabalho em desenganchar os fios.

Todas as Músicas que Ouvi Com VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora