Expedições

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The serious stuff, and the light-hearted


Looking in your eyes and I'm just getting started

Tell me your secrets, all your hopes and wishes too

I want to know everything there is to know about you

Harry Potter observava Draco Malfoy há anos.

É claro, ele nunca percebera até agora, mas era um fato. Ele tinha memórias de escanear a mesa Ravenclaw procurando pelo rosto de Cho, mas sua queda havia provado ser bem mais efêmera que seu ódio por Malfoy. Harry nunca começava um ano sem procurar por Malfoy em meio às multidões no trem e na mesa Slytherin. Ele não conseguia relaxar enquanto aquela odiada cabeça loira não fosse avistada, e ele podia se sentar, com o inimigo localizado, e encará-lo por um minuto.

Ele não tinha percebido até agora. Agora que ele estava experimentando esse conceito novo de amizade ele podia notar o quanto ele já sabia sobre o dia-a-dia de Malfoy. Era incrível como ele podia ver mais ainda agora que seus olhos não estavam mais semi-cerrados.

O padrão da vida de Malfoy era que não havia padrão nenhum. Às vezes ele aparecia para o café num horário respeitável, mas quando o fazia era sempre com um ar severo.

De vez em quando Pansy e Blaise Zabini arrastavam-no para o refeitório, tentando forçá-lo a comer enquanto ele exigia café, de mau-humor. Na maioria das vezes, ele simplesmente não aparecia. Ele não era uma pessoa diurna, e perdia refeições demais.

Mas Harry conseguia discernir um certo padrão. Ele mesmo o formou. Toda manhã, quando Malfoy aparecia, Harry sempre passava pela mesa Slytherin e dizia bom dia. E Malfoy sempre respondia, embora não se voluntariasse para cumprimentá-lo primeiro.

E toda Sexta-Feira, Malfoy chegava um pouco atrasado para o café, mas com os olhos brilhando e alegria mal-disfarçada, falando sem parar e comendo quantidades quase obcenas de comida.

Harry não entendia o porquê, até que arrancou de Hermione que Mágica Criativa era a primeira aula sexta de manhã.

Toda vez que Malfoy recebia um pacote com doces de casa, ele tinha um padrão bem visível de comportamento. Ele abria os pacotes lindamente embrulhados com cuidado, devagar, lançando olhares sádicos para os seus escravos Crabbe e Goyle. Então, com um movimento exagerado, ele despejava os doces caros em seu prato.

Isso feito, ele jogava a cabeça para trás e observava toda a mesa Slytherin, assegurando-se de que tinha a atenção de todos. Ele era sempre o príncipe caprichoso e arrogante, distribuindo doces para aqueles merecedores, deliberadamente e com malícia.

Quando ele via que alguém estava de olho em um doce particular, ele o comia, presunçoso. Harry não gostava de assistir a essa demonstração, mas o fazia mesmo assim - e sorria.

E ele ficou meio decepcionado em ver, depois dessas semanas de amizade, o padrão ser quebrado.

O correio chegou durante o café-da-manhã numa quinta. A coruja-águia com pedigree de Malfoy sobrevoou a mesa Slytherin com a mesma graça preguiçosa de seu dono, cada batida de suas asas declarando que ela não nascera para fazer movimentos desastrados, muito obrigado.

Harry a viu antes de Malfoy, apesar de ele não ter demonstrado surpresa quando ela pousou. Mas quando ele viu a carta ele hesitou.

Harry percebeu que Malfoy nunca recebia cartas. Haviam os pacotes usuais com doces, e até os presentes caros e de bom gosto ocasionais... Harry não se lembrava de ele ter recebido cartas antes.

Underwater Light [pt/br] • drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora