Capítulo 05

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Parker ainda observava a Sophia com atenção, e ela parecia determinada. E estava. Sabia o que queria e como queria, mas lidar com aquele homem era um tanto quanto misterioso. Ela não tinha ideia do que viria ou como ele agiria. Miguel Parker era enigmático demais para qualquer um.

─ Tá, o que você quer? ─ ele perguntou sem muita paciência.

─ Não vai me demitir?

─ Olha, eu tive um dia horrível e não estou afim de brincadeirinhas idiotas, tá legal? Esse joguinho não vai colar agora.

─ Sr. Parker eu não estou brincando. Quero conversar sobre seus filhos. Acho que isso deveria importar e não ser visto como uma brincadeirinha idiota.

─ Ah, Sophia, ah! O que foi?

─ Vai ficar em pé? Meio deselegante...

─ Droga. ─ esbravejou ele enquanto se jogava na poltrona de couro. ─ Ótimo, me fale de uma vez o que está acontecendo com meus filhos.

Miguel tinha o olhar frio, cansado e estressado. Quase assustador, mas Sophia não tinha medo, de forma alguma. Ele era apenas o prepotente que se achava superior até da rainha Elizabeth, e fala sério! Quem Miguel Parker achava que era para ter tanta superioridade? Um superego. Ele era apenas um cara comum.

─ Vou ser breve... ─ avisou Sophia com tranquilidade.

─ É o que eu quero.

─ A lista que o senhor me mandou, aquela com os conteúdos para ensinar ao Noah, não faz sentido!

─ Não faz sentido?

─ Exatamente. Sr. Parker, me desculpe, mas aquilo tudo é tão ridículo! Como posso falar sobre Guerra Fria ou qualquer outro tópico daquele com uma criança mal alfabetizada? E mais, eu não ensino nada daquelas coisas para meus alunos. O que achou? Que Noah entenderia os conceitos de Newton, sem ao menos saber escrever o nome Newton?

─ Bom, nós achamos que Noah tem um QI elevado. Talvez por isso, ensinar o bê-á-bá não seja algo tão produtivo com ele.

─ Ah! E o senhor tirou essa ideia de onde?

─ O que você está insinuando?

─ Não estou insinuando, estou afirmando: o senhor está estragando seu filho!

Parker arqueou as sobrancelhas realmente chocado. Aquela mulher não tinha o menor pudor, e mais, não tinha mesmo medo de ser demitida. Agora estava se envolvendo no que ele queria para as crianças, e aquilo ia além do que uma babá deveria fazer.

─ Não me entenda mal. ─ Sophia continuou. ─ Noah precisa de um cuidado maior. Precisa ser alfabetizado e letrado. As coisas que ele gosta deve ser colocadas em questão e...

─ E?

─ Sr. Parker, não posso fazer isso sem uma grande análise, mas tenho quase certeza de que Noah é disléxico.

─ Ah! Tudo o que me faltava! Você agora vai falar que meu filho é doente!

─ Não seja ridículo, Miguel! ─ Sophia estava tão irritada, que mal notou o nome dele saindo de seus lábios com perfeição, mas Parker não deixou passar, e ouvir aquilo era... diferente. ─ Você deveria saber que existe uma grande diferença entre problema, transtorno e doença. Dislexia é um transtorno de aprendizagem, e Noah apresenta muitos sinais de que possa tê-lo. A caligrafia ruim ao ponto de inverter a letra "e", a troca de letras com o som parecido, como o "p" pelo "b". Ele se enrola para falar algumas coisas e perde a atenção fácil, de uma hora para outra ele pode falar de várias coisas e imaginar um universo dele. Ainda não posso dizer com todas as letras, e posso estar errada, preciso de tempo para diagnosticar. Mas, Noah não é "burro" ou "não sabe de nada" e muito menos tem o QI elevado. Se esse fosse o caso, aprender a escrever não seria uma grande dificuldade!

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