ℙ𝕒𝕣𝕥𝕖 𝕀𝕍

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𝙃𝙚𝙡𝙚𝙣𝙖 𝙎𝙢𝙞𝙩𝙝 𝙋𝙤𝙞𝙣𝙩 𝙊𝙛 𝙑𝙞𝙚𝙬

Era de manhã quando comecei a passar mal, dificuldade para respirar, muito cansaço. Meus pais e eu, tivemos que ir ao hospital, era perceptível a aflição de ambos e era nesse momento que eu me sentia triste, não gosto de ver eles dessa maneira.

— Não desanimem, nós não perdemos - eles tentavam passar confiança pra mim, mas na verdade eu é quem passava confiança pra eles. — A gente só perde quando deixa de viver, e eu estou viva.

— Você é uma menina forte, Helena, uma das mais fortes que conheço.

— Mamãe pega o celular pra mim, por favor, vou gravar um vídeo para os meus seguidores.

Ela me entregou o celular, eu coloquei na câmera frontal e apertei pra gravar. "Oi meninas e meninos também, eu tô internada de novo, tô me sentindo meio mal, um pouco cansada. Mas eu queria dizer que eu quero muito viver, eu quero muito estar aqui, então se vocês estiverem me assistindo valorizem a vida de vocês, se cuidem muito e vivam com a saúde de vocês, é isso."

Quando percebi meu olhos estavam lacrimejando, e meus pais também estavam emocionados. Eu tenho tanta vontade de viver, poder abraçar meus pais mais vezes, sair com meus amigos mais vezes. É só isso que quero, quero sentir o sabor da vida todos os dias.

Estou aqui deitada na cama do hospital tomando remédio na veia. Minha situação não é boa, mas enquanto houver ar em meus pulmões eu vou lutar. Valentina entrou no quarto usando uma jaqueta preta e uma calça jeans na mesma cor, e meus pais saíram nos deixando a sós.

— Sabia que você viria. - sorri gentilmente pra ela, que claramente está preocupada.

— Sempre vou estar aqui pra você.

Eu sou muito abençoada por ter essa garota na minha vida. Valentina é como uma irmã, nossa cumplicidade é boa demais, eu amo o jeito único dela, ela me faz um bem danado. Ela sentou na poltrona ao lado da cama e segurou minha mão, ela me olhava de um jeito estranho, não era com pena era um olhar de medo.

— Ei, tá tudo bem, logo eu vou para casa.

— Eu só não posso te perder, você é minha irmãzinha. - seus olhos encheram de lágrimas, apertei sua mão levemente.

— Obrigada por estar aqui, obrigada por ficar ao meu lado em todos os momentos, você me dá força, e eu vou voltar pra casa e nós iremos comemorar meu aniversário juntas.

— É você quem me dá forças, Helena, você ilumina minha vida, eu te amo muito.

— Eu te amo, irmã. — sempre que dava dizíamos eu te amo um para a outra, a gente nunca sabe quando vai ser a última vez.

— Seu aniversário é daqui três semanas, e já fiz a playlist, eu e a Lari vamos organizar tudo pra você ficar confortável na festa.

— Vocês são as melhores amigas que alguém poderia ter. — nós sorrimos, e o sorriso dela era tão fofo.

Sorrir alivia a dor da alma, sorrir leva embora as impurezas da vida. Ande com aqueles que façam seu sorriso resplandecer, com quem faz você dar aquela gargalhada gostosa que faz doer a barriga.

Eu só tenho pessoas assim na minha vida, pessoas de coração bom, meus amigos tem uma leveza, e me acalmam sempre. Meus familiares também são cheios de energia, sempre alegram as reuniões em família.

— Você é uma pessoa maravilhosa, nós é que temos muita sorte. — Ela apertou minha mão com força, passando amor e confiança em um simples gesto.

Ela permaneceu comigo até que eu pegasse no sono. Como eu sei disso? Eu senti as mãos dela soltarem as minhas, até ficar completamente inconsciente.


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Era meu segundo dia no hospital, parece que vai ter um evento grande hoje, com uma cantora. Não vou poder sair do quarto, foi recomendação médica já que ainda estou fraca, mas seria tão legal participar desse show.

— Lia, eu não vou poder mesmo assistir? — perguntei pra enfermeira que cuida de mim.

— Desculpe minha linda, mas você ainda não está bem para isso. — apenas assenti e virei para o lado conformada.

O show estava quase começando, dava para ouvir a animação de algumas pessoas. Fechei os olhos e foquei em todos os sons ao meu redor, passos apressados, conversas paralelas. Até que a voz dela preencheu o local, Kell Smith começou a cantar, e o show seguiu até o seu fim.

Ainda de olhos fechados ouvi a porta ser aberta, custei a abrir os olhos, mas quando abri, havia uma mulher de cabelo curto e blusa branca sentada na cama ao lado.

— Foi aqui que pediram um show exclusivo — ela brincou. — Fiquei sabendo que havia uma menina que não podia ir, e eu não podia te deixar de fora.

Eu só conseguia olhar para ela, e admirar a sua gentileza, sentia vontade de chorar com tamanha emoção. Ela veio até mim, segurou minhas mãos e olhou em meus olhos.

— Sua jornada é inspiradora, Helena, sei que alguns momentos são mais difíceis que os outros, mas você é uma guerreira e tenho fé que você vai ser curada. — ouvir palavras de motivação vindas dela era reconfortante.

— Obrigada — falei com a voz embargada. — Ouvir isso de você é muito importante pra mim. 

— Maestro, pode tocar. — havia um homem com ela, ela segurava um celular e uma melodia começou a sair dali.

— "Era uma vez,
O dia em que todo dia era bom
Delicioso gosto e o bom gosto
Das nuvens serem feitas de algodão
Dava pra ser herói
No mesmo dia em que escolhia ser vilão
E acabava tudo em lanche, um banho quente
E talvez um arranhão."  — ela cantava com a alma, eu podia sentir ao ouvir o som da sua voz.

Ela continuou cantando, e meus olhos encheram d'água. Eu sou uma fã, e ter ela tão perto, cantando pra mim uma música tão linda, faz com que eu perceba o quão incrível é poder viver esse momento.

Havia sentimentos embaralhados dentro de mim, mas a única coisa que sempre esteve comigo e que não me permito perder, é a esperança.

— Como uma artista pode ser assim com uma fã? — perguntei ainda sentindo a emoção da música.

— Eu é quem sou sua fã, Helena.


⊹⊱•••《 Eu lembrarei de você 》•••⊰⊹

𝑸𝒖𝒂𝒏𝒅𝒐 𝑨 𝑼𝒍𝒕𝒊𝒎𝒂 𝑷𝒆𝒕𝒂𝒍𝒂 𝑪𝒂𝒊𝒓Onde histórias criam vida. Descubra agora