2- A Caçadora

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     Vizinho à floresta densa, fazendo fronteira com a mesma, havia uma planície perfeitamente verde que no momento, era lar de um acampamento improvisado, que parecia estar ali há alguns dias apenas. Todos que estavam no acampamento, eram elfos e elfas da luz que estavam bebendo e conversando. Um pouco distante dos outros que bebiam, havia um elfo sentado em um banco de madeira improvisado, olhando para a floresta densa que se destacava no horizonte. Seu nome era Daril, seus olhos tinham uma coloração azul claro, e seus cabelos eram loiros e lisos e estavam presos em um coque. Ele vestia roupas de couro, com tons de cores que se camuflavam na floresta verde, em suas costas havia uma aljava de flechas e o seu arco, na sua cintura, uma adaga e uma espada pequena, ambas embainhadas do lado direito do cinto fora três bolsas também presas ao cinto com alguns itens de sobrevivência e combate como tiras de couro, veneno e até mesmo pedras com runas de armadilha gravadas.
- Ei Daril! A comida já está pronta, Layla caprichou dessa vez. - Falou um elfo. Seu nome era Lyan
- Ah é... eu vou já - Falou Daril, ainda mantendo o olhar na floresta. Lyan percebia o olhar de preocupação no amigo então foi se sentar ao lado dele
- Ei, você sabe que ela vai voltar. Não teríamos votado nela se não soubéssemos que ela é capaz.
- Eu sei, é só que aquela fera já matou alguns caçadores, se fosse qualquer outra coisa eu estaria tranquilo
- Você tem pouco confiança para alguém que é tão próximo assim de Nyrel.

     Com um tempo depois, questão de uma hora, apareceu entre as árvores da floresta densa, uma pessoa encapuzada montada em um cavalo, todos olharam inclusive os que estavam bebendo, e pela delicadeza e falta de preocupação já sabiam quem era e o que ela estava trazendo. Daril finalmente soltou um sorriso de alívio que tentou esconder mas foi uma tentativa em vão. Quando a pessoa já estava mais perto do acampamento, todos já conseguiam ver algo que era uma espécie de carroça improvisada com cabos de madeira, folhas e tiras de couro presas à traseira do cavalo que carregavam uma grande carcaça de alce com chifres de rubi. Ela tirou o capuz, desceu do cavalo e seguiu para olhar o alce inerte que só tinha um ferimento no pescoço feito por uma flecha que ainda estava lá. A caçadora que abatera o grande alce era Nyrel, filha de Tauriel. Ela retirou a flecha do pescoço do animal e falou.
- Lyan parabéns, sua flecha realmente é eficaz.
- Muitíssimo obrigado, minha princesa - falou Lyan com um sorriso orgulhoso estampado no rosto. Ele pegou a flecha com Nyrel, se aproximou de Daril e sussurou - Eu falei que ela ia voltar inteira.
- Agora só temos que levar o animal para o Refúgio. Todos prontos?

     Os elfos concordaram com a princesa, cada um em seu tempo, e se prepararam para colocar o animal em uma carroça de verdade, uma que aguentasse a viagem até o Refúgio dos Arcos, um local construído por um antigo anão caçador que se cansou dos preconceitos e brigas que as raças tinham e tem entre si e construiu um lugar ao norte de Candalus onde quem fosse capaz de caçar a própria comida e estivesse disposto a uma caçada competitiva, poderiam viver lá sem nenhum problema. Livre de preconceitos e rixas desnecessárias.

     A jovem princesa colocou seu arco de lado, tirou seu cinto e se sentou na mesa do acampamento e aproveitou o tempo para reabastecer tudo que havia perdido nos três dias que passou na floresta. Daril foi à mesa e se sentou ao lado dela.
- E aí? Como foi a caçada?
- No começo eu estava enchendo o saco, não sabia se ia encontrar ou não aquele cervo... - falou Nyrel no intervalo entre uma mordida e outra no pernil de javali sobre a mesa que havia sido muito bem temperado por Layla, a cozinheira do grupo e ótima caçadora. - Daí quando eu achava que tinha pegado ele, ele fugia. Eu comecei a achar que eu não estava me escondendo direito, mas depois deixei essa hipótese de lado ao ter pegado um coelho com as minhas próprias mãos de tão perto que consegui chegar dele. Aquele bicho parecia sentir que eu estava perto. Daí eu decidi me plantar em uma árvore, colocar uma isca, e esperar ele chegar.
- Bom, agora só precisamos entregar isso ao velho e podemos voltar para Shalduril. O que acha?
- Ah, pode ser, eu estou até sentindo um pouco da minha cama maravilhosa do castelo mas eu admito que esses momentos que passo na floresta, caçando ou até mesmo viajando com vocês vale muito mais do que ficar em casa e ouvir meu pai falar das "inovadoras" ideias dele de tentar firmar um acordo de paz com os anões. Você já comeu?
- Não eu... estava esperando você chegar sei lá porquê - falou Daril com um sorriso sem graça
- "Sei lá porquê" tá bom - falou Nyrel.

Saga de Candalus: A Sombra da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora