- Bom, você deve estar se perguntando porque eu te mostrei isso - falou Tauriel - eu já lhe contei várias vezes a história da guerra dos Sóis Gêmeos, mas sempre me faltou forças para explicar como eu me tornei o Filho da Luz - sua voz continuava com uma certa melancolia - graças as nossas boas alunas aqui eu consegui, e admito, foi difícil vivenciar esse momento de novo. Eu fiz muita coisa errada nessa vida depois que eu perdi meus pais, mas Baralis viu potencial em mim e se tornou não só o meu mentor, como também o meu maior amigo. Eu assumi o cargo dias depois de seu sepultamento, a cidade estava precisando de um líder o quanto antes. E mesmo de luto, eu fiz um discurso para todos os cidadãos de Shalduril e me comprometi com eles. Foi o último desejo do meu mestre, e amigo. - Tauriel então, estendeu seu braço e colocou sua mão no ombro da princesa - Daqui a um ano, você se tornará Filha da Luz, a primeira elfa a se tornar rainha. Você terá um caminho tortuoso pela frente mas eu quero que saiba que assim como eles estarão aqui por você, você deve estar aqui por eles.
Para um humano, um ano pode ser muita coisa, mas para um elfo, esse tempo passava tão rápido que eventos como esse tinham a necessidade de serem organizados com muita antecedência. Tauriel sempre foi sozinho, seu pai o abandonou quando ainda era novo e sua mãe morreu na flor da idade devido a uma doença. Ele fez coisas para sobreviver das quais se arrependeu e, por isso as pessoas o viam como um criminoso. A única pessoa que viu potencial nele foi Baralis que o guiou pelo caminho que mais tarde lhe daria a redenção dos seus pecados. Hoje, ele carrega as marcas do passado no corpo e a redenção em suas vestimentas e atitudes. Mesmo para um dia cansativo, Nyrel ainda insistia em parar um momento para aprender e ouvir seu pai. Ela o abraçou e ali ficou, ele merecia aquele momento.
Depois daquela noite a única coisa que ela mais queria era dormir, seus olhos tão dourados quanto o do pai pareciam ter perdido o brilho de tanto cansaço. Ela chegou em seu quarto e tirou as armaduras de couro, que não estavam cheirando nada bem, se despiu e foi tomar banho. A água que molhava seus longos cabelos loiros e descia pelo seu corpo tinha uma fragrância das flores que eram cultivadas no jardim, perto do castelo, era uma sensação nostálgica que ela não sentia desde semanas atrás, quando saiu para caçar o cervo, aquilo a deixou relaxada depois de tanto tempo. Após o banho, ela seguiu para seu armário, em busca de sua camisola de dormir. O seu quarto não era tão suntuoso quanto o do pai, mas era tão grande quanto. Ao se vestir, ela se deitou em sua cama confortável completamente diferente dos sacos para dormir e camas improvisadas das caçadas e pareceu ter se desligado do mundo.
Porém, aquela não foi uma de suas melhores noites. Em dado momento, ela abriu os olhos e se viu novamente no salão principal do castelo em frente ao seu pai. Havia um clima pesado no local e as roupas reais de seu pai tinham assumido um tom escuro, não eram mais tão vermelhas como antes. Quando Nyrel olhou para o rosto de seu pai, ela sentiu um calafrio percorrer sua espinha, pois onde deveria haver o rosto de Tauriel havia apenas um buraco para um vazio sem fim. Ela sentia que poderia cair ali dentro mesmo sendo um buraco tão pequeno, e antes que ela pudesse ter alguma outra reação, seu pai avançou em sua direção como um animal e o instinto da princesa foi puxar uma adaga de seu cinto e apontar para ele que pareceu não ver a arma. Ele parou sua investida após ser perfurado pela arma. Nyrel viu seu pai amolecer em sua frente e cair em seus braços, seu rosto havia voltado ao normal e ele parecia estar morrendo mas, de alguma forma, Nyrel sentia que não poderia curá-lo, ela não sentia que deveria. A jovem princesa começou a ouvir barulhos vindos de cima do castelo, parecia que o castelo estava sendo bombardeado por catapultas incessantemente. O teto começou a ceder até desabar encima de suas cabeças e mesmo assim os sons de grandes pedras acertando as paredes e telhados do castelo não paravam. Nyrel começou a ser coberta pelos escombros que a acertavam de todas as formas, quebrando todo e qualquer osso que ainda estivesse inteiro dentro dela. Ela gritou de desespero e dor, até que se levantou da cama de uma só vez, ela ainda ouvia o som do bombardeio até sua mente se acalmar e identificar que era apenas o som de alguém batendo à porta de seu quarto. A pessoa, quem quer que fosse, estava apressada dado o ritmo das batidas. Ao abrir a porta, Nyrel se deparou com um guarda um tanto nervoso olhando perplexo para ela, aquele guarda não estava esperando ver a princesa com uma camisola quase transparente.
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Saga de Candalus: A Sombra da Luz
FantasyA princesa caçadora dos elfos da luz, com um ano antes de sua coroação, se vê dentro de um esquema sombrio que tem como objetivo destruir o continente que ela vive, e talvez até o mundo. Até onde ela irá para salvar seu reino? Até onde você iria? Ca...