Pov Lauren
- Irmão? A toda poderosa tem um irmão? - disse Dinah e eu revirei os olhos ao ouvir a forma como ela chamou Camila.
- Por favor, não chama ela assim e sim... Infelizmente ela tem - falei - Mas nem percam o tempo de vocês com uma explicação melhor, é complicado. Só saibam apenas que Lofey é um mau caráter de carteirinha, já tentou tomar o reino uma vez.
Ficaram surpesos, mas não falaram mais nada, ainda bem. Como combinado, seguimos pela estrada de Oberon, seguindo pela floresta das árvores sussurantes, é eu sei, nome bacana. Mas não se pode subestimar esses lugares. Andamos por vários minutos no trecho livre, em um ponto senti uma sensação estranha, como se estivesse sendo observada.
Dei o comando para Atlas parar e assim ele o fez, já estávamos em uma parte da floresta, porém em que mais a frente era densa demais para atravessar com a carroça. Drocon também viu e parou a carroça, olhei ao redor por alguns instantes, então desci de Atlas e sussurrei em seu ouvido fazendo carinho em sua juba.
- Já sabe o que fazer velho amigo - ele fez um breve grunhido e se afastou para logo sair em disparada.
- Por que dispensou o leão gigante? - Dinah.
- Não vamos precisar dele por enquanto.
- Laur, por quê paramos aqui? - perguntou Mani descendo da carroça com as outras.
- Temos que seguir a pé a partir daqui - ajeitei minha espada - Essa parte da floresta é muito densa, vamos. Mas cuidado onde pisam, essa floresta é traiçoeira.
(...)
Ja estávamos a um bom tempo pelo caminho, já passava do meio dia se não estou enganada. Drocon e eu íamos na frente abrindo caminho saltando pelas árvores, que por sinal eu já tinha esquecido o quão eram estranhas e realmente algumas podiam se ouvir sussurros. Por que esse nome? Simples, bruxas, várias delas, moram ou costumavam morar nessa área, eram onde haviam muitos dos rituais, até serem expulsas e caçadas aqui e por isso o nome, é um lugar sagrado e bem arriscado se andar por aí sozinho e sem rumo, principalmente se for um humano.
- Está muito calmo - disse Drocon - Calmo demais.
- É, mas nunca confie nisso. É o que querem que pense e acabe ficando vulnerável.
- Você acha que ainda há alguma bruxa aqui?
- Difícil - dei de ombros saltando para a próxima árvore - Depois da reforma do Conselho da Clave, com as novas medidas dos anciãos e também depois do desastre que aconteceu em Asthapor, Camila deu um novo sentido à frase "caça às bruxas". E você sabe, eu sou muito eficiente no meu trabalho.
- É, eu sei - ele revirou os olhos.
Ard Sckeled é um reino vasto e imenso, que é repleto de magia e criaturas místicas, mas há leis sobre essa magia, leis bem definidas e rígidas e se uma delas for quebrada… Bom, considere-se sortudo se ainda estiver vivo.
Ao saltar outra vez, senti novamente aquela sensação de observação. Dessa vez mais forte.
- Parem! - falei ao ouvir uma movimentação diferente a nossa.
Todos se mantiveram em alerta e eu busquei de onde vinha o som. Me concentrei a tudo ao meu redor e ouvi outra vez, virei-me rápido fui atrás do nosso intruso silenciosamente. Não era um soldado, era um batedor pra ser exata e ele apontava um arco e flecha em direção as meninas, peguei uma adaga da minha perna e furtivamente me aproximei e coloquei a adaga em seu pescoço o assustando.
- Um pio e será a última coisa que fará - sussurrei - Larga.
Ele obedeceu jogando o arco longe, o peguei pelo colarinho da roupa e o joguei perto de onde as outras estavam.
- Olha o que eu encontrei.
- Quem é ele? - Dinah.
- Um batedor, não são soldados reais, são como caçadores de recompensas, fazem qualquer serviço extraoficial por um bom preço - explicou Drocon.
- Ou seja, fazem o trabalho sujo - falei - Como se chama?
- Jerard - disse ele nervoso.
- Jerard, quem o mandou aqui?
- Ninguém - desviou o olhar, mentiroso.
- Está mentindo Jerard, eu odeio que mintam pra mim - passei a lâmina próxima de seu rosto e o vi engolir em seco - Vou perguntar mais uma vez, quem o mandou?
- Lorde Ishtar.
Como eu pensei, bastardo imundo, covarde e manipulador. Pode ter o título que quiser, mas não tem coragem de me enfrentar pessoalmente, aliás não consegue enfrentar ninguém.
Nunca que ele sairia do conforto e da segurança do palácio e iria para um campo de batalha e se tratando dessa floresta ele nunca mandaria um soldado real pra cá, levantaria suspeita, a última vez que aconteceu foi um banho de sangue, eu sei bem, eu comandei a chacina, ficou proibido depois disso qualquer soldado vir pra cá sem permissão da própria rainha, mas não é essa a questão agora. O peguei pelo pescoço e encarei firme.
- Saia daqui, sei que tem mensageiros pra dar a notícia sobre o serviço, quero que dê um recado a Ishtar por mim…
Pov Narrador
O sacerdote andava por sua sala particular, lia seu livro pela milésima vez revisando seu plano, nada podia dar errado, não podia dar.
O dia estava chegando perto, mas não podia fazer nada enquanto não tivesse com mapa em mãos, precisava daquele mapa, mas não o conseguiria até se livrar da morena de olhos verdes e quanto mais demorava, mais ela se aproximava da capital e da rainha. Devia ter dado um jeito nela muito antes.
- Lorde Ishtar - ouviu um dos soldados.
- O que é?
- Uma mensagem dos batedores que vossa excelência mandou.
O sacerdote levantou-se, pegou o pergaminho do soldado e o dispensou, sentou-se outra vez e abriu o papel para ler a mensagem.
"Traição se paga com sangue"
Era o que estava escrito e sabia bem quem escreveu, amassou o papel enfurecido e o incinerou jogou tudo que estava em cima de sua mesa no chão. Tinha que apressar os planos, se ela chegar até Camila, todo seu plano de séculos irá por água à baixo, tinha que mudar a estratégia. "Camila não pode saber" - pensou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Love and loyalty
Fiksi PenggemarQual o preço de uma lealdade cega? Ser leal a alguém, uma causa é muito bonito e muitas vezes importante, mas até aonde você iria pela sua lealdade? Lauren faria qualquer coisa, principalmente se sua lealdade está diretamente ligada à pessoa que é d...