Capítulo 9 - My History - Part 1

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Pov Narrador

Depois de extravasar sua raiva e com as mãos enfaixadas por conta de tanto esmurrar a arvore, Lauren já estava sentada junto com os outros no chão ao redor da fogueira já feita.

- Sentimos muito pelo que aconteceu Laur – Normani.

- Eu tinha minhas suspeitas – disse o troll encostado em uma arvore de braços cruzados e olhos fechados – As coisas mudaram bastante bem rápido quando você sumiu.

- Não posso dizer que não é de certa forma minha culpa – disse a morena – Eu devia ter visto que alguma coisa estava estranha.

- Não diz isso Laur – Ally – Você não tinha como saber.

- Ainda sim devia ter me esforçado mais, agora o exército inteiro está atrás de nós, o exército que eu mesma ajudei a treinar.

Atlas aproximou-se mais de sua dona e deitou a cabeça perto dela e a mesma não demorou em começar a fazer carinho em sua cabeça.

- Como aconteceu? – Dinah – Você disse que as histórias sobre você são exageradas, qual a sua versão?

- Olha, essa eu sempre quis saber – o troll abriu os olhos e se aproximou interessado na conversa.

A de olhos verdes sorriu pequeno e pensou por um instante sobre por onde começar, respirou fundo e decidiu:

Pov Lauren (Contando)

De certa forma aquela versão que ouvimos daquele homem da estalagem não estava errada, mas não é toda a história, não a minha.

Pra todos que conhecem eu vim do nada, por engano, ou alguma pegadinha dos deuses. Na verdade, nem eu lembro direito, tinha 7 anos, estava brincando no parque com meus pais quando de repente eu fui levada por umas pessoas estranhas trajando roupas completamente bizarras que me levaram por um portal esquisito e eu vim parar aqui em Ard Sckeled. Não só eu, junto comigo estavam outros 299 garotos. Essa era a meta da rainha, sempre a cada 20 anos ela levava 300 crianças, todos garotos, como forma de achar aquele que era o escolhido da profecia dos deuses, por algum engano ou infortúnio do destino eu acabei vindo parar aqui. Me levaram para uma espécie de prisão cheia de crianças chorando e gritando, todos meninos, só eu de menina, mas ninguém ligava pra isso, me prenderam e me amarraram meus pulsos com grilhões, isso mesmo grilhões e me jogaram em uma cela minúscula, suja, mofada, onde só dava para ficar de joelhos. Era horrível ouvir todos os dias os choros, os gritos. De início eu chorei, mas com o passar do tempo notei que não adiantaria, então parei de resistir e passei a “aceitar” o que quer que fosse que me esperava. Um dia o sacerdote que era o carcereiro passou de cela em cela olhando os garotos até parar na minha:

Flashback On

(1400 anos atrás)

Ele estava perto, eu podia ouvir o som das botas vindo até a minha cela, parou perto do portão, eu conseguia ver sua sombra, estava de cabeça baixa já que por estar sempre de joelhos não conseguia ficar em outra posição.

- Qual o seu nome? – ouvi a voz grave.

- Lauren – falei baixo, mas o suficiente para ele ouvir.

- Uma garota? –riu ele – Por que não está chorando como os outros?

- Porque isso não vai me fazer voltar pra casa.

- Quantos anos tem? 10, 8?

- 7.

- Levante a cabeça – obedeci, ele me analisou por um tempo e depois sorriu – Lauren, não é? Sou Isthar, carcereiro e sumo sacerdote de sua majestade a rainha Camila. Tirem todos e levem-na para a sala de preparo, parece que encontramos nosso escolhido, ou melhor escolhida.

Flashback Off

Depois disso me levaram e me submeteram a um processo tipo Capitão America, na qual me fez ter um crescimento acelerado, eu virei uma criança no corpo de uma adulta. Segundo me disseram, para o processo invocavam magia antiga diretamente para o meu corpo me transformando, me tornando adulta. Mas pra minha surpresa, minha transformação não tinha sido aprovada pela rainha, aliás, ela nem sabia quem havia sido escolhido. Como o homem da estalagem disse, ela não levou a notícia muito bem, como consequência ela queria de me matar, mas Ishtar interveio e a convenceu do contrário e me fez ir para um dos locais que eu passei metade da minha vida, os campos.

Não era um campo de verdade, na interpretação seria como os campos de concentração onde ficavam os prisioneiros. Lá vários escravos de guerra e prisioneiros trabalhavam nos rochedos, mas também era onde os soldados recrutados treinavam até estarem prontos. Foi para lá que eu fui mandada. Passei um bom tempo lá 200 ou 150 anos no mínimo, não sei ao certo, descobri que depois da transformação a magia me tornou imortal, e depois dos campos deixei de ter noção exata do tempo.

Lá passei a trabalhar nos rochedos, todos me viam como estranha, afinal eu era a única garota no meio de vários garotos e homens. Com minha força alterada o trabalho ficava até mais fácil, mas não tinha a menor moleza, trabalhava dia após dia realmente como escrava. Com o tempo eu já estava acostumada e tinha até alguns colegas, até eu a ver pela primeira vez. Um dia enquanto trabalhava alguns dos soldados recrutas caçoavam de nós enquanto treinavam, eu disse para pararem e um deles me desafiou.

Flashback On

- Jauregui, não faz isso, são soldados reais – disse um dos homens que trabalhava comigo.

- Não vou ficar parada – falei.

Fui até o soldado que ainda me olhava debochado. O mesmo tentou me atacar, mas seus movimentos eram lentos, eu desviava de todos os golpes e quando ele se distraiu eu dei-lhe um soco direto e ele caiu. Ouvi aplausos e estavam todos os caras do rochedo e até alguns soldados, a partir daí eu fui recrutada. Passei a treinar junto com os outros e em um desses treinos eu senti uma presença me observando vi a mulher mais bela que eu já vi, não que eu tenha visto outra mulher na vida com outros olhos, mas ela era sem dúvida a mais linda que eu já vi e o mais estranho ela também me observava, olhava diretamente pra mim. Não só naquele dia, mas em vários outros eu a via me observando em algum canto.

- Ei Richard – chamei um dos soldados que treinava comigo – Quem é aquela?

- Quem?

- Aquela que está alí – apontei para onde a mulher estava e o cara ao meu lado arregalou os olhos e pegou minha nuca.

- Se curva – me empurrava pra baixo – Se curva sua louca.

- Por que? – me curvei ainda sem entender.

- Aquela é a rainha Camila.

Olhei mais uma vez para a bela mulher de olhos castanhos que ainda olhava para mim com um olhar de superioridade, mas ao mesmo tempo com curiosidade.

Love and loyaltyOnde histórias criam vida. Descubra agora