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 We always go into it blindly
  I needed to lose you to find me
This dance was killing me gently❞ .

10 anos. Há quase 10 anos que eu aturava suas desculpas esfarrapadas para não interagir com sua própria família.

“ Não posso ir na peça da escola da nossa filha, estarei no trabalho”.

“ Não vamos poder comemorar nosso aniversário de casamento, irei trabalhar até tarde”.

Não, não e não. Era tudo o que eu ouvia de sua parte, no começo de sua carreira, eu entendia que ser um médico cirurgião tomava boa parte de seu tempo, mas agora isso está fora do controle! Não o vejo chegar ou sair de casa, estou sempre dormindo sozinha e Nam Ji Hye precisa de uma figura paterna em sua vida.

Era por esses e mais motivos que eu estava pedindo o divórcio, vai doer em mim, mas não posso voltar atrás, não sei quanto mais suportarei ter que morar com alguém que se tornou um estranho. Tive muitos anos da minha vida para pensar sobre isso e cheguei numa decisão, não importa se ele concorde ou não.

— Você não pode me deixar assim!— vociferou o mesmo, sua expressão estava nervosa.

Tinha esperado até de madrugada para conseguir conversar com ele, os papéis do divórcio tinham chegado e eu estava esperando que ele assinasse amigavelmente. Senti meus músculos ficarem tensos com o que ele disse, era eu quem estava o deixando ou ele quem nos abandonou?

— Estou cansada disso, Hyuk! Você não liga pra ninguém, a não ser seu precioso trabalho... É por isso que peço que assine isso e me deixe viver em paz.

— S/N, amor... Você sabe o meu...

— O seu dever com o trabalho.— repeti a frase que ele sempre usava— Sim, eu sei disso... Mas, se caso não tenha notado, você tem uma família e seu dever também é para nós.

Ele calou-se completamente, meu coração estava agitado, pelo visto ele não ia cooperar com a situação. Saí daquele cômodo e andei até o que era para ser nosso quarto, tão egocêntrico, sempre pensando nele e nunca me escutando. Quando estávamos na faculdade era tudo tão mais apaixonante, eu o apoiaria em tudo, mas se soubesse que sua profissão iria estragar nosso relacionamento, nunca teria dito que ele seria o melhor de todos.

Só então quando ele foi bem sucedido em sua primeira cirurgia é que as coisas começaram a sair fora do controle, mesmo com o nascimento da nossa Ji Hye, ele não se mostrou presente e sempre atendia pacientes fora do horário, tudo isso por dinheiro. Entrei no quarto e me deitei na cama, virei para o meu lado, não queria ter de olhá-lo caso viesse aqui, desliguei a luz do abajur e fechei os olhos tentando esquecer as cenas da discussão que tivemos. Meu coração acelerou novamente quando a porta se abriu, ouvi seus passos vindo até o outro lado da cama, o colchão afundou e ele puxou um pouco a coberta.

Um arrepio percorreu minha espinha ao sentir sua proximidade, ele passou seus braços sobre mim e me apertou contra si, deixou sua boca encostada em meu pescoço, sabia que ali era meu ponto fraco.

— Meu amor... Eu sei o quão ruim eu fui em ter me afastado de vocês duas, mas não quero mais cometer esse erro... Fique comigo, S/N!— disse um pouco baixo, enquanto deixava beijos naquela região.

— Palavras são fáceis de ser ditas, mas não apagam a dor que eu senti... Se quiser me ter novamente, deve se mostrar melhor.

Eu sabia que ele não ia conseguir fazer isso, mas só estava dizendo para aliviar minha consciência, o mesmo continuou me beijando, gostava da maneira que suas mãos me seguravam, me transmitia confiança, algo que não tenho mais nele. Bruscamente, me soltei de seus braços e voltei a ficar da maneira que estava, somente uma noite de prazer não ia mudar nada. Ele entendeu o recado, não disse mais nada e também voltou do jeito que estava, novamente fechei os olhos e tentei não chorar.

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— Vou me divorciar do Hyuk...— olhei firme para minha mãe, ela exclamou de surpresa.

— Por que vai fazer isso, S/N?— ela perguntou, conseguia ver a tristeza em seus olhos.

— Ele não tem tempo para ninguém, nem pra mim e nem para a própria filha, não quero que a Ji Hye cresça com um homem daquele como pai.

— Se essa é a sua decisão, vou te respeitar, mas... Isso é algo sério, tem que pensar muito bem e ter certeza se é isso que você quer.

Era isso o que eu queria, não é mesmo? As palavras da minha mãe ficavam grudadas em minha mente, eu ainda o amo, mas tudo tem um limite e Joo Hyuk chegou no dele. Com um tempo de conversa depois, acabei me esquecendo do horário, me despedi rapidamente dela e corri até meu carro, Ji Hye já deveria ter saído da escola. Comecei a dirigir e tentei pegar o caminho mais curto até o local, detesto esquecer do horário, qualquer coisa pode acontecer com ela lá sozinha, eu nunca iria me perdoar se algo acontecesse com minha filha.

Assim que virei a rua, deixei o veículo estacionado e andei até a entrada, geralmente um funcionário fica para fora olhando as crianças. Subi as escadas e olhei em volta procurando-a, quando vi que ela não estava ali, entrei para dentro da escola à procura da mesma. Vi ela mostrando alguns desenhos para alguém, não consegui ver o rosto exatamente, mas assim que me aproximei, meus batimentos aceleraram.

— Vamos, Ji Hye!— segurei a mão da mesma, já saindo.

— Espera, eu quero falar com você!— disse me fazendo parar.

— Querida, mamãe vai ter uma conversinha com o papai, fique com a professora enquanto isso.

A menina rapidamente saiu em disparada para a sua sala, ela amava a companhia de sua professora do jardim de infância. Me virei novamente para ele, com uma expressão nada boa, o que queria vindo até aqui? Acho que está bagunçando as coisas.

— Eu senti tanta a sua falta...— ele aproximou, mas eu me afastei— Sabe... Depois daquela nossa discussão ontem, eu realmente percebi que estou sendo um péssimo pai, eu nem sabia que nossa filha já sabia ler e escrever o próprio nome, me sinto muito mal por tudo o que te fiz passar.

Eu estava entrando em um colapso, queria acreditar nas suas palavras, queria poder ter certezas de que seríamos uma família feliz de novo, mas eu precisava ver a mudança nele, não queria ter de fazer a escolha errada e me arrepender no futuro.

— Fico feliz que tenha percebido isso, mas não muda nada na nossa relação.

— Por que é tão difícil acreditar em mim? Você não me ama mais? Está com outro homem, é isso.

— Não tem nada a ver, Nam Joo Hyuk!— tentei não exaltar minha voz, aquilo era ridículo— Eu só cansei, cansei de viver com um homem que só pensa em dinheiro, cansei de ser a segunda opção e não vou acreditar em você até que me prove ao contrário.

Saí daquele corredor, não aguentaria ficar mais nenhum pouco no mesmo espaço que ele, peguei Ji Hye na sala e fomos até o carro, em todo momento não tentei chorar, porém algumas lágrimas escapavam teimosamente enquanto dirigia até em casa.

— Mamãe, por que você tá chorando?— perguntou a menina, exuguei o rosto na mesma hora.

— Não é nada não, filha, descanse um pouquinho.

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