Capítulo 12

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Pov Lauren 

   - Irmão? A toda poderosa tem um irmão? - disse Dinah e eu revirei os olhos ao ouvir a forma como ela chamou Camila. 

   - Por favor, não chama ela assim e sim... Infelizmente ela tem - falei - Mas nem percam o tempo de vocês com uma explicação melhor, é complicado. Só saibam apenas que Lofey é um mau caráter de carteirinha, já tentou tomar o reino uma vez. 

   Ficaram surpesos, mas não falaram mais nada, ainda bem. Como combinado, seguimos pela estrada de Oberon, seguindo pela floresta das árvores sussurantes, é eu sei, nome bacana. Mas não se pode subestimar esses lugares. Andamos por vários minutos no trecho livre, em um ponto senti uma sensação estranha, como se estivesse sendo observada.

   Dei o comando para Atlas parar e assim ele o fez, já estávamos em uma parte da floresta, porém em que mais a frente era densa demais para atravessar com a carroça. Drocon também viu e parou a carroça, olhei ao redor por alguns instantes, então desci de Atlas e sussurrei em seu ouvido fazendo carinho em sua juba. 

   - Já sabe o que fazer velho amigo - ele fez um breve grunhido e se afastou para logo sair em disparada. 

   - Por que dispensou o leão gigante? - Dinah.

   - Não vamos precisar dele por enquanto. 

   - Laur, por quê paramos aqui? - perguntou Mani descendo da carroça com as outras. 

   - Temos que seguir a pé a partir daqui - ajeitei minha espada - Essa parte da floresta é muito densa, vamos. Mas cuidado onde pisam, essa floresta é traiçoeira. 

(...)

   Ja estávamos a um bom tempo pelo caminho, já passava do meio dia se não estou enganada. Drocon e eu íamos na frente abrindo caminho saltando pelas árvores, que por sinal eu já tinha esquecido o quão eram estranhas e realmente algumas podiam se ouvir sussurros. Por que esse nome? Simples, bruxas, várias delas, moram ou costumavam morar nessa área, eram onde haviam muitos dos rituais, até serem expulsas e caçadas aqui e por isso o nome, é um lugar sagrado e bem arriscado se andar por aí sozinho e sem rumo, principalmente se for um humano. 

   - Está muito calmo - disse Drocon - Calmo demais. 

   - É, mas nunca confie nisso. É o que querem que pense e acabe ficando vulnerável. 

   - Você acha que ainda há alguma bruxa aqui? 

   - Difícil - dei de ombros saltando para a próxima árvore - Depois da reforma do Conselho da Clave, com as novas medidas dos anciãos e também depois do desastre que aconteceu em Asthapor, Camila deu um novo sentido à frase "caça às bruxas". E você sabe, eu sou muito eficiente no meu trabalho. 

   - É, eu sei - ele revirou os olhos. 

   Ard Sckeled é um reino vasto e imenso, que é repleto de magia e criaturas místicas, mas há leis sobre essa magia, leis bem definidas e rígidas e se uma delas for quebrada… Bom, considere-se sortudo se ainda estiver vivo.  

   Ao saltar outra vez, senti novamente aquela sensação de observação. Dessa vez mais forte. 

   - Parem! - falei ao ouvir uma movimentação diferente a nossa. 

   Todos se mantiveram em alerta e eu busquei de onde vinha o som. Me concentrei a tudo ao meu redor e ouvi outra vez, virei-me rápido fui atrás do nosso intruso silenciosamente. Não era um soldado, era um batedor pra ser exata e ele apontava um arco e flecha em direção as meninas, peguei uma adaga da minha perna e furtivamente me aproximei e coloquei a adaga em seu pescoço o assustando. 

   - Um pio e será a última coisa que fará - sussurrei - Larga. 

   Ele obedeceu jogando o arco longe, o peguei pelo colarinho da roupa e o joguei perto de onde as outras estavam. 

   - Olha o que eu encontrei. 

   - Quem é ele? - Dinah. 

   - Um batedor, não são soldados reais, são como caçadores de recompensas, fazem qualquer serviço extraoficial por um bom preço - explicou Drocon. 

   - Ou seja, fazem o trabalho sujo - falei - Como se chama? 

   - Jerard - disse ele nervoso. 

   - Jerard, quem o mandou aqui? 

   - Ninguém - desviou o olhar, mentiroso. 

   - Está mentindo Jerard, eu odeio que mintam pra mim - passei a lâmina próxima de seu rosto e o vi engolir em seco - Vou perguntar mais uma vez, quem o mandou? 

   - Lorde Ishtar. 

   Como eu pensei, bastardo imundo, covarde e manipulador. Pode ter o título que quiser, mas não tem coragem de me enfrentar pessoalmente, aliás não consegue enfrentar ninguém.

    Nunca que ele sairia do conforto e da segurança do palácio e iria para um campo de batalha e se tratando dessa floresta ele nunca mandaria um soldado real pra cá, levantaria suspeita, a última vez que aconteceu foi um banho de sangue, eu sei bem, eu comandei a chacina, ficou proibido depois disso qualquer soldado vir pra cá sem permissão da própria rainha, mas não é essa a questão agora. O peguei pelo pescoço e encarei firme. 

   - Saia daqui, sei que tem mensageiros pra dar a notícia sobre o serviço, quero que dê um recado a Ishtar por mim… 

Pov Narrador 

   O sacerdote andava por sua sala particular, lia seu livro pela milésima vez revisando seu plano, nada podia dar errado, não podia dar.

   O dia estava chegando perto, mas não podia fazer nada enquanto não tivesse com mapa em mãos, precisava daquele mapa, mas não o conseguiria até se livrar da morena de olhos verdes e quanto mais demorava, mais ela se aproximava da capital e da rainha. Devia ter dado um jeito nela muito antes. 

   - Lorde Ishtar - ouviu um dos soldados. 

   - O que é? 

   - Uma mensagem dos batedores que vossa excelência mandou. 

   O sacerdote levantou-se, pegou o pergaminho do soldado e o dispensou, sentou-se outra vez e abriu o papel para ler a mensagem. 

"Traição se paga com sangue" 

   Era o que estava escrito e sabia bem quem escreveu, amassou o papel enfurecido e o incinerou jogou tudo que estava em cima de sua mesa no chão. Tinha que apressar os planos, se ela chegar até Camila, todo seu plano de séculos irá por água à baixo, tinha que mudar a estratégia. "Camila não pode saber" - pensou. 

Love and loyaltyOnde histórias criam vida. Descubra agora