Segundo - Carinho

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26-01-20

A matriarca da família Di Ângelo permanecia sentada na poltrona ao lado da cama do filho, murmurando uma melodia de ninar que a mesma cantava para os filhos quando os mesmos ainda corriam pro seu quarto com medo do escuro. A música foi encerrada no momento em que uma leve batida soou pelo quarto.

--Maria? –a senhora Di Ângelo reconheceria aquela voz em qualquer lugar, uma das amigas mais intimas de seu filho, Sophia.

--Olá querida. –Cumprimentou a morena com um sorriso cansado. –Aconteceu alguma coisa???

Sophy sorriu para a mulher, sabia o quanto estava sendo difícil para a mesma ver o filho naquele estado.

--Vim dar uma olhadinha no nosso conde drácula. –Esclareceu se aproximando da cama e olhando os aparelhos. –Will entrou na sala de cirurgia e ele não consegue se concentrar muito bem estando preocupado com o Nico.

Maria balançou a cabeça, nem um pouco surpresa com esse fato.

--E a senhora sabe o quanto ele é teimoso, então eu me ofereci para dar uma olhadinha no nosso anjo. –Afirmou encarando o rosto de seu amigo querido, que não estava mais tão pálido apesar dos diversos curativos o mesmo parecia se recuperar bem, já estava até mais corado. –Além de quê, Kayla me incumbiu da missão de tira-lo do hospital hoje.

--Aquele garoto merece apanhar –resmungou Maria, parecendo uma criança por um momento. –Quantas vezes eu já disse para ele se cuidar direito? Quando meu filho acordar e vê ele acabado desse jeito vai brigar igual um senhor idoso resmungão.

Sophia sorriu pela fala da mulher, o que de certa forma era verdade.

--Devemos concordar que Nico é uma alma idosa no corpo de um jovem. –disse Sophy, terminando de anotar algo na prancheta do branquelo.

--Ele sempre foi assim na verdade, mais desde que ele conheceu o Will meu pequeno anjo parece mais uma criança do que um idoso. –comentou risonha fitando a amiga do filho, que assentiu divertida.

--Will vive mimando-o...

Maria sacudiu a cabeça em uma repreensão fingida.

--Tanto trabalho que eu tive para educar meu filho, chega este loiro e o estraga com uma facilidade gritante.

As duas mulheres riram, Will sempre mimou o moreno era um fato. Mais não é como se as mesmas realmente ligassem para isto, visto que era possível notar a cumplicidade, carinho e o amor que os dois demonstravam uma para com o outro.

Maria nunca realmente ligou para estereótipos, cresceu ouvindo de seus pais que o correto era amar sem medidas e sempre acreditar no seu coração. E naquele dia ele parecia lhe enviar uma mensagem importante.

Era época de férias, sua casa estava novamente cheia, suas crianças estavam em casa e como mãe, ela não conseguia não notar algumas coisas.

O primeiro fato importante, seu filho estava mais calado que o normal. Nico era quieto por natureza, algo de sua personalidade, no entanto, ficar calado encarando uma pelúcia de caveirinha e com o rosto vermelho não era bem o que a mesma considerava normal do seu anjinho.

A mulher sentou ao lado do mesmo no sofá.

--Foi presente de alguém especial? –questionou, o moreno encarou a mãe surpreso já que não havia percebido a mesma até então.

--Como?

--A caveirinha, foi alguém que te deu? –perguntou novamente, a matriarca permanecia tranquila, esperando pacientemente o filho reunir coragem o suficiente para falar.

--Ah...bem, um amigo me deu. –falou abraçando a pequena pelúcia. Maria sorriu com esse gesto, não importa o quanto seu Nico quisesse esconder algo da mesma, por que ela o conhecia bem.

--Quem foi? –perguntou atenciosa, presta atenção em cada gesto do mesmo.

--A senhora não conhece...—resmungou acanhado, seu filho era tão fofo.

Para quem conhecia apenas o lado de fora de Nico, acredita que o mesmo é sério e fechado. Mais para quem o conhecia realmente, sabia que aquilo tudo era fachada e percebia o quão carinhoso o mesmo era.

--Pois quero conhece-lo, conhecer a pessoa que conseguiu despertar um sentimento tão bonito dentro de mio angelo. –Nico encarou a mãe surpreso, como ela...—Nem tente me enganar, viu? –sussurrou com um sorriso carinhoso nos lábios enquanto apertava o nariz do rapaz levemente, antes que o mesmo pudesse retrucar.

--A senhora não acha estranho? –nada importava mais para o moreno do que o apoio da mãe e das irmãs.

--Besteira, eu não vou deixar de amar mio angelo por isso. –disse carinhosa, acariciando os fios negros do filho. –O brilho dos seus olhos quando olha para essa pelúcia...o sorriso que você dá quando conversa com alguém pelo telefone. Isso é puro meu amor, nunca deixe de viver sua vida do jeito que quiser...nem se prenda a algo que não gosta, por conta dos outros.

Nico sorriu levemente emocionado, amava sua mãe e saber que ela lhe apoiava mesmo sem saber do que se tratava, lhe deixava com um sentimento aconchegante no peito.

--Inclusive, eu quero conhecer seu namorado...quero ver se ele é bom o bastante para o meu filho. –Declarou e Di Angelo a encarou surpreso

--Não precisa disso...espera, mãe!!!! –exclamou vermelho. –Will não é meu namorado.

--Ah! Então o nome dele é Will...—disse se divertindo com a face envergonhada do filho. –Espera, esse não é o nome daquele loirinho que veio aqui em casa outro dia?

--É, sim é ele. –Confirmou ainda surpreso e envergonhado.

--Ele é muito bonito. –Nico sabia bem o que ela estava insinuando.

--Mãe!!!

--O que...? –questionou inocente. –Traga-o aqui para jantar amanhã, quero conhece-lo o mais rápido possível. –E saiu da sala deixando o moreno totalmente confuso.

Maria sabia que seu coração estava certo e mesmo que tudo desse errado, ela sempre estaria ao lado do filho, nos momentos bons ou ruim.

Por que é isso que as mães fazem.

Os ajudam a superar tudo e o nada, sempre ao lado.

Cinco Motivos Para AcordarOnde histórias criam vida. Descubra agora