Eu não estou tentando iniciar um incêndio com esta chama.

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Off estava sonhando.

O sonho mais estranho que já tivera em sua vida.

A estranheza vinha da sensação de consciência, sentia-se como um espectador privilegiado dentro de sua própria cabeça, observando, sentindo, mas sem nenhum poder para interferir no que acontecia com ele mesmo.

Ele estava em uma praia, seus olhos presos no mar verde. O céu de um azul anil quase sem nuvens. O cheiro salgado a sua volta impregnando em sua roupa, sua pele. Uma brisa suave bagunçando seu cabelo. A areia sobre seus pés, a água morna, as ondas batendo suavemente em seus tornozelos.

Porém o que mais o intrigava era o sentimento que vazava por seus poros. Paz. Contentamento. Felicidade. As sensações eram tão físicas como uma parte do seu corpo.

O sonho era... Bom.

Off ouviu passos. Inexplicavelmente esse pedaço do seu cérebro autoconsciente sentiu-se ansioso. Ele desejou ter algum controle sobre o sonho, para despertar, ou provavelmente virar-se e ver quem se aproximava.

Braços envolveram sua cintura, quem o abraçava apoiou a cabeça entre suas omoplatas. Ele sentiu seus lábios se moveram em um sorriso. As mãos pousadas em seu estomago eram pequenas e delicadas com dedos finos e longos.

Ele conhecia essas mãos.

- Por que você não está dormindo? - as palavras saíram claras e firmes, se juntando as estranhezas desse sonho.

- Tive um sonho ruim - Off queria se libertar desses braços e olhar a pessoa as suas costas, porque sabia a quem pertencia essa voz. Mas tudo que ele fez foi unir suas mãos as mãos de Gun.

- O que você sonhou?

Gun o abraçou com mais força.

- Que você me abandonava - ele sussurrou.

O Off do sonho afastou os braços que o rodeavam e puxou o homem menor para que ele estivesse na sua frente. Gun voltou a abraçá-lo imediatamente, a bochecha dele pressionada contra seu ombro.

Off teria recuado se pudesse.

Gun abraçá-lo, apoiar a cabeça em seu ombro, o tocar, não era algo anormal entre eles, ao contrário, se tornara tão habitual quanto fazer um Wai.

O que o assustou foi a emoção que o atravessou ao tê-lo em seus braços.

Ele levou seus dedos para o rosto dele, obrigando Gun a olhá-lo e novamente a emoção o acertou.

- Eu não vou te abandonar - Off sustentou o olhar dele - Você sabe por que?

Gun sorriu mostrando sua covinha, confirmando com a cabeça. Off se inclinou aproximando seu rosto do dele até que seus narizes quase se tocassem. Seus olhos presos aos dele, aguardando.

Gun sabia, o sorriso dele se ampliou satisfeito.

- Porque você me ama.

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Off acordou ofegando.

Seu coração batendo descontroladamente contra sua caixa torácica. Ele apertou com força as cobertas sobre seu corpo. Foi um sonho. Sua mente sussurrou. Ele encarou o teto do seu quarto por alguns minutos até seus batimentos e respiração se normalizarem.

Quando ele conseguiu obter o controle sobre seu corpo, estendeu o braço e pegou o celular na mesinha ao lado de sua cama. Faltavam cinco minutos para as sete da manhã. Ele tinha a manhã livre, por isso pretendia dormir até o meio dia, já que o único compromisso era uma sessão de fotos com Tay á tarde.

Porque Você Me AmaOnde histórias criam vida. Descubra agora