3- A Relíquia

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     Após o encontro com o necromante, eles voltaram para dentro do forte. Nyrel caminhava por aquele recente campo de batalha e observava os orcs caídos, com feridas horríveis em todos os cantos do corpo. Os corpos estavam sendo empilhados à esquerda do pátio interno para serem queimados, enquanto na direita do pátio os corpos dos elfos caídos em batalha eram colocados em fileiras com mantas brancas por cima. Seus companheiros, os sobreviventes daquele combate, se ajoelhavam para fazer uma prece à aqueles que se foram. A quantidade de elfos mortos poderia ter sido facilmente evitada em outra circunstância. Nyrel cerrou os punhos ao ver todos aqueles mortos e observar, em particular, o general do forte se ajoelhando ao lado do corpo de uma elfa e derramar uma lágrima enquanto rezava pela alma daquela guerreira.

     Os dois caçadores entraram no forte ao lado do general e foram para o salão principal. Por dentro não havia tanta pompa quanto um castelo élfico, apenas algumas bandeiras hasteadas com as cores e o símbolo de Shalduril nas paredes e uma mesa de madeira no centro com algumas cadeiras em volta. Todos se sentaram exceto Nyrel.
– Eu agradeço a ajuda de todos vocês, poderia ter sido pior se vocês não estivessem aqui. - falou o general.
- O que você sabe sobre esse orc, general? - perguntou Nyrel enquanto andava em volta da mesa.
- Eu sei que ele é um, se não o maior estrategista do clã dos Saqueadores.
- Sério? Com esse tipo de estratégia, os humanos vão vencer fácil deles. – falou Nyrel com um sorriso no rosto
- De fato – falou o general – sabemos também que ele sempre foi um adepto da magia negra e já atacou várias vezes o nosso forte, mas hoje foi diferente, ele parecia não se importar com os seus soldados, no começo achávamos que iríamos conter o ataque mas ele começou a reviver os mortos. Eu enviei o pedido de socorro sem saber se chegaria de fato algum reforço, as nossas fortalezas mais próximas estão a dias de viagem e... bem os humanos estão preocupados com outras coisas.
- É mas não se preocupe, está tudo bem agora. Tenho quase certeza de que os reforços das Minas de Prata estão trazendo os suprimentos necessários, caso o contrário, eu estou indo agora para Shalduril e me certificarei de que cheguem os recursos que precisam. Ah, e general. Se vocês descobrirem a localização desse necromante, por favor enviem para mim em Shalduril. - Nyrel se aproximou do general que estava cabisbaixo e cansado da peleja, ela segurou sua mão e se ajoelhou.
- Eu prometo, ele não vai sair vivo dessa.
- Você realmente é uma bênção, princesa. - falou o general.

     Após a conversa, Nyrel e Daril saíram do forte e seguiram em direção a seus cavalos. Já estava anoitecendo e eles teriam uma viagem considerável pela frente.
- Você sentiu também? - Perguntou Nyrel a Daril enquanto subia no cavalo.
- Você está falando do necromante? Bom, de fato, ele era de arrepiar, nunca vi um orc daquele jeito - falou Daril - Você sentiu algo a mais?
- Não, é que... eu preciso de um descanso, eu acho.
- Certo então. A propósito, todos aqueles anos entrando de mansinho na Biblioteca Proibida, valeram de algo em? Primeira vez que eu vejo uma flecha silenciadora cortar o efeito de um feitiço em área - falou Daril. A Biblioteca Proibida era um grande salão que fora construído embaixo do castelo de Shalduril, em tempo imemoráveis. Com estantes colossais de livros, muitos deles escritos em uma espécie de élfico muito antigo até para os Elfos da Luz, ela foi considerada por muito tempo como algo perigoso por conter uma quantidade tão grande de conhecimento que nem mesmo os próprios elfos conseguiriam controlar.
     Nyrel soltou um sorriso de canto de rosto e disse - Até hoje, quando tenho a oportunidade eu desço lá. Até livros de necromancia eu já encontrei, por isso eu sei a diferença entre um bruxo e um necromante.
- Ah é, e quais são?
- Bom, o necromante tem mudanças físicas no corpo porque ele precisa dar algo em troca para receber poder, ele fica parecendo mais pálido e cadavérico. Enquanto o bruxo mantém sua forma normal a depender do quão profundo sua conexão é com a magia. Quanto mais forte a conexão, mais insano o bruxo vai ficando. Até onde eu me lembro é isso pois até a fonte mágica deles é a mesma, o que muda é o propósito. Meio chato, eu sei.
- Gosto dos seus momentos de acadêmica chata. - Falou Daril

Saga de Candalus: A Sombra da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora