Capítulo 1

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Ravena Villin

Prisão Oculta

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Sinto minha cabeça entrar em contato com a água congelante e me debato sentindo todo meu corpo estremecer, o guarda puxa meu cabelo com força tirando minha cabeça da água e o que estava em frente ao barril sorri satisfeito.

— Está com frio minha querida? -fala sorrindo e cuspo em seu rosto com raiva.

— Vá pro inferno! - me debato contra o guarda que me segurava e o vejo fechar os olhos limpando o rosto.

— Parece que você ainda não entendeu como funciona.

Sinto minha cabeça sendo afundada novamente e o que durou por menos de duas horas, para mim, parecia uma eternidade.

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Abro meus olhos sentindo meu corpo repousado no chão áspero da cela, suspiro com uma forte dor em meu pescoço e me levanto devagar percebendo que já havia passado da hora da refeição da manhã por ter a bandeja com um pão velho e uma água que tinha um gosto de ferro, ignoro a bandeja e vou até à janela da cela. A paisagem da prisão oculta era algo incompreendido, apesar das árvores secas e do asfalto lamacento que abria caminho para a floresta do perdão, eu conseguia distinguir uma pequena parte de beleza naquela sublime paisagem, talvez fosse apenas meu desejo de liberdade, que a cada dia parecia mais distante. Olho para o lado da janela vendo que faltavam exatos quinze dias para fazer dois anos desde a minha sentença, fecho meus olhos desejando que os próximos 1.475 passem mais rápido que o normal.

— Ei garota selvagem, tem um homem que exige falar com você.

Escuto um dos guardas batendo na grade da minha cela, a abre vindo até mim, colocando uma venda em meus olhos, para que durante o caminho eu não encontre nenhuma maneira de fugir, sinto ele amarrar meus pulsos com força e me puxar para fora dali.
Selvagem. É impressionante como os apelidos funcionam, muitas vezes não entendia o motivo deles começarem, mas cada dia que passava eu compreendia o motivo. Era isso que eu era para o reino. Uma selvagem. Uma criminosa que os guardas capturaram uma vez, e que não pretendiam voltar a me perder de vista. Eles costumavam ter uma obsessão de me capturar e faziam de tudo para me ter acorrentada, talvez eles apenas sentiam a masculinidade deles ameaçada sabendo que demoraram muito tempo para capturar aquela que julgavam ser uma garota tola. Acabaram mudando de ideia quando eu enfiei uma adaga na perna de um deles. Assim surgiu o apelido que ficou gravado na cabeça de todos. A Garota Selvagem. Uma que não se importava em ser chamada selvagem, mas que poderia enfiar uma faca na perna deles sem pensar duas vezes novamente.

   Sinto o guarda me soltar por uma fração de segundos, escuto o barulho de uma porta sendo aberta, ele segura o meu braço me arrastando e me faz sentar em uma cadeira e tira minha venda fazendo eu olhar em volta. As paredes de pedra, diferente das paredes das celas, eram limpas e o chão parecia ser mais macio, fazendo que por um momento eu desejasse me deitar sobre ele para descansar sabendo que não acordaria com o rosto arranhado na manhã seguinte.

— Então você é a criminosa que todos falam.

Interrompo meus pensamentos desviando meu olhar para o homem sentado ao outro lado da mesa que até então eu não fazia questão de prestar a atenção. Quando olho para ele minha única certeza que ele é um nobre, não sei disso olhando para seus olhos escuros ou para seus cabelos, mas sabia olhando para suas mãos, durante ao longo dos meus vinte e um anos havia aprendido algo muito valioso, se desejo reconhecer se a pessoa é um nobre ou não só preciso olhar para suas mãos, pois as mãos de um plebeu costumam ser ásperas e conter alguns machucados por longas horas de trabalho, mas as mãos dos nobres por outro lado parecia algodões de tão macias, aposto que os nobres não sabiam nem o que significava a palavra trabalho.

— Se veio tentar me adotar, sinto em lhe dizer mas aqui não é um orfanato e eu já passei da idade adequada para a adoção. - Falo sarcasticamente parando de focar meu olhar em suas mãos e foco meu olhar nele.

— Tenho uma proposta para você garota selvagem - diferente dos guardas ele não parecia se importar com o meu sarcasmo e suspiro cruzando meus braços me relaxando na cadeira.

— Se a proposta for para melhorar a comida desse lugar sou toda a ouvidos - cruzo meus pés sobre a mesa vendo minha bosta desgastada e percebo o homem afastar um pouco a cadeira se levantando, consigo reparar melhor nele quando levanta, ele era bem alto e forte além de não aparentar ser muito mais velho que eu.

— Se aceitar minha proposta tenho certeza que não irá mais precisar se preocupar com a comida dessa prisão - ele se aproxima novamente da mesa apoiando as mãos sobre ela enquanto carrega um olhar intimidador - Sei que é uma criminosa muito habilidosa e que já matou muitas pessoas, por isso quero que mate uma pessoa para mim.

— E o que eu ganharia com isso ? - Tiro meus pés da mesa ficando de pé com as mãos também apoiadas a mesa sem me intimidar.

— Sua doce liberdade. - Diz prontamente.

— E por qual motivo eu acreditaria em você ? Os guardas não me deixariam sair daqui.

— Eles não terão escolha, sou um homem muito conhecido no reino e tenho muita influência na corte. Se fizer o que eu mandar poderá ser livre e todos os seus crimes serão esquecidos - tira suas mãos da mesa sorrindo enquanto me olha - Está é minha proposta minha cara, quando a pessoa estiver morta você estará livre para sempre, se ainda quiser posso colocar o acordo em um papel e deixar assinado para não restar dúvidas.

   Fico quieta relaxando meus braços deixando de me apoiar e tento encontrar algum vestígio de mentira em seu olhar, então percebo que não tinha nada a perder.

— Aceito seu acordo - Falo firmemente e o vejo deixar seu sorriso mais aparente enquanto me observa.

— Ótima escolha minha cara, faça sua parte que tem a minha palavra que eu farei a minha, pode me chamar de Ethan assim não teremos tanta formalidade.

   Vejo ele virar de costas para mim e caminhar até a porta da sala, a abrindo.

— Espera, ainda não me disse quem eu terei que matar.

O vejo dar uma meia virada dando um sorriso divertido e segura a maçaneta da porta.

— Quero que mate o meu irmão.

— Quem é o seu irmão ? - Me levanto.

— Alexander. O rei de Morgan. - Fala sorrindo e saindo da sala me deixando nela com o meu coração dando batidas mais fortes. No fundo, eu sabia que isso seria muito mais que apenas um acordo. Seria uma nova chance para mim, não apenas para encontrar a liberdade. Significava muito mais que isso.

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A Assassina do Rei Onde histórias criam vida. Descubra agora