Girls

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"They're just girls breaking hearts
Eyes bright, uptight, just girls
But she can't be what you need if she's 17
They're just girls
"

Edward fez questão de esperar até que a prova estivesse finalizada para corrigir a de Astória. Discretamente, ele pegou, da pilha que ele e Grigori –o cinquentão bonito professor de química – haviam separado, a prova de Astória e a colocou em sua própria pilha.

Outros bons alunos haviam feito a prova e Edward não tinha nenhuma intenção de ser injusto com eles. Por isso, guardou sua pilha para leva-la para casa. Naquela tarde, não encontrou Astória na saída, o que foi uma decepção e um alívio. Vê-la, subitamente, o fazia querer passar mais tempo perto dela, especialmente depois da carona que ele a havia dado, onde os dois haviam cantado juntos músicas dos Beatles e do Pink Floyd.

O professor entrou no carro e ligou imediatamente o som. No dia anterior, o perfume de Astória havia resistido alguns momentos quando ela saiu, agradecida, cheirando a flores silvestres, morangos e, bem no fundo, de forma a não ser enjoativo, baunilha. No dia anterior, Edward havia sorrido ao reconhecer o último cheiro. Parecia que todas as meninas do ensino médio cheiravam a baunilha em algum ponto.

Edward morava num apartamento no centro. O lugar era um típico apartamento de solteiro, embora ele tivesse uma namorada. Mas Monica gostava do ar. Da decoração que remetia à café, cerveja e muito tempo passado em livros, estudando, descobrindo.

Ao chegar ao seu andar pelo velho elevador que tremia e gemia em seu movimento para cima, Edward soube que Monica estava em seu apartamento. Tinha algo a ver com o cheiro de comida bem temperada que ela sabia preparar como ninguém. Por sorte, Edward sabia bem, na sua idade, separar tesão de seriedade, então pôs Astória para fora de sua cabeça.

Monica, cujos cabelos recém pintados de loiros Edward ainda estava tentando se acostumar, apareceu sorridente na porta da cozinha quando ele entrou. Edward deixa que ela vá até e plante um beijo diretamente em sua boca, com os braços ao seu redor. Ele também passa os braços pela cintura dela e a beija de volta.

Pelo bom-humor, ele sabe que a noite vai ser boa.

Quando Astória chega em casa –uma construção bonita, central, com uma grande porta, com estilo arquitetônico moderno –sua mãe está no sofá da sala, lendo com os óculos na altura no nariz. Da mãe, Astória herdou os cabelos loiros, a pele pálida e firme, a boca carnuda, o formato dos olhos e a habilidade de criticar tudo e todos e, acima disso, a si mesma.

Mesmo assim, Astória senta ao seu lado no sofá.

-O que está lendo? –Pergunta.

-Livro sobre meditação. –Lana respondeu, os olhos muito azuis encontrando os negros da filha. –Tem feito a sua?

-Não é muito minha praia. –Respondeu Astória, que ficava impaciente toda vez que começava a meditar, louca para que acabasse –o que ela acreditava que não era o ponto.

Sua mãe fez um som com a garganta que dizia mais do que Astória ouvia, mas ela ignorou, se abaixando para desamarrar seus cadarços, sob o olhar atento da outra mulher.

-Como vai a escola?

Astória nem precisou mentir.

-Bem. Muito bem. Já entrei num clube e fiz um teste para uma monitoria. –Disse, se gabando um pouco. –Fui chamada para ser Líder de Torcida, mas, você sabe, não faz meu estilo.

-Minha filha não vai ficar por aí exibindo o corpo e balançando pompons para garotos idiotas do ensino médio admirarem. -Lana bufou, contrariada. Não que ela fosse contra exibicionismo. Suas aulas de ioga, crossfit ou qualquer atividade da moda depunham contra ela. Apenas achava que exibicionismo tinha de vir acompanhado de talento na coisa. Para ela, líderes de torcidas eram um bando de cabeças-de-vento. –Algum garoto legal?

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