Saga de Candalus: A Sombra da Luz

1- Um novo amanhecer

     Alguns anos haviam se passado desde a guerra que assolou Shalduril e as reformas necessárias foram feitas, gerações de elfos cresceram, a cidade expandiu seus horizontes territoriais e tecnológicos,aquele evento parecia distante agora. Ela voltou a ter sua exuberância natural com ruas enfeitadas por arcos de árvores de folhas amarelas, postes de luz mágica, poucos guardas patrulhando às ruas e um povo mais pacífico do que nunca. De fora da cidade, era possível ver as muralhas que a cercavam e o grande palácio, uma torre gigante que parecia tocar os céus, e lá habitava o novo Rei, ou Filho da Luz, Tauriel.

     Nesse exato momento, ele caminhava com demasiada pressa pelas ruas com o intuito de chegar ao castelo para uma reunião que estava atrasado. Tauriel estava acompanhado de seus dois guardas reais muito bem equipados com armaduras que o diferenciavam daqueles que patrulhavam as ruas. O rei, por outro lado, não estava atrás no quesito de vestimenta, seus cabelos dourados estavam presos em um rabo de cavalo que descia até sua cintura, seus olhos eram amarelos com uma leve distinção do que era pupila e do que era íris, que também era amarela. Ele tinha brafoneiras metálicas prateadas com duas águias douradas que pareciam alçar voo de seus ombros, seu corpo, apesar de alto, era de um guerreiro, como era de se esperar de um campeão de guerra, apesar das cicatrizes no rosto, algo não muito comum entre os elfos. Suas vestimentas reais se resumiam a um sobretudo abotoado no torso que se estendia até os seus pés, suas pernas também estavam vestidas em uma calça vermelha de tecido fino e em seus pés haviam botas longas revestidas com metais prateado e dourado, traçando desenhos de aves de asas abertas. Enquanto seus braços exibiam manoplas dos mesmos materiais com os mesmos motivos.

     O Filho da Luz adentrou ao palácio, seus guardas ficaram na porta e ele percorreu um longo corredor e virou à direita, em uma porta que dava acesso a sala de guerra, um quarto retangular e espaçoso, de paredes douradas opacas e com uma mesa enorme. Sobre ela, havia um mapa do continente de Candalus, nele, haviam algumas miniaturas de soldados élficos e humanos, todos posicionados em locais específicos. Os elfos que estavam lá dentro, seus dois conselheiros em assuntos militares, reverenciaram seu rei.
- Lira, relatório – falou Tauriel. Sua expressão agora era séria e determinada.
- Agora mesmo senhor – Lira, uma elfa que fazia parte do conselho de guerra apontou para uma das miniaturas em específico, ela não era tão alta quanto seu rei mas exibia um longo cabelo vermelho e estava vestida com uma armadura de couro, ela parecia ser uma agente de reconhecimento. A miniatura em questão ficava exatamente atrás de uma barreira de montanhas em meia lua.
– O forte de Lua Minguante está sob ataque, os orcs do Clã dos Saqueadores conseguiram furar nosso bloqueio e estão entrando na fortaleza. Ou recuamos as tropas para evitar mais baixas ou mandamos os soldados do forte vizinho, o problema é que o forte mais próximo é o das Minas de Prata e levariam dias para chegarem, eles não iriam aguentar esperar por tanto tempo.

     O forte da Lua Minguante era uma fortaleza construída pelos humanos que servia como uma rota de fuga caso sua cidade fosse atacada. A cidade dos humanos, conhecida como Repouso do Herói, era abraçada pela barreira de montanhas e em caso de um grande ataque, não havia muitas formas de fugir. No entanto, o ataque teria que ser muito eficiente para furar as enormes muralhas de mais de quarenta metros de altura que ligavam quatro estátuas maiores ainda que ficavam de frente para a cidade, estátuas erguidas em homenagem a os quatro fundadores da cidade. Portanto, era muito mais fácil tomar o forte e atacar de dentro para fora do que o contrário.
- Não podemos deixar esse forte cair. Nero, como está a situação dos orcs - perguntou Tauriel. Nero era o outro conselheiro, vestido com armaduras pesadas e uma espada guardada na cintura, ele parecia ser a pessoa certa para chamar quando precisasse mobilizar um exército.
- As notícias que chegaram é que eles eram poucos, não dariam nem para derrubar nossos homens, mas um orc controlador de magia negra apareceu no fronte e fez com que os caídos se levantassem, nem os elfos foram perdoados.