Quando A Escuridão Avança

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I looked into your eyes

They told me plenty I already knew

I never let myself believe that you might stray

I thought, I'd be with you until my dying day

Era sexta-feira de manhã, quatro dias depois da final do Torneio, e Harry acordou com sua cicatriz queimando.

Acontecia com freqüência, nos últimos tempos, pois o poder de Voldemort aumentava. Harry aprendera a aceitar o fato.

Mas não aprendera a parar de odiá-lo.

Sem ter mais que se preocupar com o Torneio, Harry quase podia fingir que Quidditch era o seu único problema, se evitasse olhar para a cama de Seamus. Por que essa dor tinha que surgir agora?

- Harry.

Ele se virou na direção da voz de Ron, e sentiu um súbito e estúpido receio, como se Ron fosse ver sua cicatriz como a marca de um assassino.

Ron deu um sorriso débil, preocupado. Harry sorriu de volta, para mostrar que estava tudo bem, e seu sorriso tornou-se genuíno quando seus olhos bateram no pijama de Ron.

Ron era alto o bastante para usar o pijama que fora de Bill quando este tinha a sua idade. O pijama, que Harry sempre gozava, tinha o desenho de lábios vermelhos fazendo biquinho no bolso esquerdo. E por alguma lei da Física aplicável somente a Ron, as calças estavam pescando – embora Harry estivesse certo de que ele e Bill eram do mesmo tamanho.

- Você está bem? - perguntou Ron, sentando-se na cama.

Harry levantou os joelhos, abrindo espaço para Ron, feliz pela distração.

- Eu... sim. Acontece o tempo todo.

E a cada vez eu penso mais e mais que devemos destrui-lo. Fico mais determinado a matar o bastardo.

- É pior saber quando Você-Sabe-Quem está com raiva? - perguntou Ron de supetão, como se temesse as palavras – Às vezes eu acho que... ficar no escuro é pior. Eu odeio mistério. Odeio tudo que é... - ele fez uma careta – Sinistro.

- Sei lá – disse Harry com voz cansada – Eu sempre tive isso, lembra? - ele fez uma pausa – Suponho que as duas coisas são ruins.

- É – Ron se moveu para a outra extremidade da cama, e desajeitado bateu na beirada de madeira, contraindo-se com a dor – Posso te contar uma coisa? É meio retardado.

Harry fez que sim com a cabeça.

- Sabe o jeito horrível que o Neville ronca? Às vezes eu me concentro no som, para saber que alguém ainda está ali. Às vezes eu não consigo dormir sem ouvi-lo.

Eles ficaram em silêncio por alguns momentos, ouvindo o zumbido do ronco de Neville. Era um som horrível, e eles trocaram um pequeno sorriso.

- Eu não acho retardado – disse Harry – Está tudo tão ruim... a gente tira conforto de onde pode.

- É... - Ron alinhou a mandíbula – Eu queria mesmo falar com você sobre esse assunto. É por isso, sabe.

- Por isso o quê?

- Por isso que eu ainda não estrangulei o Malfoy, e enterrei o corpo numa cova rasa, para não ter mais que te ver confraternizando com o inimigo.

- Ele não é o inimigo – disse Harry com severidade.

- Você acha que não, Harry, obviamente. Mas eu ainda odeio o babaca. Ele sempre foi o inimigo – Ron fez uma careta de desagrado – Aquele boiolinha adulador e malicioso só pára de falar abobrinhas para cuidar do cabelo. Mas... tudo bem, eu sei que por algum motivo você passou a gostar dele.

Underwater Light [pt/br] • drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora