Capítulo 03

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Miguel Parker, com trinta anos, poderia ser considerado um homem bem sucedido. Sócio de uma empresa grande, três filhos e dinheiro aos montes para doar. Ele era visto exatamente como um bom partido pela alta sociedade americana. As mulheres que diriam com todas as letras. Um homem alto, um bom porte físico, olhos azuis sempre escuros, um sorriso (que raramente aparecia) cativante e… Bom, Miguel Parker era o desejo de muitas mulheres, isso era um fato… Um fato que ele não dava a mínima.

Quando se fica viúvo cedo demais com três filhos para criar, algumas coisas simplesmente perdem a graça. E tudo o que o homem fazia era se enfiar nos negócios para fugir da visão de pobre pai solteiro. Era ridículo. E então, a vida era boa para Miguel. No geral. Apenas no geral, pois no fundo, Parker era um homem quebrado.

Mas, naquele momento, ele achou que era um garotinho novamente. Precisou forçar os olhos e a mente ao mesmo tempo. Aquela na sua frente era Sophia Devenport, sua melhor amiga de infância e…

E ela estava linda.

─ O que você? Quando você? Como? ─ ele tentou pronunciar uma frase completa, mas era impossível.

Eram muitas informações de uma única vez. A sala estava cheia de… espumas, assim como os filhos e assim como ela e…

Ela estava repleta de espumas. Sophia não parecia um ser humano daquela forma, era algo surreal, ilusório e quase mágico. Miguel não conseguia parar de olhar. Poderia ser cômico e algumas pessoas poderiam fugir da beleza em determinada situação, mas Sophia… Ah, Sophia estava magnífica com a espuma branca por tudo seu cabelo.

Ele deveria parar de olhar.

─ É a Sophia, papai, a nossa babá ─ Noah chamou a atenção do pai.

E só naquele momento Parker notou que havia algo de diferente em seus filhos. Principalmente em Noah. Eles estavam felizes, e o primogênito sorria enquanto falava, o que deixou o pai cativado e… curioso.

─ Babá… ─ Miguel testou as palavras em seus lábios e olhou ao redor da sala. ─ Sophia. Digo, Srta. Devenport. ─ Encarou a mulher que ainda parecia em choque. Miguel quase sorriu ao pronunciar o sobrenome. ─ Onde está a Portia? Como ela permitiu essa bagunça?

─ Ah, ela… Hã ─ coçou a garganta antes de prosseguir: ─ A Sra. Portia está de folga. É sexta de noite… ela tem folga.

─ Eu sei, mas ainda não te contratei. Você não deveria estar sozinha com meus filhos e… olhe só para o meu sofá! ─ Apontou para o móvel com algumas espumas e manchas molhadas. ─ Olhe para os meus filhos!

As crianças estavam no mesmo estado do sofá. Sophia engoliu em seco e estufou o peito. Não iria se deixar abalar pelo Sr. Prepotente.

─ Estávamos nos divertindo. Não poderíamos imaginar que o senhor chegaria cedo.

─ É claro que não. Eu não te pago para se divertir. E encher as crianças e a minha sala de espuma é, ao menos, um tipo de diversão bem estranha. Não acha?

─ Não acho. E o senhor ainda não está me pagando, então…

Abusada. Sophia Devenport era abusada. E isso deixou Miguel intrigado. Ela não parecia ter medo de perder o emprego afrontando o chefe. Contrariando-o. Ela era uma espécie rara de todas as babás, ou qualquer outro funcionário, que já trabalhou com ele.

─ Dê banho nas crianças e… Limpe toda essa bagunça.

─ Mas, Miguel, digo, Sr. Parker, eu também tenho folga nas sextas. Preciso ir para casa e…

─ Você teria de limpar a sala de qualquer modo, não acha? Mesmo se eu não tivesse chego.

Ele tinha razão. Sophia já estava se preparando para a limpeza antes de ele chegar. E ela ficaria com as crianças até que ele chegasse, jamais deixaria elas sozinhas. Então, Sophia não tinha pressa para ir embora. Não até ver quem era o Sr. Prepotente Parker. E em nenhuma hipótese Miguel passou por sua cabeça. Mesmo repetindo o sobrenome Parker diversas vezes em uma semana, ela nunca associou com o pequeno Miguel que conheceu aos três anos de idade.

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