Naquela manhã, as nuvens não se abriram sobre os grandes arranha-céus no centro de Seul, e Jimin ligeira e melancolicamente recebeu logo tão cedo a sua própria afirmação que, não, o seu dia não seria favorável a si. Algo em suas mais profundas entranhas o alertou que a sua manhã tinha começado com o pé esquerdo.
Sua cabeça latejava como o inferno como se estivesse acordando depois de um “porre” daqueles, e, embora torcesse para que tanta dor se resolvesse com um banho morno e uma cápsula de remédio, nada solucionou tanta inquietação. Além da dor física, existia o esgotamento emocional.
Ainda que, por segundos, tivesse sido firmado em sua mente no dia anterior que deveria ser ele próprio e se aceitar como era, agora trajava seu paletó em frente ao enorme espelho encontrado no centro do seu closet, sem ainda “conhecer” o seu verdadeiro “eu” novamente. Afinal, Jimin ao menos se conhecia, de fato?
O Park não saberia como responder tal questionamento. A única afirmação que tinha era que toda a sua confiança de ontem se esvaiu como água por entre seus dedos, hoje.
Queria chorar como um bebezão. O loiro sempre se comparava a um, porque não era possível, ao seu ver, que um homem no auge dos seu 23 anos sentisse uma necessidade tão imensurável de pôr tanta água para fora. Considerava inútil por ser tão frágil. Toda a afirmação e ladainha de sua mãe, mais uma vez o comprovou que era um “robozinho” controlado, pois no exato segundo listava as tarefas do dia mentalmente, e em nenhum dos tópicos incluía o “ser eu mesmo”.
Grandiosamente patético.
Entretanto, trilhou caminho até a sala de jantar do seu apartamento, e era ali que começaria seu showzinho particular. Sua esposa sentava-se à mesa, de costas para si, então o loiro parou, empunhando a sua maleta cheia de papéis totalmente indispensáveis para o seu trabalho, suspirando fundo logo em seguida.
Contou até dez. Uma ansiedade se estalava na boca do seu estômago por um motivo desconhecido por si, porém resolveu disfarçar tanta inquietação e alojou em seus lábios ressecados um sorriso mínimo e “amarelado”, todavia para si, mesmo falso, seu fingimento era necessário para a sua encenação de felicidade. Seria um bom ator, se não amasse o canto.
Jimin sempre amou cantar por aí, mas, com as indulgências desnecessárias de sua progenitora na sua adolescência, o sonho de mostrar sua arte foi para o buraco quando sonhar ser um “idol” era considerado fantasioso demais por sua mãe. Era incrível, mas ela estragava com tudo aquilo que tornava Park Jimin diferente de qualquer outro. Porque nem todas as pessoas tem os mesmos sonhos, preferências e estilo de vida, porém a Sra.Park fazia questão que o loiro fosse exatamente uma cópia dela.
E, bem, Jimin queria ser perfeito para aqueles que amava e, se a sua mãe acreditava que ser cantor era infundado demais para ele, aquele seu sonho seria guardado no baú dos seus desejos inalcançáveis.
Quando resolveu voltar para realidade, nem tinha se dado conta que já fazia companhia a sua esposa à mesa, e que a morena agora acessava o seu celular com bastante interesse. Olhando o seu relógio de pulso, se deu conta que precisava correr até o seu escritório, ou perderia a reunião com o seu mais novo cliente.
Naquela nebulosa segunda-feira, Jimin estaria voltando ao seu trabalho, com mais uma nota metal: esqueceria Jeon, e continuaria a ser o “filho perfeito” de sua mãe. Assim tudo estaria sob controle se tomasse decisões intituladas como “certas”.
E como o imaginado, o dia se sucedeu tedioso e nublado por nuvens escuras, tudo envolto a um grande mar de tristeza e melancolia totalmente dispensável, entretanto completamente irredutível. Aquela tristeza momentânea tinha se instalado em suas entranhas, e o loiro sabia que sua visita indesejada iria durar por um longo prazo de tempo.
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Cara, eu não posso ser gay •Jikook •
Fanfiction[CONCLUÍDA] Após ser obrigado por seus pais a voltar para o "armário", Park Jimin decide que nunca iria deixar seu lado homossexual aflorar novamente, assim logo arrumando uma namorada e tratando de pedi-la em noivado. Mas, é quando seus amigos reso...