Capítulo 8

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Pov Narrador

Já estavam na estrada a quase meio dia, após a situação na clareira fugiram o mais rápido que conseguiram agora que com o que aconteceu o exército inteiro estava atrás delas. Lauren segui agora na frente montada em Atlas enquanto as outras ia atrás em uma carroça conduzida e adquirida por Drocon. Já estava anoitecendo e a estrada já estava ficando escura e poderia ser arriscado e desde que fugiram Lauren não disse sequer uma palavra ou emitiu um som, deixando todos receosos sobre o que se passava em sua mente, quando em um certo ponto ela parou.

- Vamos ficar aqui – disse ela descendo da sela do grande leão – Partimos amanhã cedo. Arrumem o acampamento, eu pego lenha.

Disse simplesmente e se virou em direção a floresta. Todos se entreolharam decidindo entre si, alguém tinha que ir lá e a escolhida foi Ally, ela era a mais velha e conhecia Lauren a mais tempo. A loira foi em direção aonde Lauren tinha ido, andou não muito longe e viu a morena em frente a uma imensa arvore esmurrando a mesma com força.

- Laur? – chamou a loira.

A morena a frente se virou e seu rosto estava vermelho igualmente como seus olhos e sua expressão poderia dar medo, suas mãos tremiam e pingavam sangue. A baixinha se aproximou ficando mais próxima da amiga e não disse nada, apenas abriu os braços, na qual foram abraçados pela morena que desabou exausta. Chorou por alguns instantes, mas logo se afastou.

- Não eu não posso – disse ela limpando as lagrimas.

- Não é vergonha ficar triste.

- Eu não estou triste, estou com raiva! De mim!

- Mas não precisa fazer isso.

- Você não entende – passou a mão pelos cabelos – Ele praticamente me criou desde que eu cheguei aqui, eu confiava nele. Eu já devia saber, como eu pude ter sido tão cega?

- Todos erram alguma vez na vida.

- Não eu, fui treinada aqui para não cometer erros, nunca. Fui treinada que traição se paga com sangue, não importa o custo.

- Lauren, olha pra mim – disse Ally séria – Usa a cabeça e se acalma, se ele fez tudo isso que você tá dizendo e que vimos, você tá fazendo exatamente o que ele quer.

Pov Lauren

Eu me sinto tão burra, tão idiota. Como eu pude ser tão cega? Estupida! Como eu não notei? Não importa o que dizem, eu me sinto péssima e culpada. Estava lá, bem na minha frente todo esse tempo, mas eu não vi. Ele era uma das únicas pessoas que acreditou em mim, me tirou das masmorras a muito tempo e me ajudou a me tornar a melhor, como não percebi. Mas eu desconfiava, mas achava que era coisa da minha cabeça. Naquele dia... Eu sabia que alguma coisa estava errada:

(500 anos atrás)

- Não houve avisos ou alerta, majestade. Foi um ataque direto, chegaram de repente – disse o sacerdote.

- Isso não faz sentido – falei ao lado de Camila que estava séria – Um ataque repentino não faz o estilo dos trolls, é muito estranho.

- Lauren tem razão – disse Camila – Mas não posso me fazer de cega perante essa afronta contra meu reino. Não irei permitir! E os habitantes?

- Alguns conseguiram fugir, outros estão presos na cidade.

- Como sabe de tudo isso Ishtar? – perguntei ao meu amigo.

- Um dos meus mensageiros estava na cidade quando começou, ele conseguiu fugir e trouxe a mensagem a mim.

Olhei meio desconfiada, isso era muito conveniente e estranho demais para o meu gosto.

- Está decidido – disse Camila – Lauren, mande seus melhores soldados até lá.

- Majestade, se me permite, mas acho que a General deva ir, fui informado que é uma horda bastante numerosa e forte.

- Pode estar certo Ishtar. Lauren, vá e leve os seus soldados.

Isso ainda está estranho pra mim, não sei porque eu sinto falta alguma coisa, mas se ela mandou, eu farei. Levei a mão em punho ao peito e fiz uma reverencia.

- Assim será minha rainha. Não deixarei que reste pedra sobre pedra até que o último dos meus inimigos caia perante a minha espada.

- Ishtar, deixe-nos – disse minha rainha levantando-se sem tirar os olhos de mim.

O sacerdote apenas assentiu fazendo uma reverencia e saiu. A bela mulher à minha frente aproximou-se de mim ficando perto, bem perto.

- Levante-se, minha General – disse ela.

Obedeci olhando em seus olhos, eu já sabia o que aconteceria agora, o ritual. Sempre antes de qualquer batalha que eu vá era praticamente sagrado entre nós, era um momento só nosso, como um amuleto da sorte. O que era o ritual? Bom, já bem perto de mim ela colocou os braços ao redor do meu pescoço, mesmo Camila sendo mais velha, meu crescimento acelerado me fez mais alta alguns centímetros que ela. Enfim, ela abraçou-me, por assim dizer e me olhou com seriedade.

- Os deuses a guiará rumo a vitória.

- Que assim seja – falei – Até que as estrelas caiam do céu.

E o toque final, mas principal, ela encurtou a pouca distância entre nós selando seus lábios aos meus e eu abracei sua cintura retribuindo.

- Não ouse morrer Jauregui – disse separando minimamente – Volte inteira para sua rainha.

- Eu sempre volto, não importa o que aconteça, eu sempre vou voltar por você.

Nos beijamos mais uma vez por algum bom tempo. Logo depois coloquei minha armadura, montei no meu cavalo e fui para batalha.

(Atualmente)

Eu respirei fundo depois de recordar essas lembranças. Naquele dia, foi a última vez que eu vi Camila e a minha vida aqui em Ard Sckeled, tudo que eu vivi aqui foi arrancado de mim naquele dia, mas eu voltei, ainda não sei como, mas eu voltei. Ishtar tinha razão em uma coisa, devia ter se livrado de mim enquanto podia, agora eu vou até o fim, não vou desistir. Posso não ser mais a mesma de 500 anos atrás, mas ainda sou eu e se depender de mim ele nunca irá botar as mãos no meu anel, não enquanto eu viver. Camila tem que saber disso, agora mais do que nunca temos que chegar rápido na capital.

Eu disse Camz, eu jurei que voltaria.

Love and loyaltyOnde histórias criam vida. Descubra agora