Good Morning, Little School Girl

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"I'm gonna buy me an aeroplane,
to fly all over your town.
And tell everybody baby,
Lord knows you've been putting me down."

Para Edward, eles iam ficando menores e mais novos a cada ano que se passava. Os alunos que iam e vinham no terceiro ano do Ensino Médio da Greenwood High. Era uma miragem, é claro. Relatividade de Einstein, como ele havia aprendido no curso de física. Ele que estava ficando mais velho em meio aos alunos que iam e vinham anualmente.

Naquela manhã particularmente cinzenta, ele não estava esperando novidades. Sua aula de mecânica clássica era dada há tantos anos que já estava decorada em sua cabeça e ele não precisava mais estudar para trabalhar naquelas duas horas em sala de aula. Era para todos os efeitos uma manhã comum: Edward andou ao lado de seu melhor amigo, Andrew, para a sala, passando, nos corredores, por vários grupos de alunos. Um grupo em particular, de garotas usando calças muito apertadas, acenou e sorriu, arrumando a postura para chamar atenção dos dois professores ainda na faixa dos vinte. Jovens e cheias de colágeno em seus rostos adolescentes.

Seus alunos já esperavam na sala e foram lentamente se acomodando em seus lugares com a sua chegada. Edward largou sua mochila na cadeira, abrindo-a para pegar um par de pilotos de cores diferentes, quando a representante de turma, uma garota chamada Anne que usava uma variação de skinny jeans de cintura alta e sempre ficava no fim da aula para tiver dúvidas que ela não tinha, pigarreou para chamar sua atenção.

-Professor Lestrange, foi avisado de que temos uma aluna nova? –Ela sorriu maliciosamente para ele. –Essa é Astória Baudot.

Edward levantou a cabeça para a direção que Anne apontava, aonde uma menina magra de calças xadrez anos 90 e olhos escuros olhava para ele com o rosto rosado de vergonha. Edward deu uma boa olhada nela, porque ela merecia o olhar, e se aproximou, ainda encarando, um pouco para intimidá-la. Longe de baixar a cabeça, ela, embora cada vez mais corada em suas bochechas pálidas com algumas sardas, levantou o queixo no ar, o olhando de volta com a mesma intensidade.

Edward achou graça.

-Você parece inteligente. –Sondou.

Ela corou um tanto mais e não respondeu, o que foi decepcionante para uma garota que levantara o nariz tão alto para encará-lo de volta. Já se afastando, o professor soltou por cima do ombro um desejo:

-Espero não estar errado. –E não esperava mesmo. Alunos interessados e inteligentes eram sempre bem-vindos em sua aula.

A voz dela flutuou ao seu ouvido de volta pela primeira vez –uma voz macia e firme, definitivamente feminina –e, ouvindo sua resposta, Edward não conseguiu impedir um sorriso em seu rosto.

-Eu também espero.

Mais tarde, na sala dos professores, Astória parecia ser um dos assuntos em pauta. Edward, observador, entrou e encheu para si uma caneca de café –preto e sem açúcar –apenas prestando atenção nas conversas ao seu redor enquanto Andrew estava por aí, provavelmente flertando com alguma aluna.

-Muito inteligente. Perguntas muito pertinentes. –Comentou o professor de química, um homem na faixa dos cinquenta anos, loiro dos olhos claros, ainda em plena forma, que as alunas gostavam de assediar tanto quanto assediavam ele e Andrew.

Edward concordou com o que ele disse. Como se para provar um ponto, Astória fizera comentários e perguntas interessantes em sala de aula. Sua reação fazia com que Edward quisesse provoca-la, testar seus conhecimentos, cada vez que olhava em sua direção e pegava os grandes olhos negros em cima dele.

Mas os professores não eram os únicos impressionados. Com motivos menos louváveis, os alunos do sexo masculino de Greenwood High estavam em polvorosa: agindo como pavões, exibindo-se com respostas inteligentes nas aulas, piadas engraçadinhas e demonstrações de força, empurrando-se uns aos outros e agindo tolamente. Eles estavam conseguindo a atenção de algumas meninas, mas a novata –que justamente por ser novata era o alvo do momento –em sua aula simplesmente os olhou por baixo dos cílios pesados com algo que parecia descaso.

Edward não passou tanto tempo assim pensando na garota no resto do dia letivo –embora, com sua experiência em dar aulas, ele com certeza era capaz de pensar em assuntos aleatórios ao mesmo tempo em que explicava para um bocado de alunos sobre as Leis de Newton.

Voltou a pensar nela já no fim do dia. Às quatro horas, horário de largada dos professores e alunos que não ficariam até mais tarde trabalhando em clubes ou aulas extras, a chuva caia torrencialmente por cima da cidade como ameaçara fazer durante todo o dia. O céu estava tão escuro que parecia ser ainda mais tarde do que era.

Astória estava casualmente encostada à uma parede, junto à saída da escola, olhando para a chuva com mais admiração do que impaciência. Edward se aproximou dela. A menina não virou o rosto para olhá-lo, mas o professor podia dizer que ela o havia visto pelo canto dos olhos.

-Está de carro? –Perguntou a ela. Muitos estudantes mantinham seus carros no estacionamento, mas um grupo deles estava, como ela, ali na saída da escola esperando que a chuva passasse para que pudessem pegar suas bicicletas ou simplesmente andarem até em casa.

-Eu moro perto. –Ela explicou, amarrando seus cabelos loiros bagunçados ao estilo parisiense num coque no alto da cabeça, finalmente olhando para ele, com alguns fios úmidos pela névoa branca que vinha trazida pelo vento das colinas grudando-se às laterais de seu rosto.

-Nesse caso, quer uma carona? –Edward perguntou, sabendo se tratar de uma pergunta estúpida. Estúpida não por qualquer coisa que ela poderia responder, mas pelo que os outros alunos falariam ao ver um professor jovem e bonito levando uma aluna novata e ainda mais bonita para casa em seu carro de vidros fumê.

Mas Edward não desejou que ela negasse.

-Na verdade, eu quero. 

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